O mercado infuenciou demais na educação como fast-food comercial e ficou a ideia que aprender algo é AVANÇAR...sim, só que para frente. E quando falamos em ir pra frente isso quer dizer que temos que mudar de assunto, então começamos pelo presente simples, depois vamos para o presente continuo, depois vamos para o passado simples, e depois passado continuo... Ou seja, vamos de A para B, de B para C.
Isto nos da a impressão de que estamos progredindo num assunto... aprendendo. Bah! Mas será assim mesmo como aprendemos? De acordo com esta tese linguística, pautada na psicologia cognitiva de Jerome Bruner, não. Vejamos... para que você fique fluente num assunto, você tem que regressar a tópicos anteriores muitas vezes. E sobre tudo quando você quer dominar alguma coisa. O ponto de refêrencia é "A", ok, beleza. Eu concordo. Mas depois vem um vaivém de conexões e temos que mobilizar conhecimento de A para Z, de Z para N e por aí vai.
Ou seja, numa produção de frases, quer seja oral ou escrita, posso começar no presente mas acabar no futuro para explicar algo no passo. Sacou?
Esse lance de passar página no curso é uma coisa obsoleta e estamos tão habituados a fazer isso no modelo tradicional que, eventualmente, não conseguimos colocar em prática o modelo da espiral e consecutivamente não conseguimos desenvolver todo o know-how cognitivo do aluno.
Carla Marques, Doutora em Linguística nos explica formidávelmente aqui: "Imaginemos, por exemplo, o estudo do adjetivo (good, bad, bueno, malo, etc.) Ha uma primeira abordagem para compreender o funcionamento. Mais à frente, virá o momento em que se compreenderá a plasticidade do adjetivo. [...] Terá de chegar o tempo em que eu sei que a palavra é um adjetivo, mas o que me interessa é a teia de sentidos que ela tece na frase, no texto. As relações que mantém com outras palavras, o espaço que ocupa, a explosão de sentidos que ela pode desencadear. Foi um longo caminho em torno do adjetivo"
