Mancha Vinho do Porto

A Mancha Vinho do Porto é uma anomalia vascular, mais especificamente, uma malformação capilar. A principal característica dela é uma mancha de cor entre vermelho e roxo na superfície da pele. 
Ela é fruto de uma mutação congênita, no gene GNAQ. Não é hereditária e tem incidência igual em ambos os sexos.

No Brasil, devido a uma classificação antiga, já em desuso, a Mancha Vinho do Porto é conhecida como Hemangioma Plano. Essa classificação gera muitos diagnósticos equivocados, principalmente em recém-nascidos. Muitos médicos, e demais profissionais da saúde, associam com Hemangioma Infantil e indicam tratamentos que não apresentam resultados, como o uso de propranolol e timolol. 

Alguns dados sobre essa anomalia vascular não foram revisados ou inexistem. Fontes antigas indicam que a incidência é de 4 a cada 1000 nascimentos, e que há 40% de chance da região afetada ser a da cabeça. 
Porém, esses dados se concentram em países de população caucasiana, como EUA e países Europeus. Não existem dados que indiquem a incidência em populações de outros grupos étnicos. 

Existem muitas fábulas e superstições associadas com a gestação, com a religião e com marcas corporais. Algumas dizem que se a gestante tiver contato com cores muito vermelhas ou se tiver algum desejo não realizado, que envolva alimentos vermelhos, essa cor marca o bebê. Alguns pensamentos religiosos associam as marcas de nascença com alguma marca divina, indicando um bom ou um mau pressagio.  Cada local do mundo tem as suas próprias crenças. 

A Mancha Vinho do Porto não se resume apenas a uma marca de nascença. É uma região com vascularização intensa. É justamente a circulação sanguínea que dá o tom da pele. 
Com o tempo, principalmente a partir da segunda década de vida, a partir da puberdade, pode ser observado o aumento de volume da região(hipertrofia), principalmente quando ela está presente na região das mucosas(como lábio, nariz e pálpebras). Além da hipertrofia, o processo de angiogêneses(criação de novos vasos sanguíneos) altera a cor da região, escurecendo para o um vermelho mais intenso ou para um roxo. E há também o surgimento de nódulos, uma espécie de bolha de sangue, que sangra com facilidade e pode ser de difícil controle. 

Dependendo da região afetada, algumas síndromes podem estar associadas, as mais comuns são de Sturge-Weber e a de Klippel-Trenaunay. Ambas podem apresentar complicações sérias e necessitam de equipes multidisciplinares para atender as necessidades dos portadores dessas condições. 
Também é muito comum a presença de Glaucoma, em pacientes que apresentam a Mancha Vinho do Porto na região do nervo ótico. 

Em muitos casos, o traçado da Mancha Vinho do Porto no rosto coincide com o traçado do nervo trigêmeo. 

Atualmente, o melhor tratamento existente para a Mancha Vinho do Porto é o tratamento laser. 
Existem alguns tipos de lasers mais utilizados e que apresentam um melhor resultado, entre eles, os destaques são dye-laser, Alexandrite e Nd:YAG.
Os três podem ser utilizados em conjunto, cada um com a sua característica. 
Tanto no Brasil quanto nos demais países, os tratamentos lasers são caros e demorados. Porém, evitam muitas complicações de saúde e ajudam muito no bem estar emocional dos pacientes. 

O principal livro sobre o tema é o “Vascular Anomalies”, dos autores Mulliken e Young’s, que compila anos de estudos. Não existe um livro base em português. Porém, muitas informações podem ser obtidas nos trabalhos acadêmicos de alguns médicos pesquisadores. A Dra Heloisa Galvão do Amaral Campos destaca-se entre eles.