Libras
Por: Walneane P.
01 de Agosto de 2020

Libras

Contribuições no processo de ensino-aprendizagem

Pedagogia

LIBRAS: CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA CRIANÇA SURDA

 

 

Walneane de Moraes Pires

 

RESUMO

Ao longo dos tempos a escola perpassou diferentes visões acerca dos alunos com necessidades educacionais especiais, sendo um espaço para debates e reflexões no que se refere às políticas educacionais, metodologias de ensino e condições de acessibilidade para que se tenha realmente um processo inclusivo. Nesse sentido, o presente artigo tem como objetivo mostrar a importância da Língua Brasileira de Sinais para a inclusão das crianças surdas Ensino Regular, sendo esta essencial para o desenvolvimento e aprendizagem desses educandos bem como para o desenvolvimento de competências e habilidades essenciais à vida em sociedade. Para tanto, caracteriza-se o estudo como pesquisa qualitativa de cunho bibliográfico e um estudo em campo visando analisar as possibilidades de inclusão para as crianças surdas tendo por base as metodologias utilizadas em sala de aula. Ainda se sugere algumas atividades que poderão enriquecer o trabalho pedagógico com criança surda com o fito de proporcionar uma equidade no processo de ensino-aprendizagem. Os resultados do estudo mostram o quanto é importante o uso da Libras desde às primeiras séries iniciais bem como que se faça presente na formação inicial docente para que o professor conheça a Libras e se capacite de modo a se comunicar e interagir melhor com alunos surdos, além de práticas pedagógicas adequadas e significativas para que se possa ter, de fato, um ensino inclusivo.

 

Palavras-chave: Inclusão escolar. Surdos. Escola. Professor.

 

1 INTRODUÇÃO

A educação inclusiva vem se tornando uma realidade cada dia mais desafiadora para as escolas, uma vez que o direito à educação não se restringe apenas ao acesso, garantido na matrícula do aluno junto à instituição escolar, mas também pela sua participação do educando na rotina escolar como um todo e na sua inserção como sujeito na sociedade.

Nesse sentido, o artigo que ora se apresenta procura trazer em seu desenvolvimento a abordagem de questões consideradas relevantes para desenvolver práticas inclusivas na educação de alunos surdos em uma escola pública da cidade de Parauapebas-PA através da delimitação do tema “Libras: contribuições no processo de ensino-aprendizagem da criança surda, pois na realidade de muitas escolas percebe-se que a tentativa de efetivação da educação inclusiva de alunos surdos esbarra muitas vezes na falta de comunicação entre o aprendiz e o professor. Para tanto, buscou-se responder ao seguinte problema de pesquisa: Como o professor regente da turma de 5 anos da Educação Infantil da Escola Cora Coralina pode prover a inclusão de alunos surdos através do ensino da Libras em sala de aula?

O objetivo geral do estudo é analisar a importância da Libras para o processo de inclusão educacional da criança surda. De modo específico buscou-se discutir as metodologias utilizadas pela professora de uma turma de Educação Infantil da Escola Coralina no trabalho com crianças surdas; identificar as abordagens inclusivas utilizadas na educação de alunos surdos de uma turma de Educação Infantil da Escola Cora Coralina; analisar as condições de aprendizagem e desenvolvimento de crianças surdas da turma de 5 anos da Escola Cora Coralina; identificar as dificuldades escolares apresentadas pelas crianças da turma de 5 anos da Escola Cora Coralina e apontar possíveis ações para a maior e melhor inserção da Libras na Educação Infantil.

A metodologia adotada consistiu em estudo de caso, de caráter descritivo, no qual se buscou investigar o processo de ensino-aprendizagem de uma criança surda utilizando a Libras como meio de comunicação. Os dados foram coletados através de observações, questionário e entrevista no espaço escolar, com a professora de educação infantil da sala selecionada para a pesquisa e a coordenadora da escola-campo, além da análise documental.

