Exercícios e doenças neuro-degenerativas
Por: Welton G.
01 de Dezembro de 2020

Exercícios e doenças neuro-degenerativas

Quais os benefícios do exercício no envelhecimento?

Educação Física Fisiologia do Exercício Fisiologia Humana

Dados da Organização Mundial de Saúde em 2014 apontavam que s população
mundial passou a alcançar uma expectativa de vida maior do que em décadas anteriores,
em virtude de novos conhecimentos terapêuticos e farmacológicos desenvolvidos, além
de melhorias na saúde pública. Como consequência, ocorreram mudanças
epidemiológicas na área patológica, como a identificação de diferentes doenças, tais
como as doenças neurodegenerativas.
Pensando nisso, a proposta do presente artigo traz consigo a prática de atividade física como ferramenta que pode ser utilizada pelo profissional de educação física tanto na prevenção quanto no tratamento coadjuvante de diferentes doenças crônico neurodegenerativas, a saber, Alzheimer e Parkinson, as duas condições totalizam mais de 60% dos casos de demências.
Alzheimer
A doença de Alzheimer (DA) é a forma mais cotidiana da demência, neste caso, os danos causados ao encéfalo são irreversíveis e não podem ser interrompidos, em geral, o primeiro aspecto clínico desta patologia é a deficiência da memória recente, seguido de dificuldades de atenção e fluência verbal, em virtude destas características, a DA é por vezes diagnosticada em estágios de degeneração já avançada, além de ser progressiva e irreversível, ou seja, a luz dos conhecimentos atuais, ela ainda não tem cura (QUERFURTH; LAFERLA, 2010).
A atividade física (AF) tem sido utilizada como ferramenta não-farmacológica para o tratamento de diversos tipos de patologias. A prática regular de AF tem mostrado efeitos neuroprotetores, sendo capaz de atenuar os depósitos de β-amiloide, e fosforilação da proteína tau, os dois principais causadores da Doença de Alzheimer (LEEM et al., 2011).
Que tipo de atividade seria mais indicada? Embora a maioria dos estudos tanto em humanos como em modelos animais tenha utilizado a atividade crônica de intensidade moderada (caminhada, corrida longa, esteira), um estudo de 2012 (figura 1), demonstra que pessoas que realizam menos atividades do cotidiano, como lavar louça, têm 2,3 mais chances de sofrerem de doença de Alzheimer do que as que praticam mais destas tarefas. Já aquelas que realizam menos exercícios intensos, como caminhada e corrida, têm 2,8  mais riscos do que as que se exercitam mais, podendo, portanto, estender os benefícios protetores da prática inclusive às tarefas do cotidiano (BUCHMAN et al., 2012).
No tocante a neurogenêse, Nokia et al. (2016) comparou o efeito de exercícios aeróbicos, exercícios intensos intervalados (HITS) e musculação, achando os melhores
benefícios no exercício aeróbico, tanto histologicamente, quanto quando usava marcadores como BDNF (neurotrofina central), assim esta parece ser umas das ferramentas mais segura atualmente, principalmente se lembramos que o portador da Doença de Alzheimer normalmente tem mais de 60 anos, portanto os exercícios bem orientados são uma ótima escolha como coadjuvante no tratamento. A caminhada é uma
ótima opção de exercício, por ser fácil e barata, dispensando o uso de aparelhos caros e sofisticados, Manidi (2001) explica também que o acompanhamento deve ser regular, pois a doença está constantemente evoluindo e os exercícios devem ser adaptados às possibilidades físicas e práticas do paciente. O autor sugere também que o profissional esteja atualizado, pois são constantes os estudos trazendo novidades sobre o tema.
Parkinson
A Doença de Parkinson (DP) foi descrita pela primeira vez em 1817 por James Parkinson, um médico inglês, membro do colégio real de cirurgiões (BERRIOS, 2016).
A DP é a segunda doença neurodegenerativa mais comum e causa rigidez, tremor, bradicinesia, fácies amímica e, em alguns casos, disfunção cognitiva e evolução para quadros demenciais (O’SULLIVAN; SCHIMITZ, 2004) e assim como o Alzheimer não tem cura.
1 Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3335448/figure/F2/
Pacientes com DP sofrem quedas que muitas vezes culminam com fraturas (33%) (VARA et al., 2011). Um trabalho realizado por Canning et al. (2015) mostrou que
pacientes com DP mais suave que praticaram exercícios obtiveram o número de quedas reduzidas, enquanto que aqueles com a doença grave apresentaram apenas uma melhoria da saúde física e psicológica, a imagem 2 retrata a aplicação pratica do exercício. Doze semanas de exercício, independentemente do tipo, é capaz de produzir força muscular e melhorar a mobilidade (DIBBLE et al., 2015), na imagem 3 percebemos a melhora da força na área mais afetada do paciente. Tabak et al. (2013) verificaram que oito semanas de treinamento aeróbio em bicicleta estacionária contribuiu para uma melhor função executiva após o exercício aeróbico em pessoas com DP com deficiências cognitivas.

