A imagem dos evangélicos no Brasil construída a partir da mí
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Por: Diego D.
27 de Março de 2016

A imagem dos evangélicos no Brasil construída a partir da mí

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A imagem dos evangélicos no Brasil construída a partir da mídia

Crentes, evangélicos, pentecostais, neopentecostais, protestantes, batistas, metodistas, adventistas. Sem cortar os cabelos e só usando saias, marchando para Jesus, carregando Bíblias, maciçamente presentes nas TVs e rádios, realizando shows da fé e grandes concentrações, na liderança de importantes complexos educacionais. Responsáveis por introduzir hábitos como o Dia das Mães e até mesmo as comemorações do Natal, como fazemos hoje no Brasil, este grupo cresce de maneira caótica e desorganizada, sem uma liderança única, impondo à Igreja Católica Romana em 2011 o seu menor percentual histórico, ameaçando assim sua a hegemonia.

 

Não está distante o senso comum que apontava existir uma vantagem em empregar pessoas que se apresentavam para o serviço doméstico como “crentes” ou ter no “caixa” de um estabelecimento comercial alguém com a mesma identidade. Até meados da década de 1970 era possível ouvir destes empregadores expressões de tranquilidade, pois haviam conseguido trazer para o seu convívio pessoas que carregavam consigo princípios de honestidade, não tinham vicio do jogo e da bebida e possuíam como característica a dedicação ao trabalho, o comprometimento e o respeito.

 

Identificando a Imagem dos Evangélicos no Brasil

Pierre Bordieu, em O Poder Simbólico, afirma que além da dominação clássica entre classes estabelecida pela força do trabalho e acumulação do capital, há outra que se estrutura tendo como base o poder simbólico. Este poder se constrói tendo como alicerces os valores simbólicos: linguagem, conhecimento e obras de arte. O produto linguístico, desta forma, pode ser visto como fator de acumulação simbólico de capital, estabelecendo parâmetros e verdades.

 

Tendo como base a construção do pensamento de Bordieu para o tema, é possível entender a dinâmica pela qual as matérias apresentadas na mídia impressa são constituídas de sentido e possibilitam a montagem de um cenário do qual todos os indivíduos fazem parte. Deixam de existir classes sociais, passa a existir uma sociedade. Neste sentido, a imprensa não pode mais ser vista como um veículo que representa ou retrata uma realidade, mas um veículo onde a realidade busca suas referências.

 

A partir daí e na tentativa de entender a imagem dos evangélicos construída pela mídia impressa, foi realizado nos anos 2.000 uma pesquisa exploratória envolvendo os seguintes meios de comunicação: Revista VEJA, Revista ÉPOCA, Revista SUPERINTERESSANTE, Revista ISTO É,  Jornal O Estado de São Paulo e Jornal Folha de São Paulo. Em aproximadamente 900 edições dos jornais e 128 edições das revistas semanais, foi possível obter perto de 200 matérias que tratavam como foco central os “evangélicos”.

Alguns aspectos saltaram aos olhos:

- há uma homogeneização dos diferentes perfis existente entre os chamados evangélicos, sendo apresentados como um grupo único, com o mesmo comportamento e liderança, apontando para um claro desconhecimento dos jornalistas sobre a estrutura organizacional e histórica que constituem;

“Segura na mão de Deus: os evangélicos ignoram partidos, mas são muito disciplinados na hora de obedecer às suas igrejas” – Revista VEJA

“Voto em cima dos púlpitos: Os eleitores evangélicos mostram força nas urnas” – Revista EPOCA

“Evangélicos constroem uma nova sede em Minas, a maior do Estado : neoclássico, templo terá 28 mil metros quadrados de construção, com 5.000 assentos” – Folha de São Paulo

“Afro-brasileiros se dizem perseguidos por evangélicos” – Folha de São Paulo

- há uma significativa quantidade de matérias onde o foco está no envolvimento em trâmites políticos nem sempre legais, em atividades nem sempre honestas, em ações voltadas a uma categoria de pessoas manipuláveis e sem capacidade de discernimento;

“Não, Não e Não: bancada evangélica descobre que pode ser esmagada com a reforma política e, com fervor religioso, luta pra sobreviver” – Revista VEJA

“Bispo da Universal declara apoio a petista, mas espera  ‘compromisso’” – Folha de São Paulo

- o tema comportamento vem na sequência onde se destacam, estereotipadas, situações pouco elogiosas;

“Acarajé de Cristo: baianas evangélicas recusam-se a usar roupa de filha-de-santo e criam polêmica em Salvador” – Revista EPOCA

“A meca das “Madalenas Arrependidas” : A Igreja Sara Nossa Terra, fundada em 92 no meio acadêmico hoje abriga um grande rebanho de famosos” – Jornal O Estado de São Paulo

“Carreiras salvas pela força da fé: Artistas encontram no filão evangélico a chance de sair do ostracismo e retornar à trilha do sucesso perdida no passado”

- os temas policiais estão presentes em todos os veículos, exceto a Revista SUPERINTERESSANTE. São em grande número e traz destaque para desvio de dinheiro de fiéis, aquisição de bens ilegalmente por parte de pastores e líderes evangélicos e atos de envolvimento em negócios espúrios;

“Igreja Universal é condenada a pagar indenização por dano moral” – Folha de São Paulo

“Sou um pastor gay: teólogo diz que há assédio nas igrejas evangélicas e que parte do preconceito contra homossexuais se deve a traduções erradas da Bíblia” – Revista ÉPOCA

 

Concluindo: e onde está o marketing?

Se de um lado o conceito de segmentação tem permitido que a proposta de um cristianismo reformado ampliasse seu rebanho, do outro lado permite que a imagem a eles instituída seja formatada não pelos aspectos positivos, mas pelas idiossincrasias inerente a qualquer agrupamento de pessoas.

 

Se observado tendo como pano de fundo os fundamentos do marketing é possível afirmar que o ‘P’ comunicação e o ‘P’ preço, aqui estabelecido como valor de troca, ainda necessitam de ajustes por parte desta comunidade.

 

Se não podem ser identificados a partir de um único perfil, devem buscar apresentar sua identidade de maneira mais clara, fazendo uso de ferramentas que permitam distinguir entre as diferentes formas de troca existentes. Aí que o conceito de valor se faz presente: quando cada indivíduo está disposto a pagar para pertencer a uma igreja, denominação ou seita?

 

 

http://revistadaespm.espm.br/?p=656

Diego D.
Diego D.
Limeira / SP
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