ESCRITORES DA LIBERDADE
Por: Marcelo M.
27 de Janeiro de 2015

ESCRITORES DA LIBERDADE

Filosofia Ensino Médio Dúvida Problemas Adultos Apoio

O filme “Os Escritores da Liberdade” é a versão cinematográfica do livro The Freedom Writers Diaries, baseado nas experiências reais da professora Erin Gruwell e de seus diversos alunos. Um ótimo filme que nos leva a refletir sobre a relação “professor/aluno” e a valorização do espírito no processo educacional.

No filme, a jovem professora Erin Gruwell( interpretada por Hilary Swank) vai trabalhar em uma escola, lecionando numa turma de alunos rebeldes e problemáticos. Mesmo sem contar com o apoio da direção da escola, que não se importa muito com aqueles adolescentes, Erin acredita em seus alunos e se dispõe a investir neles.No início, ela tem problemas na relação com a classe, composta em sua maioria por filhos de imigrantes, negros e pobres, que veem na professora, uma representante da dominação branca sobre eles. No entanto, com bastante perseverança, ela vai conquistando a confiança dos garotos.    Para superar as diferenças étnicas e as mazelas sociais, Erin indica a leitura do best seller “O Diário de Anne Frank” e sugere que cada aluno escreva em um caderno personalizado suas experiências de vida.      

Para o filósofo Sócrates, as ações do homem deveriam se fundamentar na busca de valores e esse era o principal objetivo de sua filosofia; transformar seus concidadãos em pessoas melhores. E assim deve ser o papel de um educador; criar nas pessoas uma consciência de valores, através de exemplos e conceitos.Um educador não deve ser, apenas, um seguidor de roteiros de planos de ensino e repetidor do que está nos livros didáticos. É necessário que o professor leve o aluno a questionar o que está ao seu redor e a si próprio. O aluno deve ser incentivado à dúvida, à pesquisa e ao debate para formar seu próprio raciocínio e ser capaz de argumentar e defender aquilo que acredita.  

A professora Erin Gruwell ao se deparar com uma situação de preconceito racial em uma classe de alunos problemáticos, não tentou impor aos seus alunos o que é certo e o que é errado. Ela os levou a questionar a situação, citando como exemplo, o Holocausto. Esse foi o ponto de partida para a jovem educadora, que deixou de ser, apenas, uma copiadora de livros didáticos no quadro e passou a ser uma pessoa interessada em transformar aqueles jovens em caçadores de valores. 

Erin  não deixou que o descaso das autoridades e o descrédito da direção da escola em que lecionava a desanimasse de ir atrás de seu objetivo, que era tornar seus alunos pessoas de bem. Além desses obstáculos, ela enfrentou a desaprovação do seu pai em relação a sua escolha profissional e a incompreensão do marido, que a abandonou alegando que estava sendo deixado de lado pela esposa.         

Erin acreditou que uma boa educação poderia criar uma nova consciência nos jovens e lutou por isso.Ela usou de forma diferente, o método socrático de se educar, divido em dois períodos; ironia emaiêutica. Através da leitura, em especial do livro “O Diário de Anne Frank” e de conversas com a professora, os alunos se questionavam(ironia) sobre questões raciais e sociais, o que lhes permitiam dar lugar a novas ideias(maiêutica).   

Nietzsche criticou a educação vigente na Alemanha dos últimos anos do sec. XIX, que era preparada não com o intuito de elevação da cultura mas, para o mercado. Outra crítica que o filósofo alemão fez à educação de seu tempo era a tendência à especialização em determinada área, deixando de lado a preparação de um espírito crítico, criador e emancipatório  

Nos dias atuais, em nosso país, a educação está muito pior daquela criticada por Nietzsche, já que grande parte dos jovens terminam o ensino médio sem, ao menos, entenderem o que e  porque aprenderam o que lhes foi ensinado em doze anos. Disciplinas como a Filosofia, Sociologia e Artes não são valorizadas nas escolas, principalmente no Ensino Público. Com isso, o educando cria a consciência de que escrever mesmo cheio de erros, e fazer cálculos lhe basta para ser um homem preparado para a vida. Não questionam, não pesquisam e nem debatem qualquer assunto. Tornam-se adultos cheios de certezas fundamentadas numa visão superficial, criada em igrejas,revistas "Veja" e emissoras de televisão, e tal visão é divulgada em bares, dentro de ônibus e em reuniões familiares,onde na maioria das vezes estão pessoas com a mesma formação ou até inferior a de seus "profetas", criando, assim, o ciclo da imbecilidade.

Erin percebeu que os alunos de sua classe precisavam muito mais do que serem preparados para o mercado e ,muito menos, para serem divulgadores de certezas não fundamentadas. Precisavam aprender a viver no meio dos diferentes, a entender o preconceito e a combatê-lo e.para conseguir o resultado que queria, a jovem professora sabia que precisava ser bem mais que idealista; era necessário estar disposta a enfrentar a si mesma para isso. 

Embora o filme “Os Escritores da Liberdade” conte uma história baseada em fatos reais ocorridos nos Estados Unidos, há muita semelhança com a situação educacional no Brasil. Não é difícil, encontrar  escolas em nosso país, na qual professores e diretores já desistiram dos alunos e só estão ali para cumprirem um contrato e receberem seus míseros salários no início do mês seguinte. Há um descaso das autoridades com os profissionais do ensino e com a educação em si.Assim como no filme, os professores brasileiros se deparam com vários alunos vindo de famílias desestruturadas, com sérios problemas emocionais e sócio econômicos. Na escola, esses alunos vão repetir as ações praticadas em seus lares e/ou na vizinhança. O envolvimento com a criminalidade também é frequente entre esses jovens, que estão tanto nas periferias quanto nos bairros onde o poder aquisitivo é maior. 

Reconheço, a dificuldade de se ensinar no Brasil, mas acho que nós, responsáveis pela educação e pela formação de pessoas para o futuro deveríamos nos dedicar mais a essa função. Porém, a maioria dos professores não têm a determinação e, nem sequer, a vontade que teve Erin Gruwell. Justificam esse descaso culpando o baixo salário e as condições precárias de trabalho. Mas, será que se tivessem, ao menos, vontade de ser educadores, estariam se importando com essas dificuldades da profissão? Para terminar, parafraseio um apresentador de um programa policial: "cuide de seus alunos, ou os traficantes cuidarão deles".

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Marcelo M.
Ribeirão das Neves / MG
Marcelo M.
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Graduação: licenciatura em filosofia (Centro Universitário Claretiano)
Curso Completo de Português : da Fonologia à tecinicas de Redação;História da Filosofia.
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