Medo de trovão
em 12 de Dezembro de 2022
Quando você se depara com a palavra “Yoga”, o que lhe vem à cabeça? Começamos com essa pergunta essencial já que compreender a forma que nós pensamos sobre algo corresponde a metade do caminho para entender e assimilar o correto compreendimento de algo. Se você pensou em: namastê, calças licra justas, tatuagens do OM, tapetinhos, prop’s, incenso, flow, música new age, etc. Você acertou! Se você pensou em: meditação, respiração, posturas, práticas de limpeza, filosofia, etc. Você também acertou!
É difícil conceituar hoje o que é ou não Yoga. Porque mesmo aqueles que ensinam segundo a tradição não escapam de “contemporaneizar” para que aquilo que lhes foi transmitido seja corretamente compreendido, assimilado e perpetuado adiante. O que podemos afirmar sim é que a compreensão da palavra Yoga é diferente quando o interlocutor é um asiático e um ocidental.
Ainda que compartilhem da mesma origem, o Yoga praticado no Ocidente é muito mais voltado para o físico e as questões básicas da mente, tendo explorado um conceito fundamental da Yoga que é o asana. Entretanto, correspondendo à apenas um oitavo da prática tradicional. Portanto, é uma prática benéfica para o corpo humano, mas superficial ao mesmo tempo, levando em conta o potencial da arte.
Para o oriental, Yoga é a prática. É a expressão da busca filosófica “Quem sou Eu?”. É o método pelo qual acesso ao Todo que há em mim e Eu que está no Todo. A autorrealização. Samadhi. Yoga é união, mas é principalmente método. Método pelo qual se realiza a união. “A união do que?”, você pode estar se perguntando. A união de Purusha (consciência) e Prakriti (natureza ou expressão). Conceituados pelo sábio Kapila, muito antes dos Vedas, no Samkhya Karika. Samkhya é a filosofia ou drshyam (visão) que dá base a sua expressão prática: o Yoga.
Portanto, Samkhya é a filosofia e Yoga é sua prática. Prática pela qual o humano realiza a unidade corpo e consciência, sua parte do todo. Realização possível pelo estabelecimento de uma postura estável e confortável, controle da respiração e consequentemente a expansão da energia, abstração dos sentidos, concentração em um único objeto e meditação.
Só então, em profundo estado meditativo, quando meditador, meditação e objeto sob meditação se tornam unos é que se atinge a autorrealização. Isso é Yoga.