Corroborando com esses aspectos é válido destacar que muitos há ainda muitos entraves para que o processo inclusivo ocorra de fato. Dessa forma, a hipótese básica que norteia este estudo é a de que uma das barreiras para a inclusão escolar do aluno surdo está na falta de formação continuada por parte dos professores para que possam atender de modo eficaz a esse alunado, garantindo-lhes uma educação de qualidade.

Esta pesquisa apresenta grande relevância para a área educacional, pois abordará um tema que está cada vez mais comum nas escolas: a inclusão de alunos com deficiência no ensino regular. Especificamente na pesquisa em foco trata-se dos alunos surdos, sendo possível encontrá-los inseridos na educação infantil, em que professores sem capacitação encontram dificuldade para trabalhar adequadamente com o referido público, seja por falta de formação específica, ausência de recursos adaptados ou orientação correta.

Nesse contexto, a pertinência dessa pesquisa consiste em sensibilizar as escolas que atendem alunos com necessidades educacionais especiais, sobretudo os professores que trabalham com alunos surdos em sala de aula regular, a promover acessibilidade de comunicação, metodologias de ensino adequadas para sua formação e seja de fato alcançada a inclusão almejada pelas políticas públicas de educação.

Portanto, para que o aluno surdo construa o seu conhecimento em uma sala de aula inclusiva, deve ser estimulado a pensar e raciocinar. Portanto, o professor deve desenvolver estratégias pedagógicas que despertem o interesse desse educando. Todavia, em muitas escolas, o ensino é transmitido pelos professores numa perspectiva tradicional, sem levar em consideração as necessidades especiais do aluno surdo. Com isso, faz-se mais do que necessário a igualdade de ensino-aprendizagem a todos.

 

2 A LIBRAS NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Atualmente, percebe-se a crescente inserção de alunos surdos nos espaços escolares, visto ser esta uma realidade das políticas educacionais de inclusão o que requer que a escola conceba esses educandos não como meros indivíduos presentes no meio educacional, mas, como sujeitos constituídos de direitos, que possuem especificidades na maneira de conceber o mundo, de se comunicarem e, principalmente, nas formas de serem ensinados e de adquirirem o conhecimento e nesse contexto faz-se importante a mediação do professor.

Tendo como um de seus princípios para o ensino, “a igualdade de condições de acesso e permanência na escola” (Art. 206, inciso I), a Constituição Federal (1988) acrescenta que “o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um” (art. 208, inciso V).

No que se refere ao aluno com surdez nota-se pelas vivências em sala de aula que a maioria das metodologias de ensino voltadas aos alunos surdos são centradas na linguagem sonora, o que por sua vez, dificulta para que a inclusão destes aconteça de maneira satisfatória e por isso é fundamental o uso da Libras em sala de aula, pois esta é a primeira língua da comunidade surda.

A Lei nº 10.436 de 24 de Abril de 2002 reconhece a Libras como a primeira língua dos surdos no Brasil, portanto o direito a ter sua língua reconhecida e aceita como meio de comunicação interação com o mundo está legalmente garantido.Apesar disso, muitas vezes o surdo chega à escola sem ter acesso aos seus direitos. Por esses aspectos, o aluno surdo precisa da base no ensino da Libras já nos primeiros anos da vida escolar, como bem destaca o estudioso Quadros (2006), o qual defende que o ensino da Língua Portuguesa é uma tarefa possível no processo de alfabetização como uma segunda língua a esse educando, sendo a língua de sinais reconhecida e efetivamente a primeira. Nessa conjuntura aborda-se o papel do professor do ensino regular diante do desafio de estabelecer uma comunicação de qualidade com o aluno surdo.

