Ludicidade no ensino de Física
em 19 de Maio de 2021
Incialmente, aborda-se a relação entre o ensino da ciência e a história da ciência sob a perspectiva da Pedagogia Histórica - crítica, de Demerval Saviani, pautada pela ciência como trabalho coletivo e influenciada por fatores socioeconômicos, isto é, a utilização do ensino da ciência como método de avanço social. Como lente de estudo, foi escolhida a Historiografia Externalista, cujas vertentes dividem-se em marxista (Marx e Engels) ou Sociologia da Ciência Funcionalista (Merton).
A primeira adota o materialismo, enquanto a segunda caracteriza a ciência como uma instituição social (com normas, valores e um conceito abstrato de sentimento - triângulo de Pareto). Até 1931 a linha dominante era. Historiografia positivista (expoente em George Sarton), que retratava a história da ciência como uma sucessão de relatos lineares e trabalhos individuais. Foi naquele ano, em Londres, durante um Congresso, que a delegação russa, mais precisamente o trabalho de Boris Hessen, "As raízes socioeconômicas dos princípios de Newton", a aplicar, exaustivamente e pela primeira vez, a visão marxista à história da ciência. Tal quebra de paradigma influenciou diversos estudiosos, inclusive o saudoso Eric Hobsbawn.
A sociedade como um todo orgânico que desenvolve sua produção através do emprego das forças produtivas materiais de cada um e cujo somatório resulta na estrutura econômica (superestrutura jurídica e política), bem como a dialética entre as forças produtivas materiais da sociedade e as relações de propriedade na qual foram desenvolvidas, que resultam em obstáculos ao desenvolvimento da última, resultando em revoluções sociais que geram a ruptura das bases, dão o tom ao trabalho "A ciência na encruzilhada"
Assim, trouxe ao palco a visão da estrutura material e da superestrutura cultural, política, jurídica e educacional, cujo objetivo é manter o status quo, ou seja, que as ideias dominantes serão as da classe dominante. Concomitante a isso ocorria o declínio da sociedade feudal e a ascensão da burguesia mercantilista, que exigia sua própria estrutura para prosperar, influenciando não apenas a ciência, mas o ensino. A universidade precisava preparar o profissional apto a realizar as mudanças físicas e sociais necessárias a esse novo estilo de vida. O objetivo da ciência deixou de ser o engrandecimento do indivíduo e passou a ser dar solução aos problemas gerados pelas forças econômicas do seu tempo.
Diante das forças conflitantes, questiona-se como é possível uma educação libertadora em ciências, sendo que a resposta envolve a instrumentalização do cidadão com o conhecimento clássico ou científico para que, através da educação, descubra como atuar por si mesmo ("o saber é a condução necessária para a libertação"). Em que pese a educação seja determinada pelas relações econômicas, ela também pode influencia-las e altera-las (Gramsci e Saviani).
Em que pese a educação seja determinada pelas relações econômicas, ela também pode influencia-las e altera-las (Gramsci e Saviani). O critério mercadológico pauta a ciência, todavia o conhecimento científico pertence à humanidade como um todo, não devendo assim ser reduzida ao lucro potencial de determinadas forças do capital. O potencial brasileiro é imenso, mormente a diversidade e concentração de recursos naturais existentes no país. Assim, é necessário que todos os estudantes (e não apenas os filhos da elite) sejam estimulados a utilizar e proteger esse potencial.
A história externalista propõe o estudo da história como a soma das lutas e demandas socioeconômicas ao longo do tempo, e o cientista como o resultado dessas forças aplicadas no indivíduo. O ensino pelo cotidiano deve ter seu significado ampliado para tudo aquilo que nos cerca, no micro (o eletromagnetismo e sua utilização no chuveiro elétrico) ao macro (motivos para o desenvolvimento da eletricidade, a matriz energética brasileira).