Novos Rumos para o Laboratório de Ciências
em 09 de Maio de 2021
Ao invés das contas, formalismos e rigor, é possível olhar para a exploração científica sob uma perspectiva lúdica, uma vez que a aprendizagem opressora pode até apresentar resultados objetivos satisfatórios, mas a longo prazo tem potencial para marcar negativamente os alunos. O ser humano é naturalmente curioso, então a proposta é usar essa curiosidade como ferramenta natural do processo de aprendizagem, estimulando a criatividade e direcionando-a para a aprendizagem da ciência.
Ensinar ciência com objetos ou conceitos que utilizem o atributo científico de modo lúdico envolve catalisar a atenção do estudante. É necessário também estar preparado para certas possibilidades, tais como formação de novos conceitos, desenvolvimento cognitivo, ampliação de estruturas cognitivas ou motoras já existentes e uma aprendizagem crítica. Desenvolver um jogo do conhecimento envolve aceitar o direito de errar, mudar de opinião, tudo isso sob a perspectiva pedagógica.
Desafiar a inteligência do aluno é uma boa estratégia. Para desenvolver o conhecimento de forma lúdica, desconstrói-se a noção de que o professor é o detentor do conhecimento e o aluno é mero receptor. Sob a ótica da ciência como um constante aprendizado, o professor é um organizador da atividade, enquanto o aluno participa dela. Assim, ambos utilizam a ferramenta pedagógica do ensino lúdico.
Um outro exemplo é a possibilidade do ensino da física através dos quadrinhos, de modo a despertar interesse e senso crítico no aluno. A imagem, aliada à escrita, permitem um envolvimento por parte do leitor, uma imersão no conhecimento, adquirido de forma lúdica, com o objetivo de criar uma linguagem comum entre emissor (autor) e receptor (aluno).
A arte sequencial já está inserida no nosso cotidiano, o que já diminui uma eventual resistência. São atividades investigativas e de promoção da argumentação dentro de sala de aula, com engajamento. A proposta é que os personagens dos quadrinhos apresentem, cada qual, perspectivas diferentes da ciência, pra criar identificação (e também estranhamento), e fomentar o debate e discussão. O enfoque é na tríade: ciência, tecnologia e sociedade (CTS).
Nesse contexto, pode-se ter o ensino da ótica, a exemplo da lei de reflexão em espelhos planos, onde tirinhas trazem situação corriqueira e personagens que demonstram diferentes níveis de compreensão da física por trás dos espelhos. A partir delas, propostas, perguntas e atividades são direcionadas para o leitor, cuja atenção foi captada pelo recurso visual, e a curiosidade despertada pelos desafios propostos