CONCLUSÃO

Pode-se perceber que o exercício físico tanto pode agir na prevenção como no tratamento de patologias neurodegenerativas, no entanto, não se pode colocar o exercício como algo apenas positivo no desenvolver dessas doenças, podendo este também ser um agente estressor e desencadeante de complicações. É preciso também o entendimento do exercício como fator de proteção entre vários outros para que este receba o importante papel que possui sem o mesmo ser
sobreavaliado.
Um bom profissional, antes de realizar qualquer tipo de treinamento, deve buscar informações acerca das condições específicas do paciente para assim criar um programa de treinamento que venha a colaborar com as necessidades do indivíduo, melhorando sua qualidade de vida de um modo geral.
REFERÊNCIAS
BERRIOS, German E. Introdução à “Paralisia agitante”, de James Parkinson (1817). Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, v. 19, n. 1, p. 114-
121, 2016.
BUCHMAN, A.S.; BOYLE, P.A.; SHAH R.C.; WILSON, R.S.; BENNETT, D.A. Total daily physical activity and the risk of AD and cognitive decline in older adults.
Neurologia, v. 78, n. 17, p. 1323-1329, 2012.
CANNING, Colleen G. et al. Exercise for falls prevention in Parkinson disease A randomized controlled trial. Neurology, v. 84, n. 3, p. 304-312, 2015.
DIBBLE, Leland E. et al. Exercise and medication effects on persons with Parkinson disease across the domains of disability: a randomized clinical trial. Journal of neurologic physical therapy: JNPT, v. 39, n. 2, p. 85-92, 2015.
LEEM, Y. H.; LEE, Y. I.; SON, H. J. & LEE, S. H. Chronic exercise ameliorates the neuroinflammation in mice carrying NSE/htau23. Biochemical and biophysical research communications, v. 406, n. 3, p. 359-365, 2011.
MANIDI, M.J.; RENEE, Eve Levie. (Trad.). Atividade física para adultos com mais de cinquenta anos: quadros clínicos e programas de exercício. Manole, p. 235, 2001.
NOKIA. N.S.; LENSU. S.; AHTIAINEN, J.P.; JOHANSSON.P.P.; KOCH. L.G.;
BRITTON. S.L.; KAINULAINEN. H. The Journal of Physiology Neuroscience
Physical exercise increases adult hippocampal neurogenesis in male rats provided it is aerobic and sustained. J Physiol, v. 7, n.594, p.1855–1873, 2016.
O’SULLIVAN, S. B. Doença de Parkinson. In: SULLIVAN, SBO; SCHMITZ, TJ. Fisioterapia Avaliação e Tratamento. 4ª ed., São Paulo: Manole, cap, v. 23, p. 747-
782, 2004.
QUERFURTH, H. W. & LAFERLA, F. M. Alzheimer's Disease REPLY. New England Journal of Medicine, v.19, n. 362, p. 1844-1845, 2010.
TABAK, Rachel; AQUIJE, Gwendolyne; FISHER, Beth E. Aerobic exercise to improve executive function in Parkinson disease: A case series. Journal of Neurologic
Physical Therapy, v. 37, n. 2, p. 58-64, 2013.
VARA, Andressa Correa; MEDEIROS, Renata; STRIEBEL, Vera Lúcia Widniczck. O Tratamento Fisioterapêutico na Doença de Parkinson. Revista Neurosciências, p. 1-7,
2011.

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Doutorado: Educação Física - Licenciatura e bacharelado (Universidade Estadual do Ceará)
Professor universitário com quase 20 de estudo na educação física.
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