POLÍTICA FISCAL E A CURVA DE JUROS NOS EUA
Por: V C.
25 de Agosto de 2023

POLÍTICA FISCAL E A CURVA DE JUROS NOS EUA

O presidente americano Joe Biden cometeu um erro estratégico, pois começou seu governo aumentando os gastos públicos. Perdeu capital político

Economia Introdução à Economia Macroeconomia Microeconomia Economia Brasileira Contemporânea Economia Brasileira Aulas Particulares Econometria Profissional Curso superior Ensino superior Básica Concurso Exercícios Vestibular

Os primeiros treze pregões do mês de agosto foram marcados pelas quedas diárias de todos os índices americanos. Obviamente, igual movimento foi observado no Brasil. As razões para tal movimento se encontram na economia americana, mais especificamente na explosão dos retornos dos títulos de médio e longo prazo. A primeira vista tal movimento parece um paradoxo pois o Fed esta praticamente interrompendo o ciclo de alta de juros, que teve início em março de 2022. O intuito deste artigo é explorar as razões que explicam a queda da bolsa dos EUA e a explosão dos retornos dos títulos.

A alta de juros americana parece ter terminado. Neste sentido, poderíamos esperar uma relativa estabilidade da curva de juros. Isto porque parece que o aperto monetário já chegou ao fim e as expectativas para o futuro deveriam ser positivas. Não obstante, o retorno dos títulos de 10 anos está no maior nível desde 2007; o de 30 anos desde 2011 e do 10 anos atrelado a inflação desde 2009. A alta dos retornos dos títulos médios e longos poderia ser explicada pelo chamado ‘quantitative tightening’, processo de venda da carteira de títulos do Fed adquirido durante o ‘quantitative easing’ do Covid, que levou o balancete dele atingir 9 trilhoes de dólares. Tal hipótese não se verifica pois apesar do Fed ter anunciado em março de 2022 que iria começar a redução do balanço juntamente com a alta de juros, as vendas de títulos foram mínimas e não são capazes de explicar a alta dos retornos longos.

A alta brutal dos retornos dos títulos parece estar relacionada à piora fiscal do país. A relação dívida/PIB nunca esteve tão alta e atingiu 130%.  Isto levou a Fitch a rebaixou o rating da dívida pública americana de AAA para AA+, que agora fica igual a da nota do S&P. para o país.

Nos EUA, o financiamento do déficit fiscal ocorre via venda de títulos públicos de diversos vencimentos. A venda de tais títulos leva a um aumento dos retornos e explica a alta dos títulos de médio e longo prazo. Tal fenômeno é conhecido como dominância fiscal. Este problema emerge sempre que existe um banco central comprometido com a meta de inflação que está subindo juros (e portanto vendendo títulos) e um tesouro nacional que não tem compromisso com a estabilidade fiscal e precisa financiar seu déficit via venda de títulos públicos. Neste sentido, a alta de juros por razões de política monetária termina sendo ainda mais exacerbada devido ao componente fiscal, dada pela venda de títulos públicos necessários para financiar o déficit. Este é um jogo não cooperativo que passa a exigir que o Banco Central aumente os juros ainda mais do que necessário para neutralizar o afrouxamento fiscal.

O atual presidente americano cometeu um erro estratégico pois começou seu governo aumentando os gastos públicos. Aprendemos com o Príncipe de Maquiavel que: ‘quando fizer o bem faça-o aos poucos. Quando for praticar o mal, faça-o de uma vez só’. A lição de Maquiavel para o ciclo político é clara: os governos devem promover seus ajustes mais recessivos no início do seu mandato quando sua credibilidade é alta. À medida que o tempo passa e a população percebe que tem diante de si ‘mais do mesmo’, o governo perde capital político e o ajuste fiscal se torna um problema para o novo presidente. No caso do atual presidente americano, caso seja reeleito, dificilmente escapará de promover uma política austera logo no início do seu segundo mandato. A questão fiscal americana é tão grave que nos parece que seja quem for o novo presidente deverá conter na agenda um reequilíbrio das contas públicas americanas que exigirá uma queda de gastos e/ou aumento de impostos. No próximo final de semana teremos o encontro anual dos principais presidentes de bancos centrais do mundo, tradicionalmente realizado no resort localizado em Jackson Hole no Wyomin na última semana de agosto. Neste contexto, o discurso mais esperado é o do presidente do Fed. Resta saber se ele dará alguma pista acerca

