
Redes sociais e a Ilusão da relevância

em 31 de Maio de 2025
Este artigo aborda a filosofia moderna de Immanuel Kant, com ênfase no criticismo como método filosófico e na ideia de emancipação do sujeito racional. A partir da superação do dogmatismo racionalista e do ceticismo empirista, Kant propõe uma síntese entre razão e experiência, culminando na "Crítica da Razão Pura". Seu pensamento representa um marco de autonomia na história da filosofia, fundamentando a modernidade em bases racionais. Além disso, destaca-se o papel do esclarecimento (Aufklärung) como projeto emancipador da humanidade, que convida cada indivíduo a sair da menoridade intelectual por meio do uso livre da razão.
A filosofia moderna é marcada por uma profunda reavaliação das capacidades da razão humana. Entre os pensadores centrais deste período, Immanuel Kant (1724–1804) ocupa lugar de destaque por estabelecer um novo paradigma: o criticismo. Em resposta às limitações do racionalismo dogmático e do empirismo cético, Kant propôs um método crítico que analisa os limites e as possibilidades do conhecimento humano. Este artigo analisa o criticismo kantiano e sua relação com a ideia de emancipação, destacando o papel da autonomia da razão no projeto moderno de liberdade e esclarecimento. Logo, concluímos que o Kant afirmava que a crítica não significa dizer algo negativo sobre a razão ou a ética, mas sim analisar as condições de possibilidade.
Kant define seu método como "crítico", em oposição ao dogmatismo (que presume conhecer a realidade em si) e ao ceticismo (que nega a possibilidade do conhecimento). Para ele, é necessário investigar as condições de possibilidade do conhecimento, ou seja, como é possível conhecer.
Na Crítica da Razão Pura (1781), Kant diferencia:
Seu objetivo é responder à questão: "O que posso saber?", o que o leva à chamada revolução copernicana da razão — em vez de o sujeito se adequar ao objeto, é o objeto que se conforma às estruturas da mente humana (formas puras da sensibilidade: espaço e tempo; e categorias do entendimento).
Com isso, Kant estabelece que não podemos conhecer a "coisa em si" (noumeno), mas apenas os fenômenos, ou seja, aquilo que aparece ao sujeito. Pois o homem é o sujeito transcendental, ou seja, ele desconfia da razão em uma possibilidade que envolve espaço e tempo.
Além de epistemólogo, Kant é também um filósofo da liberdade. Em seu famoso texto “Resposta à Pergunta: O que é o Esclarecimento?” (1784), define esclarecimento como:
“a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. Menoridade é a incapacidade de servir-se do próprio entendimento sem a direção de outrem.”
A emancipação, portanto, está diretamente ligada ao uso autônomo da razão. Esse ideal de autonomia se manifesta em diversos campos:
A filosofia kantiana fundamenta, portanto, um projeto de ilustração, autonomia e liberdade, pilares do pensamento moderno e iluminista.
A obra de Kant marca a transição para a modernidade filosófica. Sua influência se estende à ética, política, ciência e estética. A partir dele, o sujeito se torna o centro da reflexão filosófica, capaz de construir o conhecimento e agir moralmente por si mesmo.
O projeto moderno, sob a influência kantiana, valoriza:
Kant fornece, assim, os fundamentos para uma visão laica, racional e emancipadora da existência humana.
Immanuel Kant representa uma ruptura e um avanço no pensamento filosófico. Seu criticismo estabelece os limites do conhecimento e aponta para a possibilidade de uma razão autônoma e emancipadora. Ao articular conhecimento, moralidade e liberdade, Kant dá forma a uma filosofia que continua sendo referência para os debates contemporâneos sobre ciência, ética, política e educação. Em um mundo ainda marcado por tutelas ideológicas, seu convite ao esclarecimento permanece atual: “Ouse saber!” (Sapere aude).
6. LIVROS
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2000.