Novos rumos do ensino superior.
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Por: Josimeire M.
17 de Abril de 2024

Novos rumos do ensino superior.

Repensar a universidade

História Atualidades

Novos rumos do ensino superior

Profª Josi Medeiros

 

Não nascemos prontos. Segundo Cortella (2009, p.13), “aprender sempre é o que mais impede que nos tornemos prisioneiros de situações que, por serem inéditas, não saberíamos enfrentar”.

Aprender é um convite à descoberta, a ressurgir, a renascer. E a este exercício de crescimento, conhecimento, dá-se o nome de educação.

Quando pronunciada ou pensada tal palavra, vem-se logo à mente a ideia de escola, aprender os números de um a dez, as letras do alfabeto, a respeitar fila, respeitar horários e prazos... A palavra Educação vem do latim “Educare” que significa “conduzir para fora”, “abrir caminhos”, “preparar para o mundo”. Se analisarmos o significado literal, podemos perceber a dimensão do sentido, algo que se inicia após o nascimento do ser, a partir do momento em que a mãe estabelece o horário de amamentação do filho, estabelece limites de comportamento, o que é permitido e o que não é, quando a criança sai às ruas para brincar e aprende as regras do jogo, quando aprende a música que toca no rádio, ou seja, o processo de educação tem como ponto de partida o processo de comunicação.

Partindo da teoria de Morin (2009, p.11), “A educação pode ajudar a nos tornarmos melhores, se não mais felizes, e nos ensinar a assumir a parte prosaica e viver a parte poética de nossas vidas”, é notável que quando o ser educando busca o estabelecimento de ensino, ele não está intencionado em simplesmente aprender, e sim buscando humanizar-se e realizar-se de alguma forma, visto que há na educação um compromisso central de mudar a ação do sujeito no mundo. É essa busca constante que permite que ele permaneça inserido no processo de descoberta, na troca de experiência de vida compartilhada mutuamente entre o que ensina e o que aprende.

Viajando na linha tempo da educação (institucional), percebemos que cada etapa desenvolveu-se de acordo com o momento político-social em que estava inserido, e na época vigente, torna-se necessária a implantação de metodologias ativas e participativas, onde os atores sociais – professores a alunos, envolvidos no contexto atual devem criar espaço para possibilidades, de trocas, de subjetividades, de construção de significados, ambos protagonistas de seu próprio crescimento, não mais como meros transmissores e espectadores, como lembra Roza (2008, p.23): Frente à extrema dinamicidade com que as informações são veiculadas na sociedade atual, as instituições de ensino se veem compelidas a ressignificar suas práticas pedagógicas e as buscar novos sentidos para o encontro entre professores e alunos. A conjectura atual em que se encontra a educação passa por um processo de reconstrução, o ser educando já é educado, ele apenas necessita compilar o conhecimento adquirido e extrair o que lhe será útil. Ele não busca as instituições de ensino com o intuito de aprender e sim de como buscar o conhecimento, como torná-lo compreensível e palpável. Para Roza (2008, p. 24), “a sala de aula passa a ser palco de discussões, de argumentações, de pesquisa” E o docente deve assumir a sua nova função: “A discussão a partir da complexidade pressupõe acolher a investigação como princípio pedagógico norteador, onde professor e aluno se lançam na construção de projetos – de vida, de saberes “. É chegada a hora de se viver um processo de ruptura de paradigmas para uma nova percepção de mundo, do fazer científico.

A universidade não deve ser mais um espaço de privilegiados, todo indivíduo que deseja inserir-se no mercado de trabalho ou deseja construir algum conhecimento, ou adquirir um diploma, pode, através de programas de incentivo, estudar em um curso superior. Sejam aqueles detentores de baixo poder aquisitivo, moradores da zona rural ou com deficiência, fazem parte desse universo múltiplo denominado de Universidade. Diante desta plateia heterogênea, o espaço universitário necessita passar por um processo de adequação, nos variados segmentos, para o acolhimento das diversas realidades a que a universidade se propõe atender, compreender os novos rumos, dos novos tempos e destes que chegam cheios de expectativas, de anseios. Não cabe mais nesse processo de transição em que se encontram as relações de conhecimento do mundo e das sociedades querer projetar um ser dotado apenas de cognição, de conhecimento de conceitos e normas sistemáticos. Estas seriam preocupações da Idade Moderna, de um tempo atrelado a interesses de grupos que visavam ter um ser/sujeito reprodutor de verdades cabíveis aos interesses capitalistas.

As universidades particulares/públicas devem investir na formação de seus docentes, para prepará-los psicoafetivamente, através de práticas que valorizem o conhecimento que cada um possui, respeitando a subjetividade, alteridade e individualidade, ou seja, desenvolver métodos pedagógicos pautados em relações dialogadas, reconhecendo a importância das questões afetivas em seus processos produtivos e de aprendizagem.

 Buitrago (2008, p.144) afirma: “A verdadeira “educação” considera o homem em todas as suas potencialidades: vitais, estéticas, sentimentais, volitivas, corporais, morais e não apenas intelectuais”. A formação do ser docente e discente vai muito além do conhecer teórico, de teses, teorias, postulados, mas o conhecer de si, o conhecer do grupo, o reconhecimento do território, da subjetividade, do corpo biográfico e de sua história. O processo de formação é inacabável, é inconcluso.

 

Referências

BUITRAGO, José Penalva. O professor como formador moral: a relevância do exemplo. São Paulo: Paulinas, 2008. (Coleção pedagogia e educação. Séria formação continuada)

CORTELLA, Mário Sérgio. Não nascemos prontos: provocações filosóficas. Petrópolis: Vozes, 2009.

DALBOSCO, Cláudio Almir. Pedagogia filosófica: cercanias de um diálogo. São Paulo: PAULINAS, 2007.(Coleção educação em foco)

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 2001.

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

FREIRE, Paulo.  Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983.

FREIRE, Paulo.  Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1996.

KRONBAUER, Selenir C. G; SIMIONATO, Margareth F. Formação de professores: Abordagens contemporâneas. São Paulo: Paulinas, 2008. (Coleção docentes em formação)

MITRE, Sandra Minardi et al. Metodologias ativas de ensino-aprendizagem na formação profissional em saúde: debates atuais. Artigo apresentado em 19 out 2006, versão final apresentada em 26 jul 2007.

MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Tradução Eloá Jacobina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,2009.

 

 

 

Josimeire M.
Josimeire M.
Mossoró / RN
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Graduação: Ciências Biológicas (Unopar)
Sabe porque o corpo sente dor? Não? Então, vem que eu te ensino isso e muito mais. Professora ciências e biologia.

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