Os primeiros treze pregões do mês de agosto foram marcados pelas quedas diárias de todos os índices americanos. Obviamente, igual movimento foi observado no Brasil. As razões para tal movimento se encontram na economia americana, mais especificamente na explosão dos retornos dos títulos de médio e longo prazo. A primeira vista tal movimento parece um paradoxo pois o Fed esta praticamente interrompendo o ciclo de alta de juros, que teve início em março de 2022. O intuito deste artigo é explorar as razões que explicam a queda da bolsa dos EUA e a explosão dos retornos dos títulos.

A alta de juros americana parece ter terminado. Neste sentido, poderíamos esperar uma relativa estabilidade da curva de juros. Isto porque parece que o aperto monetário já chegou ao fim e as expectativas para o futuro deveriam ser positivas. Não obstante, o retorno dos títulos de 10 anos está no maior nível desde 2007; o de 30 anos desde 2011 e do 10 anos atrelado a inflação desde 2009. A alta dos retornos dos títulos médios e longos poderia ser explicada pelo chamado ‘quantitative tightening’, processo de venda da carteira de títulos do Fed adquirido durante o ‘quantitative easing’ do Covid, que levou o balancete dele atingir 9 trilhoes de dólares. Tal hipótese não se verifica pois apesar do Fed ter anunciado em março de 2022 que iria começar a redução do balanço juntamente com a alta de juros, as vendas de títulos foram mínimas e não são capazes de explicar a alta dos retornos longos.

A alta brutal dos retornos dos títulos parece estar relacionada à piora fiscal do país. A relação dívida/PIB nunca esteve tão alta e atingiu 130%.  Isto levou a Fitch a rebaixou o rating da dívida pública americana de AAA para AA+, que agora fica igual a da nota do S&P. para o país.

Nos EUA, o financiamento do déficit fiscal ocorre via venda de títulos públicos de diversos vencimentos. A venda de tais títulos leva a um aumento dos retornos e explica a alta dos títulos de médio e longo prazo. Tal fenômeno é conhecido como dominância fiscal. Este problema emerge sempre que existe um banco central comprometido com a meta de inflação que está subindo juros (e portanto vendendo títulos) e um tesouro nacional que não tem compromisso com a estabilidade fiscal e precisa financiar seu déficit via venda de títulos públicos. Neste sentido, a alta de juros por razões de política monetária termina sendo ainda mais exacerbada devido ao componente fiscal, dada pela venda de títulos públicos necessários para financiar o déficit. Este é um jogo não cooperativo que passa a exigir que o Banco Central aumente os juros ainda mais do que necessário para neutralizar o afrouxamento fiscal.

O atual presidente americano cometeu um erro estratégico pois começou seu governo aumentando os gastos públicos. Aprendemos com o Príncipe de Maquiavel que: ‘quando fizer o bem faça-o aos poucos. Quando for praticar o mal, faça-o de uma vez só’. A lição de Maquiavel para o ciclo político é clara: os governos devem promover seus ajustes mais recessivos no início do seu mandato quando sua credibilidade é alta. À medida que o tempo passa e a população percebe que tem diante de si ‘mais do mesmo’, o governo perde capital político e o ajuste fiscal se torna um problema para o novo presidente. No caso do atual presidente americano, caso seja reeleito, dificilmente escapará de promover uma política austera logo no início do seu segundo mandato. A questão fiscal americana é tão grave que nos parece que seja quem for o novo presidente deverá conter na agenda um reequilíbrio das contas públicas americanas que exigirá uma queda de gastos e/ou aumento de impostos. No próximo final de semana teremos o encontro anual dos principais presidentes de bancos centrais do mundo, tradicionalmente realizado no resort localizado em Jackson Hole no Wyomin na última semana de agosto. Neste contexto, o discurso mais esperado é o do presidente do Fed. Resta saber se ele dará alguma pista acerca

Os primeiros treze pregões do mês de agosto foram marcados pelas quedas diárias de todos os índices americanos. Obviamente, igual movimento foi observado no Brasil. As razões para tal movimento se encontram na economia americana, mais especificamente na explosão dos retornos dos títulos de médio e longo prazo. A primeira vista tal movimento parece um paradoxo pois o Fed esta praticamente interrompendo o ciclo de alta de juros, que teve início em março de 2022. O intuito deste artigo é explorar as razões que explicam a queda da bolsa dos EUA e a explosão dos retornos dos títulos.

