Ludicidade no ensino de Física
em 19 de Maio de 2021
As pessoas têm abandonado o hábito da leitura (e consequentemente de interpretação de texto e escrita) e priorizando outras formas de comunicação, como vídeos, imagens e mesmo textos curtos e sem maior profundidade. O imediatismo da sociedade globalizada de meios de comunicação em massa e internet, onde as informações são tantas e passadas tão rapidamente que sobrecarregam o receptor, ao ponto dele mesmo ter dificuldade em se concentrar merece atenção.
Mas, afinal, o que são as novas tecnologias? "Expressão de mudanças culturais definitivas", desde à fotografia, em 1839, passando pelo cinema, rádio, televisão, computador e a internet, em 1994, foram diversas revoluções em um curto espaço de tempo que mudaram a relação entre os homens e o próprio "homem social".
Na nova linguagem informática há prevalência do uso de imagens e sons que dispensam a experiência da imersão e concentração, marcos da linguagem escrita tradicional. A quebra da linearidade, o acesso à informação (vinda de diversas direções e sob muitas formas), e o potencial de simulações, com a ampliação da capacidade imaginativa de modo intenso, são características centrais e não encontram paralelo em nenhuma linguagem escrita tradicional. Somos como uma esponja, destinados a absorver o máximo possível, e colocados no oceano. O excesso de estímulos pode ter efeito reverso, nos tornarmos incapazes de interpretar e compreender bem tudo o que nos cerca.
O desafio é preparar a escola para que ela seja capaz de preparar o aluno. Aqui, há um segundo desafio, o ensino da ciência. Isto porque eminentemente a ciência é escrita, positivada, e a transmissão desse conhecimento é igualmente metódico, formal. Buscar uma "formação cultural ampla das novas gerações" parece ser o único caminho para evitar a obsolescência da escola e, por conseguinte, do ensino científico.
Não basta, contudo, levar o maquinário tecnológico computadores, celulares, internet) para dentro da escola, pois eles são meros instrumentos da revolução que está acontecendo. A imagem, escrita e a informática devem estar a serviço do conhecimento científico. Necessário, ainda, compreender que essa revolução acontece independentemente da capacidade financeira das pessoas ou das regiões, sendo surpreendentemente mais fácil encontrar uma televisão do que um livro dentro de uma comunidade carente. Fomos da cultura da palavra para a cultura da imagem, e o ensino deve acompanhar e se adaptar a isso, sob pena de ser deixado de lado.