Histórico dos Surdos
Por: Ester S.
10 de Junho de 2022

Histórico dos Surdos

O surgimento da língua Brasileira de Sinais

Libras Cultura Surda Histórico do Surdos História da LIBRAS Dificuldades de Aprendizagem Antiguidade

1.Contextualização e Conceito da Surdez

    A Contextualização sobre o histórico dos surdos, está interligada a compreensão do conceito de palavras “povo surdo” e “comunidade surda”, dado que há diferenças entre ambos, embora, complementares. Strobel (2009, p.6) relata que “o povo surdo é grupo de sujeitos surdos que têm costumes, história, tradições em comuns e pertencentes às mesmas peculiaridades, ou seja, constrói sua concepção de mundo através da visão”.

     Ademais, entender acerca da sociedade surda, sugere a compreensão de relacionamento de outros sujeitos que embora não sejam surdos, tenham necessidade de construção de diálogo a exemplo de familiares, intérpretes, professores, amigos e outros que participam e compartilham os mesmos interesses em comuns em uma determinada localização que podem ser as associações de surdos, federações de surdos, igrejas e outros (STROBEl, 2009).

    Na Antiguidade, os surdos eram discriminados pelas suas diferenças. Em algumas regiões, eles eram exaltados como se fossem deuses. Porém, em determinados lugares, eles eram mortos de diversas formas por causa de sua deficiência, conforme descrito abaixo:

Matam-se cães quando estão com raiva; exterminam-se touros bravios; cortam-se as cabeças das ovelhas enfermas para que as demais não sejam contaminadas; matamos os fetos e os recémnascidos monstruosos; se nascerem defeituosos e monstruosos, afogamos-los, não devido ao ódio, mas à razão, para distinguirmos as coisas inúteis das saudáveis (Séneca apud SILVA, 1986, p.128-129).

    Um monge na Itália utilizava da sinalização nas mãos para conseguir manter silêncio em suas reuniões (PEREIRA, 2008). Logo, as ações iniciais para o ensino das crianças surdas a ler e escrever surgiram no século XVI, com o Monge chamado Benedito Pedro Ponce de León (1520-1584), que defendia que o surdo era capaz de aprender, tanto que criou a primeira escola com objetivo de educar surdos em Valladolid. (PEREIRA, 2008).

    Posteriormente, na Espanha, Juan Pablo Bonet(1579-1623) deu sequência aos trabalhos de León ao escrever seu primeiro livro “Reduccion de las letras y arte para enseñar a hablar a los mudos”, o ano da publicação do livro foi em 1620 em Madrid, Espanha. Bonet também apoiava o ensino precoce do alfabeto manual as pessoas surdas (STROBEL, 2009). Sabe-se que Ponce de León e Bonet foram os primeiros a contribuir com seus métodos e estudos para que os surdos vivessem um padrão de normalidade na sociedade.

1.2 O surgimento da língua de sinais

    A descoberta inicial dos estudos da língua de sinais, se deu por intermédio do francês Charles Michel L´Epée (1712-1789) que ao conhecer duas irmãs gêmeas com surdez, que utilizava gestos para se comunicar, se interessou pelo aprendizado dessa linguagem e características inerentes a essa forma de comunicação. Com a língua de sinais francesa, chamada de “Sinais metódicos’’, L´Epée ensinava as pessoas surdas (STROBEL 2009).

    L´Epée inaugurou sua primeira escola pública para as pessoas surdas, com o nome “Instituto para Jovens Surdos e Mudos de Paris”. Nesta instituição, o Francês ensinava os alunos a se comunicar com sinais. L´Epée também publicou um livro “A verdadeira maneira de instruir os surdos-mudos”, no qual foi incluído nesta obra o alfabeto manual, feito por Juan Pablo Bonet (1579-1623), e as regras sintáticas (STROBEL 2009, p. 22).

     Segundo Strobel (2009), a comunicação em sinais, no Brasil, surge por volta de 1855, com a chegada de um surdo chamado Ernest Huet. Ele fundou no dia 26 de setembro de 1857 um Instituto Nacional de Educação dos SurdosINES, com a sua localização no Rio de Janeiro.

