Exercício de interpretação de texto
Por: Marilia M.
28 de Maio de 2018

Exercício de interpretação de texto

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‘A professora não gostava de pobre’: bolsistas criam página contra preconceito em universidade carioca

Jefferson Puff - @_jeffersonpuff Da BBC Brasil no Rio de Janeiro

 

"Você é pobre? E bolsista? Não sabia que a PUC misturava o tipo de gente que estuda Relações Internacionais, até porque é um curso que exige inglês, né?"

Foi assim que um aluno da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, a PUC-Rio, bolsista do ProUni e morador de um bairro do subúrbio carioca, diz ter sido recebido por um colega no primeiro semestre de aulas, durante um debate sobre cotas raciais.

"Eu não consegui dizer nada, e meus colegas também não disseram nada. Foi a primeira de muitas vezes em que pensei em largar a PUC", conta o estudante, hoje formado pela tradicional universidade privada carioca, considerada de elite - mas onde 51% dos 12.760 alunos são bolsistas.

O relato do aluno está na página "Bastardos da PUC-Rio", que em menos de um mês já tem 6 mil curtidas no Facebook.

Alusão ao termo "filhos da PUC", usado pelos alunos e professores da instituição, o nome da página foi escolhido pelo grupo justamente para deixar claro que eles não se sentem acolhidos nem tratados como iguais aos estudantes pagantes.

Todos os depoimentos são anônimos.

"Tudo começou num grupo de WhatsApp que a gente criou justamente para falar sobre esse tipo de humilhação e discriminação por sermos pobres, pretos e de periferia ou favela", conta Gabriel Gomes, de 22 anos, aluno do 7º período do curso de Publicidade e bolsista do ProUni.

Com o acúmulo de relatos e desabafos, Gomes juntou-se a outros sete colegas para criar a página, que vem recebendo uma média de três relatos por dia. Desde a criação, no início de setembro, o grupo já recebeu 47 depoimentos, dos quais publicou 27.

Segundo um levantamento informal com 31 dos estudantes que enviaram suas experiências pessoais, a maioria tem entre 17 e 24 anos e leva entre duas e três horas para chegar ao campus, na Gávea, bairro nobre da Zona Sul do Rio.

Nenhum tem carro, e grande parte é morador de favela ou de bairros da periferia da Zona Norte e da Baixada Fluminense - uma realidade que, de acordo com os alunos, incomoda professores e colegas.

 

 

'Mundos diferentes'

Segundo o grupo, há professores que logo no início do semestre fazem questão de identificá-los e destacá-los.

"Quando o professor pergunta diante de toda a turma onde você estudou no Ensino Médio, em que bairro você mora, a profissão dos seus pais ou diretamente se você é bolsista, é óbvio que isso é uma forma de discriminação. Na maioria das vezes eu sou o único que estudou em escola pública, de uma sala inteira", diz Gomes.

Um dos relatos com mais repercussão na página, com mais de 3 mil curtidas, é o de uma aluna do curso de Design, bolsista do ProUni.

"Tive a infelicidade de me matricular em uma disciplina cuja professora não gostava de pobre. Isso ficava evidente nas muitas piadinhas que ela fazia sobre empregadas domésticas", conta.

"No primeiro dia de aula, informei a ela que eu sempre chegaria atrasada, porque eu saia do trabalho e não conseguia chegar no início da aula. A partir de então virei piada. As piadas me incomodavam e eu tentava fugir do campo de visão dela durante as aulas, e quanto mais eu me escondia, mais ela me percebia e chamava a atenção pelo fato de eu estar excluída da turma", completa.

Em outro relato que gerou muitos comentários, uma aluna de Jornalismo que estagiou na TV universitária afirma ter sido alvo de racismo.

"Sou negra e na época meu cabelo era relaxado, o que significa que toda vez que ia gravar tinha que fazer chapinha. Morando longe e acordando cedo, nem sempre dava tempo ou tinha ânimo. Uma vez, quando não tinha que gravar nada, minha chefe me falou: Por que está com esse cabelo horrível? Se eu precisar te mandar entrevistar o reitor, não tem como desse jeito! Tem que fazer chapinha! Isso na frente de outras pessoas."