Nas Diretrizes da Educação Inclusiva a escola deve adaptar-se em todos os âmbitos para que possa receber e acolher os alunos com necessidades especiais, no caso específico do aluno com surdez, a Libras é esse recurso que auxilia e proporciona a equidade à comunidade surda no contexto escolar.  Ampliando essa ideia recorresse-se a Damásio (2005, p. 61) o qual enfatiza que “a Língua Brasileira de Sinais possibilita ao indivíduo surdo, um melhor desenvolvimento linguístico, social e intelectual proporcionando também a interação da pessoa surda ao convívio social. A partir disso, pode-se perceber que a aquisição da língua de sinais é imprescindível, não somente aos surdos, mas também aos ouvintes, sendo o direito à comunicação um preceito fundamental nas relações no âmbito escolar bem como fora deste.

A Escola Cora Coralina que é foco da pesquisa entende que são necessárias algumas qualificações a serem desenvolvidas em cada aluno. Tem, portanto, uma visão de homem que seja capaz de construir a sua personalidade e de contribuir para a efetivação da cidadania plena, necessária para a felicidade coletiva, sendo o PPP da escola baseado nos seguintes pilares: criatividade, ética, relacionamento humano, respeito, cidadania e conhecimento.

A participação de todos, alunos, pais ou responsáveis, professores, coordenadores e diretores nessa construção é a forma que o Colégio Geração exercita, na prática, os aspectos de formação que fundamentam seu Projeto Político Pedagógico. Vale enfatizar que todas as escolas deveriam levar em consideração o novo modelo de educação, onde a escola é quem deve proporcionar os subsídios necessários para o pleno desenvolvimento do aluno, e não o aluno ter que se adaptar a escola.

 

3 O PAPEL DO PROFESSOR NO TRABALHO COM A LIBRAS

Todo processo de ensino-aprendizagem requer um planejamento e na educação infantil tal ação deve voltada sempre para a criança, visando alcançar objetivos que vá de encontro com as necessidades educacionais desta. Levando-se em conta que há em muitas escolas ainda prevalece o ensino tradicional, as ações de segregação com os alunos que possuem  necessidades especiais tornam-se mais comum, sendo então fundamental a  ação mediadora do professor para que se crie em sala de um ambiente de respeito à diferença e de construção de bons valores.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB, nº 9394/1996) estabelece que os sistemas de ensino devam assegurar, principalmente, professores especializados ou devidamente capacitados, que possam atuar com o educando que possui necessidades especiais. Sendo assim, o aluno surdo tem o direito de ser matriculado e permanecer em uma sala de aula da rede regular. Porém, na prática é um processo que demanda tempo, visto que os professores do sistema regular de ensino em sua grande maioria ainda não estão preparados para atender aos educandos com necessidades especiais, o que acaba tornando esse processo, muitas vezes apenas um paliativo.

Contudo, a maioria das crianças surdas chegam à escola sem nenhum conhecimento em língua de sinais e seus familiares também desconhecem tal língua, isso dificulta a aprendizagem desse aluno. Com os professores da rede regular de ensino, a maioria não possui formação específica na área da surdez e não conhecem a língua própria dos surdos– a Língua de Sinais– o que inviabiliza o processo de comunicação e interação entre professor e aluno ou entre os alunos surdos e ouvintes, o que é reforçado por Santos (2015) ao afirmar que no âmbito escolar, quando se trata de situações que dependem do uso de Libras, muitos docentes não possuem capacitação alguma ou adequada para atender os alunos surdos o que contribui ainda mais para que estes se sintam estigmatizados.

Desse modo, as instituições devem garantir o acesso e buscar possibilidades de permanência desses alunos no âmbito educacional, utilizando as duas línguas, Libras e Português na comunicação, auxiliando o desenvolvimento social dos alunos, professores capacitados para trabalhar com esse alunado além dos recursos necessários para o ensino-aprendizagem dos mesmos.

No que se refere ao aluno surdo o conhecimento, por parte do professor da Língua Brasileira de Sinais auxilia no processo de inclusão desse aluno, o que é conformado por Fernandes (2011) o qual enfatiza que é indispensável o acesso à Língua de Sinais o mais cedo possível, pois a dificuldade do surdo em desenvolver uma linguagem oral nos primeiros anos de vida, interfere em seu desenvolvimento mental, emocional, bem como em sua integração social. Contudo, quando esse processo é feito ainda na Educação Infantil, por exemplo, a criança surda tem melhores chances de torna-se bilingue e de conviver socialmente sem tantos estereotípicos.