A alta de juros americana parece ter terminado. Neste sentido, poderíamos esperar uma relativa estabilidade da curva de juros. Isto porque parece que o aperto monetário já chegou ao fim e as expectativas para o futuro deveriam ser positivas. Não obstante, o retorno dos títulos de 10 anos está no maior nível desde 2007; o de 30 anos desde 2011 e do 10 anos atrelado a inflação desde 2009. A alta dos retornos dos títulos médios e longos poderia ser explicada pelo chamado ‘quantitative tightening’, processo de venda da carteira de títulos do Fed adquirido durante o ‘quantitative easing’ do Covid, que levou o balancete dele atingir 9 trilhoes de dólares. Tal hipótese não se verifica pois apesar do Fed ter anunciado em março de 2022 que iria começar a redução do balanço juntamente com a alta de juros, as vendas de títulos foram mínimas e não são capazes de explicar a alta dos retornos longos.

A alta brutal dos retornos dos títulos parece estar relacionada à piora fiscal do país. A relação dívida/PIB nunca esteve tão alta e atingiu 130%.  Isto levou a Fitch a rebaixou o rating da dívida pública americana de AAA para AA+, que agora fica igual a da nota do S&P. para o país.

Nos EUA, o financiamento do déficit fiscal ocorre via venda de títulos públicos de diversos vencimentos. A venda de tais títulos leva a um aumento dos retornos e explica a alta dos títulos de médio e longo prazo. Tal fenômeno é conhecido como dominância fiscal. Este problema emerge sempre que existe um banco central comprometido com a meta de inflação que está subindo juros (e portanto vendendo títulos) e um tesouro nacional que não tem compromisso com a estabilidade fiscal e precisa financiar seu déficit via venda de títulos públicos. Neste sentido, a alta de juros por razões de política monetária termina sendo ainda mais exacerbada devido ao componente fiscal, dada pela venda de títulos públicos necessários para financiar o déficit. Este é um jogo não cooperativo que passa a exigir que o Banco Central aumente os juros ainda mais do que necessário para neutralizar o afrouxamento fiscal.

O atual presidente americano cometeu um erro estratégico pois começou seu governo aumentando os gastos públicos. Aprendemos com o Príncipe de Maquiavel que: ‘quando fizer o bem faça-o aos poucos. Quando for praticar o mal, faça-o de uma vez só’. A lição de Maquiavel para o ciclo político é clara: os governos devem promover seus ajustes mais recessivos no início do seu mandato quando sua credibilidade é alta. À medida que o tempo passa e a população percebe que tem diante de si ‘mais do mesmo’, o governo perde capital político e o ajuste fiscal se torna um problema para o novo presidente. No caso do atual presidente americano, caso seja reeleito, dificilmente escapará de promover uma política austera logo no início do seu segundo mandato. A questão fiscal americana é tão grave que nos parece que seja quem for o novo presidente deverá conter na agenda um reequilíbrio das contas públicas americanas que exigirá uma queda de gastos e/ou aumento de impostos. No próximo final de semana teremos o encontro anual dos principais presidentes de bancos centrais do mundo, tradicionalmente realizado no resort localizado em Jackson Hole no Wyomin na última semana de agosto. Neste contexto, o discurso mais esperado é o do presidente do Fed. Resta saber se ele dará alguma pista acerca da dominância fiscal e dos rumos da política monetária.

 

Artigo publicado originalmente na íntegra na revista Isto É/Dinheiro de 25/8/2023, p.66.

 

R$ 90 / h
V C.
São Paulo / SP
V C.
Horas de aulas particulares ministradas 3 horas de aula
1ª hora grátis
Economia - Certificações Economia - Faculdade Economia Online
Doutorado: Economia (USC University of Southern California)
Professora de economia, matemática , estatistica e econometria com phd em economia. Ajudo você em diversas fases da sua vida escolar
Cadastre-se ou faça o login para comentar nessa publicação.

Confira artigos similares

Confira mais artigos sobre educação

+ ver todos os artigos

Encontre um professor particular

Busque, encontre e converse gratuitamente com professores particulares de todo o Brasil