
Vícios de linguagem

em 09 de Janeiro de 2020
Há muito tempo ou a muito tempo?
Ambas as formas existem em nossa língua, mas há severas diferenças de contexto e de aplicação entre elas, devendo haver atenção e critério no momento da aplicação entre uma e outra opção.
As diferenças estão alocadas na questão do tempo em que cada expressão está situada. Há muito tempo, pela presença do verbo haver abrindo a frase, faz referência sempre ao passado. Note o uso em frases:
- Não o vejo por aqui há muito tempo.
- Há muito tempo que não vou ao cinema.
- Não me lembro mais com tantos detalhes do dia de meu casamento. Isso aconteceu há muito tempo.
- João desejava trabalhar nesta empresa há muito tempo quando ele finalmente conquistou a posição.
Um erro bastante comum entre os usuários da Língua Portuguesa é acrescentar o termo atrás à expressão há muito tempo, o que é considerado como pleonasmo (efeito de repetição), uma vez que o verbo haver, no sentido de passagem do tempo, sempre está vinculado ao passado.
Já a muito tempo é locução que está vinculada ao futuro, contextualizando algo que ainda irá acontecer. Analise as sentenças:
- Começamos a namorar agora e ainda não pensamos em casamento. Isso só acontecerá a muito tempo.
- Minha formatura da graduação será a muito tempo ainda.
Frequentemente, utilizamos a muito tempo com o termo daqui na frente, iniciando a expressão e indicando período que liga o presente a um futuro ainda incerto. O acréscimo em nada altera a grafia da locução. Observe a ocorrência:
- Daqui a muito tempo, começarei a pensar em me casar.
- Joana e Carlos começaram a fazer o planejamento da viagem internacional mês passado. Eles só viajarão daqui a muito tempo.
- Daqui a muito tempo, pensarei em casar e ter filhos para formar uma família.