O que sabia Pedro Álvares Cabral?
Por: Victor T.
23 de Abril de 2015

O que sabia Pedro Álvares Cabral?

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Nos livros de história, a gente sempre lê que Pedro Álvares Cabral partiu de Lisboa em 1500 e, quase todos dizem, por força das correntes, a frota que Cabral comandava se desviou do caminho desejado -- a Índia. Se desviou tanto, mas tanto, que veio parar aqui, em terras tupiniquins, no dia 22 de abril.

 

Mas será que foi assim mesmo que aconteceu?

 

As hipóteses envolvendo o "achamento" do Brasil são muitas, e não dá pra ter certeza do que aconteceu de verdade. No entanto, apesar do que dizem os livros didáticos, é bem possível que as correntes e os ventos não tenham sido os maiores responsáveis por trazer para cá as embarcações portuguesas, e que os lusos tenham feito tudo de caso pensado.

 

O CAPITÃO CABRAL

Pedro Álvares Cabral nasceu em Belmonte, em 1467 ou 68. Era um fidalgo discreto, Cavaleiro da Ordem de Cristo -- a sucursal portuguesa dos Templários -- e quase não tinha experiência em navegação quando D. Manuel, o rei de Portugal, enviou-lhe em 1497 uma carta "querendo fazer-lhe graça e mercê...", nomeando-o capitão-mor.*

 

A grande viagem de Cabral só aconteceria em 1500, ano que os brasileiros não esquecem nunca mais. E é preciso lembrar que nessa época o genovês Cristóvão Colombo -- esse sim, sem perceber -- já havia desembarcado em terras americanas, crente de haver chegado às Índias (no plural), nome pelo qual se chamava a Ásia naqueles tempos.

 

 

Era antigo o desejo português de percorrer e conquistar o que escondia o "Mar Tenebroso" -- como chamavam o Oceano Atlântico. D. Henrique, rei de Portugal na primeira metade do século XV, ganhou, não por acaso, o apelido de "O Conquistador". Nas cartas endereçadas a seus capitães, a ordem é clara: "Avançar, avançar sempre, a proa rumo aos mistérios".

 

DE PORTUGAL A VERA CRUZ

Uma pesquisa na Torre do Tombo, arquivo nacional português desde 1378, mostra que Cabral zarpou do Tejo em 9 de março de 1500, levando atrás de si 13 embarcações e provavelmente conhecendo duas cartas que mostram que nós já estávamos no mapa dos portugueses. Uma delas, escrita pelo próprio Rei e enviada a Duarte Pacheco, determina ao navegador "descobrir ha parte ocidental, passando alem ha grandeza do mar oceano...". Conseguir qualquer pedaço de terra podia ser um bom negócio.

 

Navegar naquela época era mais radical do que praticar qualquer esporte de alto risco hoje. As embarcações eram precárias, as viagens eram sofríveis e não havia computador de bordo, coletes salva-vidas e nem sinalizadores.

 

Saindo de Lisboa, Cabral fez uma parada estratégica em Cabo Verde e reabasteceu a frota. É curioso que tenham feito isso, porque se não fosse essa parada, os tugas jamais atravessariam o Atlântico até aqui -- teriam morrido de sede na metade do caminho. 

 

 

Saindo de Cabo Verde, uma das naus, que levava 150 homens, desapareceu sem deixar vestígios (não falei que era perigoso?), e a partir daí, os portugueses tinham que fazer uma manobra chamada "Volta do Mar", que consistia em se afastar o máximo possível da costa oeste africana, pegar impulso nas correntes e voltar, passando batido pelo Cabo da Boa Esperança e subindo rumo à Índia, assim:

 

 

Aí é que as versões oficiais aparecem, dizendo que uma corrente desviou os portugueses mais do que o esperado, então um dos marujos avistou algas marinhas, farejou que havia terra por perto e que eles haviam chegado.

 

O fato é que os portugas chegaram aqui, e não lá em Calecute. E quando chegaram, não cometeram o erro de Colombo -- observaram os índios durante dez dias, viram que eles não eram circuncidados, viram que não havia aqui as especiarias já conhecidas por eles, e não se enganaram: Souberam que isso aqui não era parte das "Índias" coisa nenhuma. Era terra nova, aquela que Duarte Pacheco jurava de pés juntos que existia além do mar.

 

*MENEZES, Angela Dutra de. O português que nos pariu: uma viagem ao mundo de nossos antepassados. Rio de Janeiro, 2000.

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