O que é Yoga afinal?

O que é Yoga afinal? Seria uma série de poses que vamos fazendo em seqüência, tendo como resultado uma sensação de estar cansado, mas ao mesmo tempo relaxado, tranqüilo e energizado?

Bom, de fato, nós nos sentimos assim!

Entretanto, se eu lhe dissesse que isso é só o início, o primeiro capítulo, o primeiro passo, de toda uma ciência de vida, transformadora que busca o controle da mente e a transcendência do corpo físico. Isso lhe pareceria plausível?

Não tem nada de físico no Yoga! É isso mesmo, você não leu errado. Não tem nada de físico no Yoga!

Aí você pode estar se perguntando “Mas eu não estou ali, fazendo poses, movendo meu corpo pra lá e pra cá e você me diz que não é físico?”.

A resposta é sim! Eu uso o corpo físico durante a prática, mas é a relação com a mente que realmente importa!

Deixe-me explicar melhor...

As posturas (e não poses como falei anteriormente) trazem benefícios em termos de saúde e vitalidade ao corpo físico; desenvolve o sistema digestivo e excretor, trabalha a flexibilidade do quadril, sanidade da coluna vertebral e tonifica o sistema nervoso central. Porém, apesar de todos os benefícios, esse não é o foco dos asanas (nome em sânscrito para posturas). Dizemos “posturas” e não “poses” porque exige do praticante uma ação psicossomática, na qual a mente e seu estado são o protagonista. O corpo é apenas um instrumento pelo qual se lapida e desenvolve o controle da mente. E quando a mente está focada e tranqüila é que se está preparado para o “Real Yoga”.

O que fazemos na prática é só um exercício para o Método Real – utilizo este termo transcrito dessa forma, em maiúsculo e itálico, porque se refere à realeza, ao supremo, ao verdadeiro método: a Raja Yoga. Vamos explorar a etimologia da palavra Raja e Yoga para entendermos melhor esse conceito. Começamos com Yoga.

Muitos a traduzem como “união”, o que não está incorreto. Porém, seu sentido real, no contexto prático, é “método”. Há sim uma busca pela união entre a sua natureza (Prakrti), o corpo físico, com a mente (Purusa), consciência plena, com o intuito de transcender o corpo. É daí que vem o mais comum entendimento da palavra Yoga como união. Entretanto, na realidade, quando nos referimos à prática, estamos falando do método, da maneira como se busca a transcendência. Por isso, Yoga é método. No caso de Raja, seu significado vem de “realeza”, “real” ou “nobre”. Sendo assim, quando juntamos os dois termos, temos então o Método Real ou Grande Método.

Estamo-nos referindo ao método supremo, pelo qual controlamos os distúrbios da mente, unimos consciência plena com o corpo físico e transcendemos a existência carnal para nos unirmos com o divino: a Meditação.

Através da retenção interna dos sentidos (Pratyahara), a concentração em um objeto específico (Dharana) e a meditação sobre esse objeto (Dhyana), busca-se o controle da mente, a transcendência do corpo físico e união com o divino ou iluminação (Samadhi). Esse objetivo é alcançado através da prática de Raja Yoga, quando o praticante vence os ciclos de reencarnação e transcende o sofrimento, encontrando-se ou se unindo com a consciência plena.

São inegáveis os benefícios físicos e psíquicos da Yoga. O corpo, até então enfermo, cura-se, a mente perturbada ganha foco, estabilidade e saúde. Posso afirmar isso como sendo parte da Yoga, mas não é seu objetivo. Não é o que a define. Yoga é transcender o corpo físico, é controlar a mente e encontrar a libertação. Isso é Yoga!