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As cidades inteligentes e a saúde mental dos cidadãos
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em 10 de Maio de 2023
A filosofia estóica é considerada uma das principais correntes filosóficas do período helenístico, que se desenvolveu a partir da morte de Alexandre, o Grande, em 323 a.C. Esse período foi marcado por transformações significativas nas estruturas políticas e sociais, o que influenciou o desenvolvimento da filosofia, que passou a ser voltada para questões éticas e morais.
Dentre os principais conceitos desenvolvidos pelos estóicos, destaca-se o cosmopolitismo, que pode ser definido como um ideal ético-universalista. Para os estóicos, o exercício da virtude não estava vinculado a uma polis, mas sim à razão, que deveria orientar a busca por uma vida em conformidade com o ordenamento do logos cósmico que permeia e articula todas as partes que compõem a natureza. Essa vida em harmonia com a natureza implica em uma vida harmoniosa com os outros e com a comunidade.
Essa concepção de vida em harmonia com a natureza faz com que, na ordem social, o homem deixe de ser um cidadão da polis, passando a ser um cidadão da cosmópolis. O ideal estóico de cosmopolitismo implica em uma vida que transcende as fronteiras políticas e nacionais, em que todos os seres humanos são vistos como parte de um mesmo ordenamento cósmico, regido por uma lei natural única que governa a humanidade.
Nesse contexto, os estóicos propugnavam por um sistema jurídico de âmbito mundial, em que todos os indivíduos são iguais diante dos deveres e direitos, sem distinção de condição social ou política. Essa concepção de cidadania global, baseada na igualdade de todos os seres humanos, é uma das principais contribuições dos estóicos para o desenvolvimento da filosofia política e ética.
No período helenístico, essa concepção de cosmopolitismo estóico influenciou não apenas a filosofia, mas também a política e a cultura da época. As conquistas de Alexandre, o Grande, levaram à criação de um império vasto e diversificado, o que tornou o ideal estóico de cosmopolitismo ainda mais relevante. A disseminação desse ideal entre as elites intelectuais e políticas da época contribuiu para a construção de uma consciência global, que transcendia as fronteiras políticas e nacionais.
No entanto, é importante ressaltar que o ideal estóico de cosmopolitismo não foi universalmente aceito. Alguns pensadores da época, como os cínicos e os epicuristas, criticavam a concepção estóica de virtude e cosmopolitismo, argumentando que esses ideais eram impraticáveis e não levavam em conta as particularidades das comunidades e culturas locais.
Apesar das críticas, a filosofia estóica e o conceito de cosmopolitismo deixaram um legado duradouro na história da filosofia e da política. O ideal de uma cidadania global, baseada na igualdade e na justiça, continua a ser uma aspiração de muitos pensadores e movimentos sociais em todo o mundo.
A concepção de cidadania global dos estóicos era baseada na ideia de que todos os seres humanos são iguais e fazem parte de um mesmo ordenamento cósmico, de uma mesma razão universal. Essa visão de mundo permitiu que os estóicos desenvolvessem uma ética universalista e um ideal cosmopolita, em que a virtude deixava de estar vinculada a uma polis específica e passava a ser situada na razão, focando-se na busca de uma vida em conformidade com o ordenamento do logos cósmico que perpassa e articula todas as partes que constituem a natureza.
A partir dessa perspectiva, a vida em harmonia com a natureza implica uma vida harmoniosa com os outros e com a comunidade, o que faz com que na ordem social o homem deixe de ser um cidadão da polis e passe a ser um cidadão da cosmópolis. Essa mudança de perspectiva é fundamental para a compreensão da relação entre a filosofia estóica e o conceito de cidadania global durante o período helenístico.
Com a dissolução das formas tradicionais de organização política e social, como a polis grega, os estóicos perceberam que não fazia mais sentido conceder direitos distintos aos indivíduos segundo sua condição social e/ou política. Se todas as pessoas fazem parte de um mesmo ordenamento cósmico, de uma mesma razão universal, todo direito deve ser universalmente válido. Desse modo, o direito passou a emanar da natureza, sendo a expressão de uma lei racional que entra em conformidade com a natureza racional do homem, e não mais das estruturas sociais existentes.
Nesse contexto, o estoicismo procurava diminuir as diferenças existentes entre os indivíduos, colimando a concretização do Estado Universal e um sistema jurídico de âmbito mundial. A existência de uma lei natural única que governe a humanidade é condição indispensável para a construção de um contexto social isonômico, onde todos os indivíduos são paridades diante dos deveres. Desse modo, é possível dar origem a uma unanimidade ética - a comunidade dos homens - cujo sentido de sua determinação se consolida no projeto de vida marcada pela eudemonia, ou seja, a felicidade virtuosa proveniente das ações morais.
Podemos concluir, portanto, que a filosofia estóica exerceu uma forte influência na concepção de cidadania global durante o período helenístico. A visão universalista e cosmopolita dos estóicos permitiu que eles desenvolvessem uma ética baseada na razão, na busca pela harmonia com a natureza e na igualdade entre os seres humanos. Essa ética, por sua vez, foi fundamental para a construção de um contexto social isonômico e para a concretização do Estado Universal, um ideal que ainda hoje é perseguido por muitos que buscam a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.