Nesse sentido, frequentemente nos ambientes regulares de ensino onde há alunos surdos, conforme descreve Silva (2015), os professores não são capacitados para o ensino em Libras ou não recebem treinamentos para tal. A realidade é que os alunos surdos acabam se frustrando por não compreenderem o que é repassado, visto que foge ao universo desses educandos no que refere à equidade de acesso a condições igualitárias de aprendizagem

Diante desta situação pode-se destacar que o professor ainda não está totalmente preparado para enfrentar a diversidade do alunado que chega diariamente em sala de aula. Para tanto, é necessário que o educador tenha respaldo e qualificação adequada para que possa desempenhar o seu papel nesta nova realidade e assim colaborar de maneira eficaz para o ensino e aprendizagem do aluno surdo, desenvolvendo uma metodologia diferenciada, respeitando as competências individuais de cada um na promoção da educação inclusiva.

Por isso, a relevância do ensino de Libras na formação inicial docente, para que o professor conheça a Libras e se capacite para se comunicar e interagir com alunos surdos, pelo menos que reconheça a língua de sinais como primeira língua destes alunos e que eles aprendem a língua portuguesa como segunda língua.

 

4 METODOLOGIAS UTILIZADAS NA PESQUISA

Essa é uma pesquisa do tipo estudo de caso, com revisão da bibliografia e com enfoque qualitativo. De acordo com Yin (2001), o estudo de caso se constitui numa análise em profundidade de um contexto particular, visando melhor interpretá-lo e compreendê-lo dentro de um recorte espaço-temporal, no caso específico do estudo em questão, a realidade espacial será uma instituição de Educação infantil.

No que se refere à abordagem qualitativa para Minayo (2001) é a pesquisa que trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, imbricadas em múltiplas das relações de processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos a dados numéricos.

Como técnica de coleta de dados serão utilizados a observação, o questionário e a entrevista para se possa ter uma visão mais ampla e fidedigna da realidade in loco. Conforme Vianna (2003), a observação como método de coleta de dados, sobretudo na escola, poderá ser feita pelo próprio professor ou mesmo por um observador de fora. O grau de influência do observador tem que ser levado em consideração, pois sua presença pode modificar o contexto ou mesmo a situação a ser observada. Dessa forma, a referida técnica auxilia o pesquisador na identificação e a obtenção de provas perante os sujeitos da pesquisa, além de possibilitar o contato mais direto com a realidade estudada.

De acordo com Gil (2010, p. 115), pode-se verificar que o questionário “constitui um meio rápido e barato na obtenção de informações de pesquisas, além de não exigir treinamento de pessoal e de possibilitar o anonimato na obtenção de informações”. Com isso, este instrumento consiste numa via prática de acesso a coleta de dados por meio de opiniões emitidas por um determinado grupo de pessoas.

No que se refere à definição de entrevista para Marconi; Lakatos (2010), tal técnica se refere ao ato de duas pessoas colocarem-se defronte objetivando a extração de informações acerca de um tema que uma delas poderá oferecer e que é de interesse da outra, e tal ação ocorre por intermédio de uma conversação.

O método a ser utilizado será o dialético. Neste tipo de método, para conhecer determinado fenômeno ou objeto, o pesquisador precisa estudá-lo em todos os seus aspectos, suas relações e conexões, sem tratar o conhecimento como algo rígido, já que tudo no mundo está sempre em constante mudança. Ainda segundo Gil (2008, p. 14), “a dialética fornece as bases para uma interpretação dinâmica e totalizante da realidade, uma vez que estabelece que os fatos sociais não podem ser entendidos quando considerados isoladamente, sem relação com fatores políticos, econômicos, culturais”. Por esses aspectos, percebe-se que tal método é empregado em pesquisa qualitativa ao analisar que os fatos não podem ser considerados fora de um contexto social, visto que muitos problemas de pesquisa dão margem a variadas interpretações, a novas contradições; aspectos que perpassam o viés da análise quantitativa.

