O que é ser um bom professor particular?
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Por: Antonio R.
23 de Janeiro de 2018

O que é ser um bom professor particular?

Vamos refletir aqui sobre a atuação do professor particular e como ele é o Herói do Mundo.

Inglês Conversação Nativo Geral

Nos dias de hoje a profissão de professor é uma das mais infravalorizadas que existem, pois o professor deixou de ter o prestigio que tinha em outros tempos, até mesmo em comparativa com a outros países. Quando digo que é uma profissão bem pouco valorizada falo não só pela questão financeira, já que um professor tem que batalhar por conseguir um salário, mas sim pela questão do valor que este profissional emana com sua atuação, quer seja no mercado de trabalho, numa escola, numa empresa, numa instituição, etc.

Um bom professor, particular, é aquele individuo que realiza seu trabalho de forma particular sem ter outros profissionais do seu lado, como um coordenador pedagógico, um representante comercial, um gestor de negócio, um secretário, etc. O professor particular faz o papel de todos esses agentes, e realiza um trabalho inclusive diferente.

Como assim diferente?

Ele chega a mostrar em muitos casos que não é necessário todo esse corpo docente que uma escola possui para poder ensinar. Digamos que o professor particular não necessita desses elementos pertinentes ao de uma estrutura escolar. Ele é capaz de dar conta do trabalho sozinho, ele saber contornar as dificuldades existentes e ir atrás de outros recursos disponíveis para poder ter uma carteira de alunos. Infelizmente, ainda há muita gente que precisa de muita gente, por atrás de um professor, para ajudar a ensinar, coisa que o professor particular está na operação sozinho. Eventualmente ele poderá ter alguma consultoria, ou orientação profissional, mas em suma, é ele quem faz toda a parafernália.

Ser um bom professor particular é um questionamento que me leva a pensar em inumeráveis ideias para desenvolver um artigo, no entanto, existem muitos bons professores por aí que nem ser quer são conhecidos, ou ninguém nunca ouviu falar deles, e não por isso deixam de ser bons professores.

Eu acredito que o bom professor particular, para começar, é aquele profissional que consegue trabalhar tanto com o velho como o novo, por que mesmo que ele saiba usufruir das novas tecnologias (como uma lousa digital por exemplo), ele tem que saber lidar com a didática, sendo esta uma disciplina que é discutida desde o tempo dos gregos. Em outras palavras, um bom professor particular deve saber vibrar na “old school” e na “new school” porque o aluno brasileiro possui um perfil muito indisciplinado, e quando você for o cara da old, ele precisará de algo da new, e vice-versa, quando você for um geek da new school ele precisará de conceitos da velha.

Deu para entender?

Eu já vi professores particulares usarem muito as ferramentas de marketing pessoal, como boas fotos, postagens diárias de imagens, figurinhas, explanações via instagram e outras redes sociais, como também já vi professores particulares manterem sempre ativo uma comunidade no facebook com postagem após postagem, e muita, muita mensagem divulgando seus serviços e pacotes e mesmo assim, sabemos que o professor particular tem um limite de alunos para ensinar.

Com a falta de assiduidade dos alunos, ou seja, a constante evasão, o professor particular que consegue preencher toda a sua grade horária: manhã, tarde e noite fez um milagre dentre os professores! Algo inimaginável! Nem mesmo o Zygmunt Bauman que fala tanto dos relacionamentos líquidos entenderia como esse sujeito conseguiu completar todos seus horários.

Eis a questão, o aluno brasileiro muitas vezes mesmo sem aprender e sem ter resultados legítimos, autênticos, reais em seu aprendizado, ele fica com esse professor. Brasileiro é assim, bateu com o anjo talvez. O aluno brasileiro é muito contraditório, e um bom professor particular tem que saber ser flexível sempre, porque esse aluno não consegue aprender em turma, não consegue aprender dentro de um contexto, é um aluno com demandas especiais, até mesmo demandas inconscientes que ele nem sabe e acredite, serão demandas ruins na maioria das vezes, por não dizer traumas de não querer ouvir um CD em casa, trauma de não gostar do estrangeiro (xenofobia) e assim por diante.

