8 Dicas para Professores quanto ao Ensino Remoto
em 20 de Março de 2021
A globalização é o fenômeno de eliminação de fronteiras entre países ao redor do mundo, afetando diversos campos como o cultural, o social, o tecnológico, o econômico etc, que teve seu processo acelerado através da aplicação e desenvolvimento constantes dos meios de comunicação, que proporcionando o contato com produtos, culturas, ciências e técnicas de outros países, viabilizou a disseminação de estilos de vida internacionalizados ou globais, formando uma sociedade urbana cada vez mais complexa, multi e intercultural (CAVALCANTI, 2008).
A identidade de uma sociedade parte dos indivíduos que a constituem, a partir do agrupamento de hábitos, preferências, técnicas etc que esses indivíduos têm em comum, que se permanece estável tendendo a ser permanente: fala-se em “crise de identidade” o processo pelo qual o indivíduo passa a agir diferente do seu habitual em situação semelhante, conforme as experiências ou próprio questionamento sobre o que lhe era imutável (MERCER apud HALL, p 9, 2005). A instabilidade em um indivíduo, a motivação por mudança de características e hábitos intrínsecos surge da necessidade de satisfação, de sentir-se parte de um grupo, a partir da adoção de um padrão ou modelo de felicidade e sucesso (BAUMAN, 2011).
O contato facilitado com novos estilos de vida e o uso massivo de veículos da mídia para impulsionar o consumo por meio das tecnologias de comunicação, expõem alternativas e novos ideais aos espectadores, que postos a refletir em um comparativo de seu padrão de vida e suas condições possíveis, veem-se diante de produtos e serviços que prometem solucionar seus problemas e deficiências, mas que são disponibilizados a grupos previamente selecionados, promovendo a segregação e frustração na população que não integra ao público-alvo (BAUMAN, 2011).
Atualmente tem-se um fluxo intenso de trocas de experiências e culturas, facilitadas pelo processo contínuo e evolutivo da globalização, e apesar de que o princípio desse processo fosse a hegemonia de uma potência homogênea que venceria a competitividade econômica impondo uma cultura de consumo (CAVALCANTI, 2008), propõe a reflexão sobre hábitos e técnicas antes incontestáveis: embora ainda ocorram equívocos que levem um sujeito a tentar assumir a identidade ou o modelo de vida de outro, que por condições físicas, naturais ou biológicas não lhe são adequados, ele ainda o fará na tentativa de sentir-se referto. (BAUMAN, 2011).
Hoje encontra-se no Brasil um cenário em que a sociedade se dispõe às experiências trazidas pelas multinacionais, enquadrando-se na liquidez da pós-modernidade: as pessoas assumem um comportamento individualista sem comprometimento com o meio em que estão, vivem a partir da instabilidade, o momento do agora, sem projetar objetivos e planos de médio ou longo prazo ou considerar os outros ao redor (BAUMAN, 2011).
Diante de um contexto de acelerada evolução, de uma condição de relações efêmeras e da adoção da obsolescência programada, há ainda os que buscam uma adequação de seus hábitos de forma contrária ao que prega a corrida desenfreada pelos placebos da felicidade, compondo uma cultura de viés sustentável, que procura agir e pensar como comunidade considerando as futuras gerações, incluindo os indivíduos que não as compõem – características inerentes a este modelo de desenvolvimento. Este estilo, ainda que contraditório ao modelo atual seguido pelas massas, surge da reflexão sobre a globalização histórica e os efeitos da instabilidade na concepção da identidade individual, trazendo à luz o poder de escolha sobre o que consumir, como agir e mesmo quem ser.
REFERÊNCIAS
CAVALCANTI, Lana de Souza. A Geografia Escolar e a Cidade: Ensaios sobre o ensino de geografia para a vida urbana cotidiana. Campinas, Sp: Papirus, 2008. 190 p. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
ENTREVISTA Exclusiva com Zygmunt Bauman. Leeds: Cpfl e Fronteiras do Pensamento, 2011. (29 min.), son., color. Legendado. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=1miAVUQhdwM>. Acesso em: 08 set. 2016.
HALL, Stuart. A identidade cultural da pós-modernidade. 10. ed. Rio de Janeiro, Rj: Dp&a, 2005. 97 p.
Excelente texto de reflexão.