 

5 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

A pesquisa foi realizada em uma instituição de Educação Infantil (Escola Cora Coralina) na cidade de Parauapebas e oferece ensino do maternal ao 2º período no turno matutino e vespertino, com o total de 189 alunos. O espaço e próprio, sendo o horário de funcionamento de 7:30 às 11:30. A turma escolhida foi a turma de 5 anos.

A sala de aula é ampla, é decorada, ventilada, clara, com janelas largas, possui o alfabeto de E.V.A na parede; contém quadro numérico, calendário, formas geométricas no isopor, mapa do Brasil, semáforo feito no papel 40, chamadinha, cantinho do brincar, cantinho da leitura, todos organizados na parede da sala de aula; a caixa de brinquedos fica no cantinho da sala e só é usada com a permissão da professora.

As observações para a pesquisa de campo ocorreram no mês de março com o propósito de detectar as metodologias empregadas pela professora no trabalho com o aluno surdo, visto que na turma em questão só havia 1 aluno com essa necessidade especial. Ademais buscou-se também analisar como esse educando estava inserido em todo o contexto das atividades propostas em sala de aula.

A turma pesquisada conta com 22 alunos sendo 1 apenas surda. Para auxiliar o trabalho com esses alunos há o professor titular, a diretora, a coordenadora, bem como uma auxiliar que faz parte do Atendimento Educacional Especializado (AEE). Como instrumento de coleta de dados ultimou-se a observação, a aplicação do questionário e a entrevista, ambos para o professor titular e para o professor do AEE. A entrevista foi empregada como uma conversa informal para que se pudesse ter o conhecimento inicial da realidade do problema investigado tanto pela visão do professor titular como pelo profissional de AEE.

A gestora da instituição da qual foi feita a pesquisa, afirmou não ser sinalizadora da Libras, pois ainda não teve oportunidade de participar de capacitação. A mesma afirmou que se comunica com a aluna surda, através do intermédio dos colegas de sala. Ressaltou que os demais funcionários da escola mantêm comunicação com a aluna por meio de gestos, alguns por meio da Libras e ainda há aqueles que por meio de colegas que realizam o papel de intérprete.

Quando indagada se o Projeto Político da escola foi elaborado de forma que atenda às necessidades educativas especiais dos alunos surdos, a gestora respondeu que sim, pois são desenvolvidos e contam no PPP (Projeto Político Pedagógico) vários princípios para a inclusão dos alunos surdos.

As atividades foram realizadas coletivamente e individualmente no caderno do aluno, como: copiar e pintar as vogais, figuras geométricas, preencher os espaços pontilhados, trabalhos que estimulam a coordenação motora; recortar papéis, confeccionar e montar quebra cabeça, colagens e pinturas. Elaborou-se o cantinho da leitura, a hora de assistir filmes infantis, brincadeiras de roda com músicas recreativa e brincadeiras com balões.

Algumas crianças durante as atividades didáticas possuem mais dificuldades que outros e receberam o auxílio direto da professora. Todos gostam de ser elogiados quando cumprem as tarefas, e ao fazerem de modo gratificante. as atividades propostas condizentes ao nível de aprendizagem da turma para evitar cansaço e não ocasionar o desinteresse nesse processo.

No Decreto Federal Nº 5.626, fica evidente que as instituições de ensino devem oferecer atendimento especializado aos alunos surdos com o professor de Libras ou instrutor de Libras, tradutor e intérprete de Libras – Língua Portuguesa, garante ainda que para haver o Atendimento Educacional Especializado (AEE), as instituições de ensino devem promover cursos de formação de professores, ofertar o ensino de Libras e também da Língua Portuguesa como segunda língua para alunos surdos e professor regente de classe com conhecimento acerca das particularidades linguísticas manifestadas pelos alunos surdos, garantindo o pleno atendimento a esses educandos nas salas de aula e, também, em salas de recursos, em turno contrário ao da escolarização.

