
Vícios de linguagem

em 09 de Janeiro de 2020
As duas versões contidas no título estão corretas e podem ser utilizadas. São, na verdade, sinônimos perfeitos, já que possuem o mesmo sentido.
Por haver duas formas de se escrever, coisa e cousa constituem o que chamamos em Língua Portuguesa de formas gráficas variantes, fenômeno que também ocorre com outros pares em nossa língua.
O significado de coisa e cousa são muitíssimo amplos, podendo abranger praticamente tudo que existe, exceto pessoas. Ao atribuir o substantivo feminino coisa a uma pessoa, dá-se uma ideia de desvalorização do indivíduo e o tom torna-se pejorativo.
Nas sentenças abaixo, temos alguns exemplos de aplicação dos termos coisa e cousa.
- A coisa está realmente feia. Muitas lojas tradicionais estão baixando as portas (coisa: situação econômica).
- Nunca vi semelhante cousa mais complicada do que essa (cousa: problema).
- Meus armários estão vazios. Preciso ir ao mercado comprar algumas coisas (coisas: produtos/alimentos).
- O centro da cidade está repleto de atrações. É possível fazer várias coisas (coisas: atividades).
- Odeio quando mexem nas minhas coisas (coisas: objetos pessoais).
Notavelmente, coisa é a forma mais comum e usual, contudo cousa ainda é forma existente e dicionarizada, podendo ser aplicada sem risco de erro.
Tanto cousa quanto coisa derivam da palavra latina causa. Com a evolução das línguas, o ditongo au presente no original causa evoluiu para o ditongo ou. Anos após, o ditongo ou, por uma questão de facilitação fonética, evoluiu para oi. Tais ocorrências explicam a existência dos pares que se seguem:
Cousa (primeira versão) - Coisa (segunda versão)
Louro (primeira versão) - Loiro (segunda versão)
O contrário também se registra na Língua Portuguesa. Palavras que originalmente eram grafadas com ditongo oi, ao evoluírem, passaram a ser escritas com ditongo ou. Note os exemplos:
Toiro (primeira versão) – Touro (segunda versão)
Oiro (primeira versão) – Ouro (segunda versão)