 O Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), órgão do Ministério da Educação, tem como missão institucional a produção, o desenvolvimento e a divulgação de conhecimentos científicos e tecnológicos na área da surdez em todo o território nacional, bem como subsidiar a Política Nacional de Educação, na perspectiva de promover e assegurar o desenvolvimento global da pessoa surda, sua plena socialização e o respeito às suas diferenças. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2018)

    Inicialmente a instituição era conhecida como um centro que servia como asilo somente para meninos surdos de todo o Brasil, e acordo com Strobel (2008). O autor expõe que Ernest Huet, por ser surdo, teve grandes dificuldades para ensinar os alunos no instituto nacional de ensino de surdos, o que se atribui também ao fato de ele não ser reconhecido pelas famílias brasileiras como cidadão, comprometendo a confiabilidade do seu trabalho pedagógico.

    No ano de 1880, foi sediado em Milão na Itália um Congresso, que representou um regresso na conquista de direitos dos surdos. Na ocasião proibiu-se o uso de sinais nas escolas de surdos, na Europa. Segundo Wrigley (1996), a história dos surdos representava uma decepção, que gerou impacto negativo na vida das pessoas surdas, não se comparando a nenhum outro fato anterior.

    Conforme menciona Strobel (2009) haviam 164 delegados no evento, sendo uma boa maioria de franceses e italianos a favor do oralismo, os delegados votaram pela proibição da língua de sinais nas escolas da época. Apenas os Estados Unidos e Inglaterra eram a favor do uso da língua de sinais.

     Os próprios educadores surdos foram proibidos de votar. Com a influência de Grahn Bell pelas criações de aparelhos auditivos, admirados e cridos como uma solução para a “cura” da surdez, o Congresso finalizou com a aprovação do método oral, único e exclusivo para a educação de surdos.

   No Brasil, a comunidade surda vem adquirindo alguns direitos. Um deles surgiu com a Lei n°40.436, de 24 de abril de 2002, determinando que a Libras deve ser admitida como uma comunicação e expressão utilizada pela comunidade surda. A lei também garante a inclusão do surdo no processo de ensino e de aprendizagem de escolas regulares (FELIPE, 2006)

    A Constituição de 1988, reconhece a educação como direito fundamental, o que permite que as leis sejam aprimoradas para assim garantir aos surdos um ensino amplo e de qualidade.

1.3 LIBRAS

    A Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS é conceituada com uma língua natural que aporta níveis de complexidade que são inerentes aos sistemas linguísticos que servem à comunicação e de base aos pensamentos das pessoas dotadas da faculdade de linguagem, enquanto língua natural surgida entre os surdos brasileiros da mesma forma que o Português, o Inglês, o Francês, dentre outros idiomas e dialetos, originários de outras línguas, e que têm propósitos linguísticos para daqueles que as usam. (FERREIRA, 2010)

     Le Goff (2003) afirma que no estudo de memória histórica é necessário evidenciar as diferenças entre sociedades de memória essencialmente oral e sociedades de memorias essencialmente escrita, como também as fases de transição da oralidade escrita.

    De acordo com Goldfeld (2002), no ano de 1911, foi estabelecido o oralismo puro no Brasil. Este pensamento pedagógico acerca dos surdos permaneceu na educação por quase um século. Sendo assim, não era utilizada a língua de sinais, pois se acreditava que a surdez era algo que podia ser resolvido com tratamento médico e a possibilidade do surdo se comunicar com as mãos eram inexistentes.

Entre os anos de 1970 a 1990, a história da educação do surdo no Brasil passou por mudanças pouco significativas. Este panorama começou se alterar com estudos sobre a importância do uso da língua de sinais na educação do surdo (GOLDFELD, 2002).

    A teoria do bilinguismo representou para aquele contexto, uma proposta de ensino usada por escolas que se propuseram a tornar acessível às crianças duas línguas no contexto escolar. Desde então, os estudos se referem-se a esta proposta como sendo a mais adequada para o ensino de crianças surdas, tendo em vista que considera a língua de sinais como língua natural e parte desse pressuposto para o ensino da língua escrita (QUADROS, 1977).

    Conforme a Lei N° 10.436, de 24 de abril de 2002 (Lei de Libras), no Art.1, a Libras é reconhecida como meio legal de comunicação expressão a ela associado.

Parágrafo único. Entende-se como língua Brasileira de Sinais- Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidade de pessoas surdas no Brasil. (BRASIL, 2002)

... Se você leu o texto, por favor curte e comente  me ajuda muito ;).  E para quem leu o outro artigo, acabei publicando o errado, agora esse sim é o certo.

Me desculpem;)

 

 

 

 

 

 

 

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