Cavaquinho brasileiro

O cavaquinho é um instrumento que há muito tempo tem protagonismo em nossa cultura. Acredita-se que antes mesmo da chegada da família real portuguesa em 1808, podia-se encontrar o instrumento em território brasileiro. Em meados do século XIX figura na companhia de violões e flauta nas modinhas, lundus e choros que acabaram por consagrar o cavaquinho como elemento identitário de nossa expressão musical. O Brasil tem fundamental importância no desenvolvimento do instrumento, tanto em questões estruturais como sonoras, conseguindo grande difusão em nossa música popular. Para alguns autores brasileiros como Oneyda Alvarenga, Mário de Andrade e Renato Almeida o cavaquinho brasileiro tem origem portuguesa, já Luís Câmara Cascudo acredita que sua origem é a Ilha da Madeira, devido às diferenças na escala e no tamanho com relação aos tipos lusitanos.

Segundo o sistema de classificação de instrumentos musicais desenvolvido por Hornbostel-Sachs em 1914, o cavaquinho é identificado como um cordofone composto (com caixa de ressonância) da classe dos alaúdes de alça ou braço. Apesar da duvidosa origem do instrumento, os principais pesquisadores portugueses acreditam que o cavaquinho português teria como provável origem a Espanha, devido à existência de instrumentos similares como a requinto, a guitarra, guitarrón ou guitarrico, além do correspondente italiano chitarrino. Gonçalo Sampaio também acredita numa relação com os tetracórdios e sistemas helénicos. Apesar da descendência hispânica foi em Portugal, mais precisamente na região do Minho, que o cavaquinho se desenvolveu inicialmente, encaixando-se perfeitamente no acompanhamento rítmico-harmônico das danças folclóricas da região. Em Portugal o cavaquinho se espalhou por todo país, chegando a Braga, Porto, Lisboa e ao Algarve, além das ilhas da Madeira e Açores. A expansão marítima europeia fez com que o cavaquinho português chegasse ao Havaí, Cabo Verde, Indonésia e Brasil.

Dentre as principais caracteristicas que distinguem o cavaquinho brasileiro dos tipos de portugueses, podemos citar o aumento de suas dimensões estruturais, as diferenças no tamanho da escala e o uso de palheta e cordas de aço. O tipo brasileiro é um pouco maior, com sua caixa de ressonância (corpo do instrumento) sendo mais largo e profundo na parte inferior do instrumento. O braço do instrumento possui uma escala com 17 trastes que se prolongam até a boca do instrumento, sendo a escala levemente elevada em relação ao corpo. A afinação mais comum do instrumento é, do agudo para o grave (de baixo pra cima), Ré-Si-Sol-Ré. Porém, a utilização da afinação Mi-Si-Sol-Ré também é muito comum, pois faz relação com as quatro primeiras cordas do violão. Todas essas alterações trouxeram maior projeção sonora ao instrumento, possibilitando seu uso também como instrumento melódico, sobretudo no choro. 

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