A professora pesquisada possui 9 anos de experiência em sala de aula é formada em Pedagogia com pós-graduação em Educação Infantil e para ela foi aplicado um questionário composto por 5 perguntas abertas sendo que a primeira pergunta versou acerca de quais metodologias a professora regente utiliza no trabalho com os alunos surdos. A docente titular disse que tenta adaptar as atividades para o aluno surdo de modo que ele seja inserido na dinâmica da sala de aula, sempre com o apoio da profissional do atendimento educacional especializado. Por mais que as duas profissionais tenham “boa vontade” nesse processo de ensino, o ideal seria que houvesse pelo menos um intérprete em sala de aula para que as atividades e as ações desenvolvidas em sala de aula tivessem um resultado mais eficaz.

Segundo Soares (2005), muitos professores recebem alunos surdos sem ter o domínio da língua de sinais, sem o conhecimento do trabalho com deficientes auditivos, ou seja, sem o preparo suficiente para lidar com essa conjuntura. E o que se ver em muitas escolas são profissionais nem sempre capacitados e atividades paliativas que não atendem de modo significativo, às necessidades dos alunos especiais.

Em seguida questionou-se à professora que tipo de abordagem inclusiva ela faz uso no trabalho com alunos surdos. A educadora respondeu que passou a ler muito acerca da temática inclusão quando soube que teria um educando surdo em sala de aula, visto que não possui especialização específica na área, mas que tenta ao máximo fazer atividades de socialização com todos os alunos, atividades em grupos, rodas de leitura, jogos, visando sempre melhorar o processo de inclusão escolar.

O mais favorável para a criança surda seria um ambiente educacional com língua de sinais, pois conforme Slomski (2010), o perfil de uma escola bilíngue se caracteriza por um corpo docente composto por surdos e ouvintes fluentes em Libras haja vista que é nesta língua que serão desenvolvidas as habilidades de leitura e escrita bem como serão apresentados os conteúdos curriculares a estes alunos. É válido também ressaltar que a Educação Infantil é uma modalidade de ensino que requer uma atenção mais que especial, por ser o início da aprendizagem da criança.

Após o questionamento anterior indagou-se à professora pesquisada de que modo ela avaliava os alunos surdo, no qual a educadora respondeu que na educação não há avaliações com critérios de reprovar o aluno, por isso o processo avaliativo é feito mediante os avanços alcançados nos bimestres que servem de norte para o planejamento anual. As avaliações, segundo a professora, são feitas com base em critérios definidos em conjunto com a profissional do Atendimento Educacional Especializado.

Em relação a esses aspectos pode-se ressaltar que um fator que dificulta o processo de avaliação e o ensino do aluno surdo é que os professores ainda não estão preparados de modo adequado durante sua formação acadêmica para lidar com os alunos surdos, e por outo lado o educando muitas vezes não recebe o apoio pedagógico apropriado para suas necessidades, o que segundo Goés (2012) não é algo que seja peculiar  apenas aos educandos com necessidades educacionais, mas sim a todas as falhas no sistema de ensino.

Indagou-se também à professora pesquisada acerca das dificuldades apresentadas pelos alunos surdos em que a discente destacou que inicialmente ocorre devido à falta de formação desta no ensino de Libras, além da falta de recursos adaptados o suficiente para atender o aluno em questão bem como as variações de comportamento dessa criança, o que muitas vezes não permite uma interação maior.

Nesse sentido, Glat & Blanco (2009, p. 17) apontam que “a proposta de Educação Inclusiva implica um processo eficiente de mudanças que devem perpassar todos os segmentos da escola e o próprio sistema educacional como um todo” e essa função cabe à escola, mas pode se estender também à família, bem como a sociedade em geral.

