Formação de Professores

Formação de Professores: Conceito e História

    A compreensão da atual conjuntura ao que se refere a formação de professores no Brasil, parte da contextualização histórica o seu conceito. Ferry (1983) descreve a formação de professores como uma abordagem de desenvolvimento do indivíduo que tem por objetivo a aquisição ou aperfeiçoamento de capacidades.

    Nesta perspectiva, é uma formação que se difere de outras, sendo dividida em três aspectos. O primeiro aspecto é a formação dupla. Já o segundo, é uma formação profissional. O terceiro e último, trata-se de uma formação de formadores. (FERRY, 1991)

    García (1999) define a formação de professores com a competência de transmissão de conhecimento com viés social, de saber-fazer ou compreender que o ato de ensinar está interligado ao benefício do sistema socioeconômico, ou da cultura dominante. O autor ainda sustenta que:

A formação pode também ser entendida como um processo de desenvolvimento e de estruturação da pessoa que se realiza com o duplo efeito de uma maturação interna e de possibilidades de aprendizagem, de experiência dos sujeitos. Por último, é possível falarse da formação como instituição. (GARCÍA, 1999, p. 19).

     Garcia (1999) ao analisar as diferentes tendências e perspectivas da formação de professores, define que:

A formação de professores é a área de conhecimentos, investigação e propostas teóricas e práticas que, no âmbito da Didática e da Organização Escolar, estuda os processos através dos quais os professores- em formação ou em exercício- se implicam individualmente ou em equipa, em experiências de aprendizagem através das quais adquirem ou melhoram os seus conhecimentos, competências e disposições, e que lhes permite intervir profissionalmente no desenvolvimento do seu ensino, do currículo e da escola, com o objetivo de melhorar a qualidade da educação que os alunos recebem (GARCIA, 1999, p. 26).

     Para este mesmo autor, a formação de professores “é uma área de conhecimento e investigação” (GARCIA, 1999, p. 26) em que o profissional da educação se apropria de novos conhecimentos e estes contribuem para os seus métodos de ensino e aprendizagem.

    Garcia (1999) descreve que, em 8 de março de 1939, no Brasil foi criada a primeira instituição chamada Escola Normal, ou também conhecida como seminário central de mestres do reino, tendo por responsável pela sua direção Pablo Montesinos.

    Sobre as escolas normais, Guzman (1986) afirma que houve por parte do ministro francês Lakanal, a designação desta nomenclatura, pois eram as escolas que estabeleciam a norma docente, ou seja, norteando o ensino que viria a ser aplicado em escolas primárias, nas quais os modelos onde a outro nível se estudava a norma didática que focava na formação de professores para o ensino infantil.

    Essas escolas normais surgiram para uma formação inicial aos professores de ensino primário. Antes do aparecimento delas, haviam, na Espanha, vários tipos de professores. Cada professor possuía um determinado tipo de conhecimento (GARCIA, 1999).

    De acordo com Delgado (1980) os mestres que se formavam, aprendiam com base na observação de alguém com experiência prévia, ou seja, a teoria era inexistente e se resumia ao ensino de leitura, escrita, cálculo e caligrafia. O autor afirma que os mestres eram conhecidos por outras nomenclaturas. Dentre elas, destacam-se os termos leccionistas, os quais ensinavam no privado, e mestres só de leitura, os quais ensinavam seus alunos somente a ler.

    Segundo Garcia (1999) o ministro Bergamín, em 1914, publicou um plano que permaneceu até 1931, o qual diz que o título de mestre deveria ser unificado e, desde então, foi reduzido o número de alunos para 50 em cada sala de aula, o ensino público por concurso feito em 4 anos.

    No plano, constava que os mestres tinham que ter acesso às escolas normais depois de concluir o bacharelato para se igualar a cultura dos outros profissionais. Após essa formação, os alunos passavam por um concurso e tinham que cumprir um ano de prática nas escolas, e por recompensa estes alunos tinham a garantia da oportunidade de iniciação à docência.

     Dado o contexto, nas poucas universidades que tinham cursos bacharéis, foram acrescentados mais um ano de disciplinas na área da educação para que os professores adquirissem a licenciatura e fossem aptos também a dar aulas para o ensino secundário.

    Esse mesmo modelo também foi seguido pelos cursos de Pedagogia no ano de 1939, pelo qual formava professores bacharéis e professores para as escolas normais ao nível médio. Em 1986, o conselho federal aprovou o parecer nº 161 que tratou da reformulação do curso de pedagogia, dando autorização aos professores para lecionarem também do 1º ao 4º ano do fundamental (GATTI, 2010).

    Com a lei n° 9.394/96- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, houve uma mudança no curso de formação de professores, o que significou concretização e inserção. No ano de 2002, o curso de licenciatura foi implementado e aprovado pelo Conselho Nacional de Educação. Mas a formação era mais específica, com pouca disponibilidade e preocupação de uma formação pedagógica.

    Os cursos de graduação em pedagogia surgiram só em 2006, a partir de vários debates realizados pelo Conselho Nacional de Educação que concedeu a resolução n° 1 de 15 de maio, juntamente com as Diretrizes Curriculares Nacionais, que destinavam a formação de professores para ingresso na Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e também Educação de Jovens e Adultos. (GATTI, 2010)

     É esperado que o pedagogo, após a sua graduação, esteja habilitado ao ensino de alunos surdos, no entanto, este não se configura como o retrato da realidade no Brasil. Este profissional precisa estar em processo de formação continuada para ensinar alunos surdos.