NOVOS RUMOS DA EDUCAÇÃO
em 03 de Maio de 2024
Os sujeitos aprendizes em seus processos formativos, como uma substância pura em sua essência, vão se envolvendo com outras substâncias puras ou não, reagindo entre si e saindo do estado de pureza promovendo o desenvolvimento de produtos, ocasionando transformações em suas subjetividades educacionais. Como na mistura homogênea, as transições dos anos iniciais de escolarização se dissolvem como soluto e solvente, embora haja conflitos na mudança de etapas e anos, a transição é sutil provocando rupturas como acontece na transição dos anos iniciais para os anos finais.
Desta forma, na mistura heterogênea, as fases são bem definidas, os anos finais do fundamental tem uma estrutura bem diferente da que os alunos vinham acostumados durante os oito primeiros anos de sua vida escolar (educação infantil e ensino fundamental anos iniciais). Existe a mudança, o processo se torna diferente, se instala o caos na vida escolar dos alunos do 6º ano, e como define Morin “aprendemos que tudo aquilo que é só pode ter nascido do caos e da turbulência, e precisa resistir a enormes forças de destruição” (Morin, 1997). E para resistir as forças de destruição, como a perda de encantamento do aluno pela aprendizagem, declínio do rendimento escolar, até que a ordem se restabeleça, Morin elucida que “O Sol brilha à temperatura de sua explosão. A vida organiza-se à temperatura de sua destruição”.
REFERÊNCIAS
BRASIL, MEC. As Novas Diretrizes Curriculares que mudam o Ensino Médio Brasileiro. Brasília, 1998.
DIAS-DA-SILVA, M.H.G.F. Passagem sem rito: as 5ª séries e seus professores. Campinas: Papirus, Série Pedagógica,1997.
FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Interdisciplinaridade-transdisciplinaridade: visões culturais e epistemológicas. In: FAZENDA, Ivani Catarina Arantes (org.). O que é interdisciplinaridade? São Paulo: Cortez, 2008
FREIRE, Paulo Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa / Paulo Freire. – São Paulo: Paz e Terra, 1996. – (Coleção Leitura).
MOREIRA, Marco Antônio. O é afinal aprendizagem significativa. Instituto de Física – UFRGS- Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiabá, 2010. Disponível em <http://moreira.if.ufrgs.br/oqueeafinal.pdf>. Acesso em: 10/01/2024
Morin, Edgar. A cabeça Bem-Feita: repensar a reforma/Repensar o pensamento. Tradução Eloá Jacobina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.
RANGEL, Z. A. O processo de transição da unidocência para a pluridocência em classes de quarta para a quinta série do ensino fundamental: olhando a realidade e apontando caminhos. Dissertação de mestrado, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 2001
RONCA, Antônio Carlos Caruso. Teorias de ensino: a contribuição de David Ausubel. Temas psicológicos. [online]. 1994, vol.2, n.3, pp.91-95. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413389X1994000300009. Acesso 14/01/2024.
ROSA, D. & PROENÇA, E. A passagem da quarta para a quinta série: rupturas no sistema educativo e possibilidades de intervenção. In MARASCHIN;
SILVA, Maria Alcilene Gomes e Menezes et al. Metodologias alternativas no ensino de ciências da natureza e matemática: perspectiva docente. Anais III CONEDU. Campina Grande: Realize Editora, 2016. Disponível em <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/21406>. Acesso em 16/01/2024.
SIQUEIRA, Naiara, Martins da Silva; Ferreira, Lílian Aparecida. Informações e orientações em torno da transição do 5º para o 6º ano do Ensino Fundamental e a Educação Física. Bauru, Universidade Estadual Paulista, 2018. Disponível em: <https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/581821/2/PRODUTO_NMSIQUEIRA_2019.pdf> Acesso em: 15/01/2024.
Ao chegar no ensino fundamental II, anos finais, o sujeito aprendiz traz uma grande bagagem de conhecimento, e esses conhecimentos serão aprofundados de forma mais sistemática, com uma divisão de componentes curriculares que serão ministrados por profissionais específicos dentro de sua área de formação. Cada profissional, conduzirá o processo de ensino/aprendizagem a seu modo, com sua sistemática e metodologia.
Segundo Dias-da-Silva (1997) a transição do 5º para o 6º ano exige adaptação dos alunos ao novo ano, uma vez que essa organização é bem diferente das anteriores. Muitos professores entram e saem de salas, tem turmas diferentes, lecionam, cumprem seus programas e, quase sempre, não lhes sobra tempo nem para saber o nome de todos os alunos ao longo do ano. Siqueira (2018) comenta que a transição de níveis se inicia “pelas questões arquitetônicas e estruturais, as escolas de Ensino Fundamental I e Ensino Fundamental II possuem características físicas peculiares de cada nível de ensino. As turmas são menos numerosas, a decoração da sala é mais atraente, com números e cores, hora do parquinho, poucas(os) professoras(es), os pedagogos são polivalentes, ministram todos os componentes curriculares. A relação professor-aluno é mais “estreita”, os laços são mais fortemente estabelecidos. No ensino fundamental II e estrutura é maior, mais séria. E diante dessa nova realidade, os alunos recém-chegados ao ensino fundamental, anos finais, são obrigados a romperem com todos os paradigmas a qual estavam habituados.
Não somente na questão estrutural das escolas, mas no trato pedagógico dos componentes curriculares, no convívio com o novo ambiente escolar, novos amigos, materiais, livros didáticos, bem como mudanças na vida de professores e alunos envolvidos nesses ciclos, que exigem diversas adaptações. E como defendia Freire, 1997 – “Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação”. Assumir o risco e entender a situação nova em que os alunos estão inseridos é dever de toda a estrutura escolar, seja pela coordenação pedagógica, seja pelo próprio professor, que deverá estar aberto ao novo, a aceitar as incertezas e tentar adequar a sala de aula para uma melhoria no acolhimento desses aprendizes, tornando a transição menos difícil para o aluno.