Um país no qual valoriza-se mais ao futebol, ao jogador de futebol, e à paniquete do pânico na TV, um país que está num nível baixíssimo de educação, ser um bom professor particular é como ser um herói. Esse professor terá que ganhar pouco e ajudar a resolver um grande problema do aluno, a falta de vontade dele, a falta de querer aprender a aprender, a falta de querer usar a sua inteligência e praticar em casa sem sempre depender do professor.

Sim, isso mesmo.

Herói.

O bom professor particular é um herói de verdade, e não Iron-man que tirou o traje na frente das câmeras e mostrou quem era ele. Herói de verdade porque esse professor particular morre cada vez que um aluno desiste, que um aluno está desanimado, que um aluno não quer cooperar e se engajar no aprendizado, que um aluno cancelou as aulas por que foi viajar, ou quando fala que vai trancar o curso o porque não tem dinheiro mas sim, dinheiro pra viajar tem.

O professor particular é DISPENSÁVEL. A faxineira é mais importante.

Pagar as contas do gás, da eletricidade, do aluguel, das parcelas do carro, e das parcelas da viagem é prioridade. Mas aprender inglês porque é a língua mais importante do mundo ou aprender espanhol porque seria importante conversar com os dezenove países que rodeiam o Brasil que SOMENTE FALAM espanhol... enfim. Não quero ser sarcástico nem irônico mas sinto-me me livre para dizer que responder à questão: “O que é ser um Bom professor particular” seria o fim da picada. Tem gente que não tem empatia, acha que o professor está bem mas ele não está.

Simplesmente é um profissional que se a sociedade viesse a não ter mais o que seria da formação e/ou educação da nova e velha geração (velha porque é esta geração que teria que continuar aprendendo mais que a nova)?

Você acha que as pessoas vão aprender fazendo curso on-line sozinhas?

Você acha que os alunos irão para a academia e irão ter resultados sem ter um bom professor/instrutor?

Você acha que um bom empreendedor de negócios irá abrir uma boa empresa com um bom professor/mentor?

Caro leitor, engenheiro são imprescindíveis para o mantimento de uma sociedade, mas muitos desses engenheiros tiveram que fazer muitas aulas particulares de matemática, muitas aulas de física... isso sem contar que muitos desses engenheiros só sabem ler o texto em silêncio. Eles tiveram que ter bastantes aulas particulares de inglês para saber falar um pouco no idioma. Falar, e não escrever ou ler.

Ser um bom professor particular não é ganhar 3000 reais e só por isso é um bom professor. Se esse professor ganhou esse valor por mês não foi por que é bom, mas sim porque foi esperto, e soube o quanto cobrar para cada classe de aluno (classe e não perfil), soube negociar, soube fazer contrato com aquele aluno que precisa contrato, e quando o aluno cancelou ele soube como cobrar a multa.

Neste país, Brasil, chegar a ganhar esse quantidade por mês líquida, sem gastar no sustento básico é um prodígio e com certeza esse teacher já teve que perder muita grana e ralar, ralar, e perder muuuuuuuuuuuuuitos alunos, até saber a melhor estratégia para se safar antes de que o aluno se safe. É isso aí meu amigo, ser um bom professor particular no Brasil é como ser um ninja, tem que saber lidar com trapaças, com a situação atual econômica, tem que ter visão raio-x pra saber se ele aluno vai mesmo ficar, e aprender a falar dez a frases ou vai largar o professor na mão com a aula toda planejada. Brasil é uma selva, e eu não sei que animal é o aluno brasileiro, não sei, sinceramente. Quem está a escrever é um professor que é jovem, mas que se considera bom porque é criativo, dinâmico, trilíngue e quase poliglota nato, engajada, inspirado, vanguardista, formando em letras e tradução e interpretação, amante da linguística e literatura, apaixonado pela inovação da educação e as tendências atuais, interessado, bonito por dentro e por fora, legal, Mr. Nice Guy, dedicado e determinando com seu propósito e ideal, que trabalha por missão e não por lucro, humilde, porque reconhece seu valor e potencial, e mesmo assim, eu não ganho esse valor por mês.

