A história das vacinas
Por: Hélio A.
04 de Setembro de 2020

A história das vacinas

Um experimento social arriscado

Biologia Vacina Imunologia Biologia Ensino Médio ENEM Ensino Fundamental Vestibular Reforço escolar

No século XVIII, na Inglaterra e em toda a Europa, bem como em regiões da Ásia (Índia e China, por exemplo) eram acometidas por uma doença altamente contagiosa. Isso quer dizer que a doença “se espalhava” de pessoa para pessoa.Os sintomas eram: pústulas (bolhas com pus que podem infeccionar) na pele, febre alta, dores musculares, dores de barriga e vômitos intensos. A doença acometia as vias respiratórias e o coração. Quando em estágio avançado, quase que certamente, levaria à morte. Essa doença ficou conhecida como varíola e chegou a matar cerca de 500 milhões de pessoas, sendo que naquele tempo a população de humanos era de quase 800 milhões. No entanto, uma doença com sintomas muito parecidos acometiam às vacas, mas não as matavam. Com o tempo, as vaquinhas “saravam” da doença. Essa mesma doença das vacas poderia ocorrer em algumas pessoas, mas de forma branda (mais fraca) e não matava tantas pessoas. Na verdade, muitas sobreviviam. Essa doença era descrita como uma “varíola branda”.

Hoje, sabemos que o causador dela é um vírus: uma criatura com características de seres vivos, mas que não possui célula ou energia para sobreviver. Sendo assim, esse vírus infecta células de outros seres e injeta seu conteúdo genético nelas, forçando-as a trabalhar para ele. Não é à toa que chamamos “vírus de computador” de vírus, pois eles alteram todo o funcionamento das máquinas, assim como esses vírus mudam o funcionamento das células que atacam.

No ano de 1796, um médico e naturalista britânico muito “inovador” chamado Edward Jenner, buscava pela solução a essa doença que matava tantas pessoas na Europa toda. Lembrando que naquela época não havia Facebook nem WhatsApp para as pessoas se comunicarem. O que ele não sabia é que toda a região da Eurásia sofria com essa doença tão grave. (mostrar mapa da Eurásia).

Jenner notou que as vacas da Inglaterra eram afetadas por uma doença muito parecida com aquela que afetava as pessoas. Um dia, observando uma fazendeira que ordenhava uma vaca com pústulas nas tetas, ou seja, doente, percebeu algo intrigante: “como ela não fica doente?”. E assim pôs-se a observar outras fazendeiras que ordenhavam vacas leiteiras e doentes. Parece nojento tomar leite de vacas com varíola, não? Naquela época isso não era desculpa. Ou era o leite da vaca com varíola, ou era a fome. Pois bem, ele reparou que muitas não ficavam doentes. E quando ficavam, apresentavam poucos sintomas da doença e logo melhoraram. O mais incrível, é que elas aparentemente ficaram imunes à doença, visto que nunca mais ficavam doentes.

Nessa observação, Jenner notou que quando as tetas das vacas eram puxadas, algumas pústulas se rompiam e um pus escorria nas mãos e no balde de leite daquelas pessoas. Como as condições sanitárias daquela época não eram as melhores, era inevitável o contato com aquela substância. A frase “porque se sujar faz bem” começou a fazer sentido.

Jenner então fez algo que hoje seria preso se pensasse em fazer (caso ainda estivesse vivo). Chamou um menino saudável de 8 anos, James Phipps, e uma moça leiteira, Sarah Nelmes, que apresentava sintomas da varíola branda. Jenner, com o uso de um instrumento parecido com uma seringa, retirou um pouco do pus das pústulas de Sarah e inoculou o pus na criança. No outro dia, o menino apresentou sinais parecidos com a doença de Sarah: febre, algumas pústulas e tosse. Pouco tempo depois, estava melhor. Então, Jenner chamou o garoto novamente e desta vez inoculou um material presente nas pústulas de pessoas acometidas pela varíola propriamente dita (aquela que era de fato perigosa). E adivinhe? O garoto não desenvolveu sintoma algum e ficou perfeitamente saudável, assim como Sarah, que havia ficado doente uma vez, mas nunca mais adquiriu a doença.

Vocês acham que isso foi o suficiente? Jenner tinha poucas evidências que havia descoberto como aquela doença funcionava. Para isso, foi preciso repetir o experimento várias vezes. Inclusive usou seu próprio filho como cobaia e todos os experimentos apresentavam os mesmos resultados: após a aplicação de uma cepa da varíola branda, as pessoas desenvolviam algum tipo de resistência à doença. Esse método foi batizado de Vaccina que significa, não à toa, vaca.

Seu método então passou a ser replicado diversas vezes na Europa. O que Jenner não sabia era que na China e no Médio Oriente essa técnica já era praticada há 200 anos antes que Jenner descobrisse o método de imunização. Lá na China, restos de feridas de varíola eram secas ao sol e as pessoas inalavam o pó. Os resultados, claro, eram os mesmos que os obtidos por Jenner. Mas é sempre o pesquisador europeu que fica famoso na história, não é mesmo?

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