Para Lucas Clementino, de 19 anos, estudante do 1º período de Arquitetura e bolsista do ProUni, há um "ciclo vicioso" na universidade.

"Aqui é muito comum que ex-alunos se tornem professores. É um ciclo. Eles acham que a PUC pertence 100% a eles, à classe social deles. Eles vêm a gente como a minoria, como os invasores, e quando se tornam professores estimulam isso nos alunos e legitimam o preconceito", afirma ele, integrante do grupo.

Em outro depoimento enviado à página, uma aluna diz ter ouvido de uma colega um comentário discriminatório porque não tinha um smartphone moderno.

"Tive um trabalho em conjunto e meus colegas montaram um grupo no WhatsApp. Pedi pra fazermos isso no Facebook, porque meu celular era bem antigo e não tinha esse recurso. Eu não tinha grana pra comprar outro melhor e isso nem me fazia falta na época. Uma menina olhou pra mim e disse "sai da caverna, sua louca! Hoje em dia qualquer um consegue comprar um iPhonezinho, vai!". Na época, senti certa pena de mim. Hoje, sinto muita pena dela."

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Questões- Parte 1

1-      Tanto no título quanto no primeiro parágrafo, o autor não cita quem faz as denúncias sobre o “preconceito na PUC- Rio”, apenas no segundo parágrafo é que ficamos sabendo a fonte das reclamações. Por que o redator faz isso?

 

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2-      “Foi assim que um aluno da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, a PUC-Rio, bolsista do ProUni e morador de um bairro do subúrbio carioca, diz ter sido recebido por um colega no primeiro semestre de aulas, durante um debate sobre cotas raciais.”

 

O trecho não traz o nome do aluno que afirma tal informação. A que se deve esse fato?

 

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3-      Ainda sobre o parágrafo acima, o redator usa a seguinte expressão “diz ter sido recebido...”. O que justificaria a escolha do verbo “dizer” nesse trecho?

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4-      "Eu não consegui dizer nada, e meus colegas também não disseram nada. Foi a primeira de muitas vezes em que pensei em largar a PUC", conta o estudante, hoje formado pela tradicional universidade privada carioca, considerada de elite - mas onde 51% dos 12.760 alunos são bolsistas.

           Explique o jogo de ideias proposto pelo redator ao apresentar a frase em negrito.

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5-      “Com o acúmulo de relatos e desabafos, Gomes juntou-se a outros sete colegas para criar a página, que vem recebendo uma média de três relatos por dia. Desde a criação, no início de setembro, o grupo já recebeu 47 depoimentos, dos quais publicou 27”.

 

Em sua opinião, por que nem todos os depoimentos foram publicados?

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6-      “Nenhum tem carro, e grande parte é morador de favela ou de bairros da periferia da Zona Norte e da Baixada Fluminense - uma realidade que, de acordo com os alunos, incomoda professores e colegas”.

 

Explique a inclusão da expressão “de acordo com os alunos”, em destaque no trecho, com base na intenção central do redator.

 

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7-      “51% dos 12.760 alunos são bolsistas”.

“Na maioria das vezes eu sou o único que estudou em escola pública, de uma sala inteira", diz Gomes.

Explique a oposição entre essas duas ideias contidas no texto.

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8-      “quanto mais eu me escondia, mais ela me percebia e chamava a atenção pelo fato de eu estar excluída da turma", completa.

 

O que, de fato, esse trecho nos diz a respeito do comportamento da aluna denunciante?

 

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Marilia M.
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Marilia M.
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Português - Primeiro ao Nono ano Português - Português Análise Morfológica
Graduação: Letras- Português/Inglês e suas respectivas Literaturas (Fundação Santo André)
Mais de 15 anos de experiência lecionando aulas de Gramática, Redação, Literatura e Interpretação de Texto.
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