Eu posso escrever um livro, e não um artigo, dizendo o quão decepcionado estou com a realidade que eu venho a me enfrentar durante tanto tempo. Uma realidade escrota na qual, nem mesmo sendo professor coach, aquele que animal, que faz piada, que sorri, que está disponível em qualquer horário, perde o aluno. Uma vez uma menina me disse: você precisará de muita benção porque a sua felicidade não irá agradar aos outros.

Então eu me pergunto: acaso ser um bom professor, no Brasil, e mais particular ainda, é mostrar uma cara de abatido, de esgotado? Tem-se muito preconceito, eu digo isto, em relação com arquétipos. Veja como os alunos não respeitam o fato de que existem professor diferentes e singulares, e que trazem novas propostas, que instigam à reflexão e à instrospecção do aluno, que fazem o aluno acreditar em si mesmo. Ser um bom professor particular no Brasil é mais indicação de alguém, do que realmente sentir isso de dentro para fora. Ah, só porque fulano me indicou é porque é bom! Não amigo, ser bom professor não é só ser referência. Eu já tive alunos que vieram de diversas escolas e marcas famosas, renomadas e mesmo assim reclamaram, reclamaram demais coma falta de atenção, afeto, compromisso, e todo uma seria de deficiências que essa unidade tinha. Infelizmente brasileiro não vê isso, vê o logo antes, o slogan, as mensagens triviais como uma mensagem absurda de Friboi como se aprender inglês, espanhol, idiomas, ou qualquer outra disciplina fosse entretenimento. O Brasil precisa entender a importância em adquirir conhecimento, em enriquecer suas experiências e vivências, em realizar mais práticas, treinamentos, leituras. Ah, me poupe! O Brasileiro não lê. O Brasileiro não foi letrado, nem se quer.

Ser um Bom professor particular é saber injetar no aluno informações tão, tão relevantes que, mesmo que essa pessoa ficou desempregada, ou ficou com a conta bancária vazia, ela vai querer aprender sim ou sim. Fará o que for, uma permuta, uma troca de bens, ou irá tentar manter um relacionamento verdadeiro e sincero com o professor. Mas infelizmente isto pode ser até utopia, sim, sou idealizador. Eu fiz um ciclo de design thinking e fui bom ao idear um protótipo mas ruim ao entender a dor do aluno, porque eu não aprendi a vê-lo como cliente.

Até hoje, vejo alunos como PESSOAS e não clientes. Eu não tenho porque usar essa linguagem comercial repetitiva e persuasiva para querer comprar o aluno com promoção ou desconto. Ele tem que aprender a descobrir o quão importante é aprender idiomas (no meu caso, sou professor particular de idiomas) sem ter sido influenciado por uma ilusão dessas propagandas porque no netflix tudo é em inglês ou dublado, ou porque se ele descer com o carro pro Sul do Brasil já estará na Argentina!

O aluno brasileiro se quiser evoluir, e aprender plenamente idiomas, ele terá que ser um BOM aluno particular, e não somente ter encontrado um bom professor particular. Ambos tem que ser bons, e não um bom e outro ruim.

Olha, hoje eu tenho de tudo, sim, de tudo mesmo. Só não tenho cabelo branco ou um certificado da Cambridge mas eu tenho o suficiente pra fazer esse aluno prestar atenção, então, o que é então? Talvez um bom professor particular precisa de muita divulgação, alguém que seja sponsor e que acredite que dê para escalar esse professor e sua abordagem até um patamar no qual todos venham a ver idiomas de diferente forma. Que todos venham a pegar um salto quântico e adquirir uma nova visão até o ponto de sentirem estímulos reais em casa, e aprenderem sozinhos, e contratarem um professor particular como mediador à distância.

continuará...

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