A ciência em Hollywood
Por: Felipe R.
08 de Agosto de 2016

A ciência em Hollywood

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Recentemente temos tido um pequeno boom em como a ciência é vista na cultura Pop. Ano passado tivemos o ótimo (mas não perfeito) "Interstellar" de Cristopher Nolan (Batman, A Origem) e este ano o também muito bom "Perdido em marte" do consagrado Ridley ScotT (Alien, Gladiador). No Óscar deste ano tivemos: "A teoria de Tudo", sobre o físico Stephen Hawking e "O Jogo da Imitação" sobre o matemático Alan Turring concorrento fortemente (a academia adora biografias) em diversas categorias. Para nós, amantes da ciência, é muito bom que ela seja levada ao grande público... ou será que não?

Imagem 1: Benedict Cumberbatch como Alan Turring

 

Falar de ciência para quem está no meio acadêmico nem sempre é fácil e quando ela é levada  para fora deste meio, nos chamados espaços informais (cinema, tv, teatro...) a dificuldade é maior ainda e a isso deve ser feito de forma muito cuidadosa, pois o poder da mídia de criar uma ideia (seja ela "certa" ou "errada") é muito grande. Temos aqui que ressaltar que um filme de ficção científica (os dois primeiros acima citados) não tem por função ficar restrito ao conhecimento científico vigente. Estes filmes procuram estabelecer uma lógica interna que dê respaldo aos acontecimentos.  Já as biografias (os dois últimos acima citados) tem por função ser o mais fiel possível a história.
 
Embora não haja um consenso entre os acadêmicos sobre a validade deste tipo de material na divulgação científica, é nítido que ele desperta o interesse de uma grande parte de seus espectadores para ir em busca de conhecimento científico. Soma-se a este fator, os tons cada vez mais maduros e realistas que a linguagem cinematográfica vêm assumindo e temos o nosso boom sobre filmes que tratam de ciência de uma forma séria. Para este tipo de filme, que se vende como realista, ressalto aqui dois grandes perigos:
 
- Os Erros conceituais
 
- Os Estereótipos
 
A fim de se resolver o primeiro tipo de erro, os produtores de cinema tem investido cada vez mais na consultoria de especialistas e no acompanhamento durante a produção de um filme/série.  Veja por exemplo Kip Thorne que acompanhou o processo de criação de Interstellar. O Buraco negro mostrado no filme é muito parecido com o que os cientistas acreditam ser um buraco negro real. Ele foi gerado através de cálculos matemáticos e não se trata apenas de animação ou conceitos artísticos. Apesar dessa fidelidade toda, alguns efeitos foram desconsiderados nas simulações para não confundir o público. Portanto não é exatamente o Buraco Negro mais realista que iremos ver ou vimos.
 
Perdido em Marte teve a NASA como sua consultora (só eu notei o "propagandismo" do filme?), além de ser lançado na semana em que a própria agência espacial divulgou notícias em relação a Marte.
 
Imagem 2: Matt Daemon é abandonado em Marte
 
Estes são apenas alguns exemplos que mostram como a arte, o entretenimento e a ciência podem andar juntos. Portanto, com um bom investimento e seriedade podemos minimizar ao máximo os erros conceituais de um filme/série que pretende abordar a ciência de forma séria. Mas e quanto ao segundo problema? Como trabalhar personagens e situações para que não sejam cartunescas ou mesmo estereotipadas, levando uma ideia errada para o grande público? 
 
Diferente do que muitos pensam a ciência é uma produção completamente humana, portanto os "fazedores de ciência" não são super-humanos e nem sempre gênios que possuem insights o tempo todo. Tão pouco precisam ser egocêntricos ou problemáticos, ou os famosos "esquisitões".
 
Imagem 3: o esquisitão inteligente de The Walking Dead, Eugene
 
Acima de tudo, seja em biografias ou filmes de ficção estamos falando de seres humanos, com tendências, crenças e uma história de vida. Mostrá-los sempre como estereótipos ou clichês cria no público uma ideia errada sobre aqueles que estão envolvidos com a produção científica.
 
A cena que já virou meme na internet com Matthew Mcconaughey's reagindo a uma situação em que a relatividade é abordada de uma forma plausível científicamente e extremamente humana foi uma das cenas mais emotivas que presenciei nas telinhas em 2014 (Depois disso a reação de Matthew é usada em qualquer trailer de cinema como sátira, veja abaixo)

https://www.youtube.com/watch?v=akHm_5pt23E

 

Pode parecer contraditório, mas muitas vezes o maior problema que os filmes sobre ciência encontram não está relacionado à própria ciência e sim à parte humana.

O artigo foi originalmente publica no blog do professor, conheça!

 

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