Conhece-te a ti, grego
Por: André O.
22 de Março de 2015

Conhece-te a ti, grego

Artes Plásticas História da arte Teste de habilidade específica Iniciante

Nas cidades-estado gregas, os artistas eram como operários comuns não sendo considerados membros da alta sociedade, porém, participavam nos assuntos de governo na época em que a democracia ateniense atingiu o seu mais elevado nível, paralelamente ao apogeu da arte grega. Todo o conhecimento artístico, científico e cultural que herdamos desta civilização está tão inerente a nós que as vezes mal lembramos que ela nos legou a matemática, geometria, filosofia, o teatro e os jogos olímpicos, e que inclusive o novo testamento foi escrito originalmente na língua grega.

O curioso neste último ponto é que as cosmovisões e os modos de pensar dos gregos e dos hebreus eram muito distintos. Enquanto os primeiros viam o curso da história de forma cíclica, os outros viam de forma linear. A individualidade que para um era um valor supremo, não era compartilhada pelos hebreus que viam uma ligação inseparável entre o indivíduo e o grupo, enfatizando a vida em comunidade. Também pros hebreus, as essência e função das coisas eram mais importantes que a forma e a aparência. Portanto, quando ousamos descrever objetos ou até mesmo pessoas, e damos ênfase na aparência delas, estamos reproduzindo a visão grega.

Além do que já foi dito, a escultura grega clássica já bastante admirada antes do período helenístico, chegou aos nossos tempos graças aos romanos que eram grandes apreciadores e reprodutores desta modalidade artística. O cristianismo poderia até ser o culpado pela destruição em larga escala destas imagens originais de deuses pagãos, se o que víssemos hoje em dia nas igrejas católicas não fosse exatamente o contrário disto, pois os primeiros gregos e romanos recém-convertidos ao cristianismo estavam tão acostumados com as imagens e ídolos em seu cotidiano que logo as renomearam com nomes cristãos. Temos, por exemplo, uma escultura de Júpiter a qual foi posteriormente nomeada de Pedro. Rômulo e Remo logo viraram Cosme e Damião e até mesmo Jesus e Maria foram frequentemente associados as imagens de Esculápio (deus curandeiro de cabelos engrenhados e barba longa) e Ísis (que embora seja originalmente a deusa egípcia da maternidade, teve seu culto bastante difundido no mundo mediterrâneo, principalmente no período helenístico).

Deste modo, as presença, reverência e adoração das imagens de santos na igreja também são herdados dos costumes greco-romanos. Mais pra frente também veremos como esta cultura clássica será recapitulada por diversos períodos da história da arte. Até mesmo o genial dramaturgo do teatro pós-dramático, Bob Wilson, revelou que a fonte para sua dramaturgia é o rearranjo do teatro clássico e de tudo aquilo que nos antecedeu nesta modalidade (a origem das encenações teatrais remonta ao século V a.C. a partir dos ditirambos, que são cantos em honra do deus Dionísio). A civilização grega abraçou esta arte de tal maneira, que ela era inclusive representada em pinturas e mosaicos. Atualmente ainda vemos encenações das obras de Ésquilo, Sófocles e Eurípedes, os pais da tragédia, sendo realizadas pelos teatros mundo à fora. No Brasil, a forte presença da arte do teatro se apresenta principalmente no gênero comédia que é o mais atraente para o público leigo e que também teve espaço na famigerada Poética de Aristóteles.

 

Referências:

Amazing Facts. REVELATION: THE BRIDE, THE BEAST & BABYLON. 2013 (Documentário).


Eduardo Rueda. O PENSAMENTO HEBRAICO COMPARADO AO GREGO. 2013. (Artigo).


Ernst Hans Gombrich. A HISTORIA DA ARTE. Rio de Janeiro, 2013. (Livro).

 

Originalmente publicado em: 
Cadastre-se ou faça o login para comentar nessa publicação.

Confira artigos similares

Confira mais artigos sobre educação

+ ver todos os artigos

Encontre um professor particular

Busque, encontre e converse gratuitamente com professores particulares de todo o Brasil