Teorias sobre horror ao vácuo e como se consolidou a pressão

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O pedido faz sentido tanto no campo da filosofia quanto da física, já que o horror ao vácuo foi um tema especulativo antes de se consolidar como um conceito físico baseado em experimentação. A filosofia, especialmente no período antigo e medieval, muitas vezes tratou do vácuo mais como uma questão metafísica do que científica.

Platão, por exemplo, em Timeu, discute a ideia de um "receptáculo" que contém todas as coisas, rejeitando a possibilidade de um espaço vazio absoluto. Para Platão, o mundo é pleno, e o vazio seria uma contradição à ideia de uma ordem cósmica fundamentada na plenitude do ser.

Aristóteles foi mais influente nessa questão. Em sua obra Física, ele explicitamente rejeita a existência do vácuo, argumentando que a natureza abomina o vazio (horror vacui). Para Aristóteles, um vácuo implicaria a ausência de resistência ao movimento, o que seria impossível segundo sua concepção do universo. Essa visão prevaleceu por séculos, sendo reforçada por pensadores medievais como Tomás de Aquino.

O conceito começou a ser revisado no Renascimento e no início da Idade Moderna, com a contribuição de cientistas e filósofos naturais. No século XVII, Evangelista Torricelli conduziu experimentos que contradiziam a ideia aristotélica. Ele criou o primeiro barômetro de mercúrio e demonstrou que a "sucção" observada nos tubos não era causada pelo horror ao vácuo, mas pela pressão exercida pela atmosfera. Torricelli assim introduziu a ideia de que o vácuo poderia existir em pequenas escalas, como no topo do tubo do barômetro.

Posteriormente, Blaise Pascal expandiu os experimentos de Torricelli, demonstrando que a pressão atmosférica varia com a altitude, consolidando o conceito de pressão atmosférica. Suas experiências ajudaram a derrubar o paradigma aristotélico e abriram caminho para uma compreensão mais científica do vácuo e da atmosfera.

Portanto, o horror ao vácuo foi inicialmente uma ideia filosófica, baseada em especulações metafísicas sobre a natureza da realidade, mas foi revisitado e desmentido por experimentos científicos. Essa transição entre filosofia e ciência exemplifica como os dois campos frequentemente se entrelaçam no desenvolvimento do conhecimento humano.