Por fim, indagou-se à docente pesquisada se ela considera relevante o professor titular da turma ter conhecimentos básicos em Libras e de que modo podem ser feitas atividades levando-se em conta que muitos educadores não possuem conhecimentos aprimorados para o ensino em Libras. A professora ressaltou que considera muito importante para o docente possuir pelo menos um domínio básico da Libras para que possa ministrar as aulas de modo mais inclusivo possível e que na falta desse estratégia precisa elaborar recursos pedagógicos adaptados de acordo com a faixa etária dos educandos e os objetivos que se pretenda alcançar em cada aula.

Sabe-se que é importante que os professores sejam capazes de aprimorarem seus métodos, bem como elaborar atividades, criar ou adaptar materiais priorizando da melhor forma possível para o atendimento aos alunos com necessidades especiais. Porém, mais do essa iniciativa a escola como um todo também se adaptar para atender a esses alunos; o trabalho deve ser feito em conjunto: o professor procurando capacitar-se mais e a gestão e coordenação também buscando mecanismos que viabilizem as condições de acesso e permanência dos educandos com necessidades em sala de aula, visto ser um direito garantido por lei.

Em sala de aula, o professor deve fazer a diferença e em seus planejamentos levar em consideração a realidade de cada aluno, aproveitando o máximo que de habilidades que os alunos possam desenvolver e acolhendo a todas as crianças tornando-se um educador mediador para uma aprendizagem condizente com o ritmo de cada educando. Nesse sentido, Ao final da pesquisa proposta houve realizou-se uma conversa entre a professora titular e a professora de AEE no intuito de sugerir algumas atividades para serem trabalhadas com o aluno surdo que serão melhor detalhadas a seguir.

 

6 SUGESTÕES DE ATIVIDADES PARA O TRABALHO COM CRIANÇAS SURDAS

A maioria das crianças surdas nasce em famílias de ouvintes. Por isso, só aprende Libras quando entra na creche ou na pré-escola. Ao final desse período, espera-se que essas crianças consigam narrar histórias simples na língua de sinais. Utilizar cartazes com a representação de palavras em Libras e em Língua Portuguesa é uma ação que ajuda a pôr as crianças com deficiência auditiva em contato com a Língua Portuguesa escrita desde cedo - já que que foi destacado ao longo da pesquisa, a apreensão desta língua é visual para esse público.

É válido destacar nesse contexto, que a Língua de Sinais é considerada a língua natural dos surdos por permitir que este se desenvolva naturalmente e por permitir que qualquer conceito seja expresso através dela.  Contudo, segundo Sacks (1998), ainda não é considerada por muitos uma língua, mas somente um conjunto de gestos, mímicas, embora estudos comprovem que esta apresente sintaxe, gramática e semântica de maneira completa o que a configura como uma língua completa.

Outras atividades que podem ser utilizadas com o aluno surdo na Educação Infantil são atividades com imagens, especialmente nas aulas de língua portuguesa, sendo que as imagens devem ser bem exploradas pelos educadores durante os momentos de leitura. É importante que as crianças possam observar as ilustrações e compreendê-las como elementos complementares à narrativa. O mesmo vale para a elaboração de listas. O educador pode organizá-las com as imagens dos objetos e os nomes correspondentes escritos em português e em sinais. O uso de DVDs de histórias contadas em Libras por outras crianças ou de DVDs de brincadeiras com regras interpretadas em Libras associadas às imagens são recursos importantes no dia a dia da pré-escola.

Acerca da importância da utilização da Libras, Fernandes (1990) assegura é fundamental o acesso à Língua de Sinais o mais cedo possível à pessoa surda,  visto que a dificuldade do surdo em adquirir linguagem oral nos primeiros anos, produz consequências em todos os aspectos de seu desenvolvimento, seja físico oi social, e além disso a Libras torna-se uma ferramenta eficaz para a aprendizagem da escrita.

