Foto de Augusto E.
Augusto há 1 semana
Enviada pelo
Site

Por que em Kant e Schopenhauer a coisa-sem-si não pode estar

Por que em Kant e Schopenhauer a coisa-sem-si não pode estar em concordância qualquer forma do conhecimento (tempo, espaço e causalidade)? Por que não posso afirmar que as formas da razão condizem com a coisa-sem-si?
1 resposta
Professor Claudionor R.
Identidade verificada
  • CPF verificado
  • E-mail verificado
Respondeu há 1 semana
Contatar Claudionor

Em Kant e Schopenhauer, a coisa-em-si (não a 'coisa-sem-si', como você mencionou) não pode estar em concordância com as formas do conhecimento, como tempo, espaço e causalidade, porque essas formas pertencem ao domínio do fenômeno, não ao domínio do noumeno, ou seja, à coisa-em-si.

Em Kant:

Para Kant, o mundo como o percebemos é constituído por fenômenos — as coisas tal como aparecem a nós — que são organizadas pela nossa mente a partir de estruturas a priori, como o espaço e o tempo (formas da sensibilidade) e a causalidade (forma do entendimento). Isso significa que nosso conhecimento é limitado a essas estruturas, que funcionam como uma espécie de "filtro" pelo qual compreendemos o mundo.

A coisa-em-si (noumenon) é algo que existe além dessas formas de percepção. Ela está fora de nosso alcance cognitivo direto porque nossas faculdades de conhecimento só funcionam dentro dos limites do espaço, tempo e causalidade. Não podemos saber como é a coisa-em-si em sua realidade última, porque, ao tentar conhecê-la, sempre a percebemos através dessas formas. Assim, as formas do conhecimento não podem condizer com a coisa-em-si, porque a coisa-em-si está fora do alcance dessas formas.

Em Schopenhauer:

Schopenhauer, que se inspirou em Kant, segue uma linha similar. Ele afirma que o mundo que percebemos é apenas representação, ou seja, um construto da nossa mente mediado pelas formas de tempo, espaço e causalidade. No entanto, Schopenhauer vai além e propõe que a coisa-em-si é a Vontade, uma força irracional e cega que está além do conhecimento.

Assim como em Kant, a coisa-em-si em Schopenhauer (a Vontade) está além das formas da percepção. A Vontade, como a coisa-em-si, não está sujeita às categorias da razão, como tempo, espaço ou causalidade. Ela é atemporal e acausal, e, portanto, não pode ser apreendida ou compreendida através das formas de conhecimento que usamos para lidar com o mundo fenomênico.

Conclusão:

As formas da razão — tempo, espaço e causalidade — não condizem com a coisa-em-si porque essas formas pertencem ao domínio do fenômeno, enquanto a coisa-em-si pertence ao domínio do noumeno, que está além da nossa capacidade de conhecimento. A razão humana só pode operar dentro dos limites que ela mesma impõe para organizar o que percebemos, mas a coisa-em-si, sendo independente dessas formas, escapa ao nosso entendimento. 

O termo correto é coisa-em-si (Ding an sich) e não "coisa-sem-si". Esse conceito foi introduzido por Immanuel Kant para se referir à realidade tal como ela é independentemente de nossa percepção e conhecimento. A coisa-em-si é a essência das coisas, que não pode ser conhecida diretamente, pois só temos acesso ao mundo dos fenômenos — ou seja, às coisas como elas nos aparecem através das formas de sensibilidade (tempo e espaço) e das categorias do entendimento (como a causalidade). 

O termo "coisa-sem-si" é totalmente incorreto nesse contexto.

 
4o

Um professor já respondeu

Envie você também uma dúvida grátis
Ver resposta

Envie uma dúvida grátis

Resposta na hora da Minerva IA e de professores particulares
Enviar dúvida
Minerva IA
do Profes
Respostas na hora
100% no WhatsApp
Envie suas dúvidas pelo App. Baixe agora
Precisa de outra solução? Conheça
Aulas particulares Encontre um professor para combinar e agendar aulas particulares Buscar professor