Desmistificando o mito:

A célebre frase "Se é natural, então não faz mal" é um EQUIVOCO frequente, que farmacêuticos e outros profissionais de saúde ouvem das pessoas diversas vezes. O conhecimento popular muitas vezes nos leva a acreditar que produtos naturais não afetam o organismo, mas esse tipo de pensamento não é corréto.

É essencial reconhecer que produtos naturais também contêm substâncias químicas. Na verdade, muitos produtos sintéticos derivam de compostos encontrados originalmente na natureza. Um exemplo notável é a cloroquina e sua forma menos tóxica, a hidroxicloroquina, que tiveram destaque recentemente. Ambas foram desenvolvidas a partir do alcaloide natural quinina, originalmente extraído da quina, uma planta nativa da Cordilheira dos Andes na Bacia Amazônica. Os indígenas já a utilizavam em forma de chá para tratar a malária.

Estas substâncias químicas interagem com organismos biológicos, podendo ser benéficas ou prejudiciais. Por exemplo:

1. Erva de São João (Hypericum perforatum): Esta planta é um potente inibidor do Complexo Citocromo P450, o que pode diminuir a eficácia de diversos ansiolíticos, já que muitos deles dependem da interação com essas enzimas para funcionar adequadamente.
2. Guaco (Mikania glomerata): Pode aumentar as concentrações de certos antibióticos, como a tetraciclina, potencialmente levando à intoxicação.
3. Camomila (Matricaria chamomilla): Pode interagir com anticoagulantes, aumentando seus efeitos e aumentando o risco de hemorragias. Além disso, pode intensificar a sedação quando usada com sedativos, mas é importante lembrar que um aumento na sedação nem sempre é benéfico.

É fundamental manter-se atualizado para fornecer informações científicas precisas à população, especialmente porque a automedicação e o uso indiscriminado de medicamentos podem ser perigosos, principalmente quando há interações com plantas medicinais em jogo.