Vale enfatizar que a produção de materiais visuais e a prática em Libras é muito importante para a comunicação, devendo sempre haver a interação da Língua Portuguesa para a escrita, bem como o professor deve destacar a importância da Língua de Sinais para o processo da aprendizagem e inclusão escolar do surdo.

Levando em conta as atividades acima descritas para a Educação Infantil, Mendes (2010) afirma que os primeiros anos de vida são vitais para o desenvolvimento da criança, pois este é o período em que o cérebro se desenvolve com maior rapidez, mais do que qualquer outra etapa da vida, e nesse sentido atividades bem planejadas ajudam no desenvolvimento da personalidade, da linguagem e da inteligência infantil.

Assim, a língua de sinais possibilita ao surdo produzir palavras, fases e elementos textuais da língua escrita, assumindo a mesma função que a oralidade desempenha na aquisição da escrita para os ouvintes, uma vez alunos surdos e ouvintes aprendem por mecanismos diferenciados, é importante que as atividades sejam previamente planejadas para que os resultados não se percam.

Produções coletivas ou em pequenos grupos também ajudam o aluno a se expressar melhor pela escrita. O importante é que ele sempre conte com o apoio visual da escrita. O professor deve registrar todas as atividades e utilizar recursos diferenciados- como letras móveis ou cores diferentes para designar elementos distintos de uma frase, por exemplo, assim como atuar em conjunto com o Atendimento Educacional Especializado (AEE).

Visando a melhor interação entre alunos surdos e ouvintes pode ser trabalhado os contos de fadas, usando como apoio vários livros de contos de fadas e para que o aluno surdo saiba do que se fala, ele mostra qual das histórias ele conhece. o professor pode fazer inferências como: perguntar como começa um conto de fada e como termina; quais as figuras que são indicativas ao conto de fada e listar os contos de fada conhecido. Em seguida, o educador pode escolher dos listados para trabalhar com a turma pedindo que as crianças contam a versam do conto escolhido que elas conhecem; apresentar através de fichas com desenhos os personagens e elementos da história, e sua representação escrita em português.· assistir a história em vídeo podendo ser em LIBRAS ou Português; organizar a história em sequência temporal usando cartaz com as cenas; o  aluno surdo reconta a história em Libras e  por fim sugere-se dramatizações para fazer as marcas do narrador.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mediante os resultados da pesquisa, pode-se destacar que a inclusão escolar ainda é uma realidade desafiadora, pois exige formação e dedicação. Nesse sentido, deve-se garantir o direito não só de acesso, mas também de permanência nas escolas, e muitas vezes o que se ver é a criança com deficiência matriculada na escola, porém não frequenta porque não tem quem a acompanhe, e professores com capacitação específica para tal ação.

Ao observar os exercícios propostos em sala de aula para o aluno surdo, é importante ressaltar estes que foram adequados à idade da criança a qual estava sendo disponibilizada. Os exercícios enfatizavam tanto a parte curricular de ensino pragmático, quanto também outras características e conceitos também fundamentais na formação intelectual da criança e são esses aspectos que precisam ser levados em conta pelo professor durante o processo de ensino-aprendizagem.

Infelizmente, o que se ver em algumas escolas é um tipo de “falsa inclusão”, ou seja, é oferecido aos alunos com necessidades especiais, o acesso a classes regulares de ensino. Porém, sem a adaptação curricular e metodológica necessária ou qualquer outro tipo de acompanhamento especializado, o processo de inclusão torna-se ineficaz. Dessa forma, os alunos são inseridos em salas regulares, mas acabam sendo excluídos no que diz respeito ao seu processo de ensino-aprendizagem. Cabe ressaltar que esse estudo é apenas uma pequena parte da história do surdo e da educação inclusiva sendo, portanto, necessários novas pesquisas e novos estudos para que se possa ampliar o tema em questão.

 

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YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Trad. Daniel Grassi - 2.ed. -Porto Alegre: Bookman, 2001.

 

 

 

 

 

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