O verbo "to be": mocinho ou bandido?
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Por: Claudio S.
22 de Outubro de 2014

O verbo "to be": mocinho ou bandido?

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Desde que comecei a lecionar Inglês, a frase que mais ouço quando pergunto o nível de Inglês dos meus alunos é "eu só sei o verbo to be". No ínicio, achei que fosse um caso isolado, mas quando a frase se tornou corriqueira, eu percebi que se não se tratavam de coincidências isoladas, e sim de um modelo falho que ainda é altamente aplicado em diversas escolas do país.

O modelo empregado atualmente nas escolas (principalmente nas públicas, aonde o ensino do Inglês é subjugado e os professores desvalorizados) é um sistema quase mecânico: um professor passa aulas e aulas ensinando "I am, you are, he is, she is, it is, we are, you are, they are", pede para os alunos montarem meia dúzia de frases com isso, depois passa para o "I was, you were, he was, she was, it was, we were, you were, they were", pede para os alunos montarem mais meia dúzia de frases com isso, depois passa o "I'll, you'll, she'll, he'll, it'll, we'll, you'll, they'll", pede para os alunos montarem mais outra meia dúzia de frases com isso,  e o ano letivo acaba. No ano seguinte, a mesma coisa: o professor passa aulas e aulas ensinando novamente o verbo "to be" no presente, no passado e no futuro e acaba mais um ano letivo. Depois, a mesma coisa no seguinte, e no seguinte, e no seguinte... Até o aluno se graduar sabendo apenas o verbo "to be" e pensando que o idioma se reduz à isso.

E esse mesmo aluno, após se graduar, não tem a mínima vontade de aprender Inglês completamente, mesmo sabendo que atualmente o Inglês é o idioma global, e que mais de 1 bilhão de pessoas, entre nativos e não-nativos, falam ela em mais de 40 países aonde ela figura como idioma oficial, isso sem contar os países onde o Inglês não é língua oficial mas o número de falantes é significativo (como o Brasil, por exemplo). E não há como culpar esse aluno por ele não se interessar de fato pelo Inglês; você se interessaria por alguma coisa em que alguém passa anos ensinando algo completamente chato e mecânico? Certamente não. E é justamente por isso que esse modelo é falho: ele não se foca nos alunos aprenderem Inglês, ele se foca nos alunos terem uma matéria vulgarmente chamada de Inglês para preencher a grade curricular deles.

Aprender Inglês não deve começar com altas cargas de ensino gramatical, pois martelar na cabeça dos alunos as diversas variações do verbo "to be" antes mesmo de introduzir eles ao básico não fará com que eles se interessem pelo idioma; pelo contrário, fará com que eles sintam asco do Inglês, perpetuando nas suas cabeças que ele é chato, complicado, inútil, dentre outros adjetivos negativos. Aprender Inglês é quase como o processo de aprender Português: precisamos nos acostumar com o idioma, para então partir para o aprendizado teórico. Primeiro aprendemos a falar "mamãe" e "papai" para então aprender que mamãe não é diminutivo de mãe, que papai pertence ao gênero masculino, que o sujeito da frase "eu amo mamãe e papai" é "eu", e que o pronome possessivo empregado é "MINHA mãe" e "MEU pai", etc.

Aprender Inglês também requer tempo, requer paciência, requer dedicação, e acima de tudo, requer um objetivo. De nada adianta entregar dezenas de livros contendo milhares de regras gramaticais para um aluno se o objetivo dele é aprender Inglês para viajar à Disney ou ensinar meia dúzia de gírias médicas para um empresário que vai para Nova York à negócios. Assim como o turista não necessariamente irá precisar usar todas as regras para pedir uma Coca Cola e um Big Mac no McDonald's, o empresário certamente dispensará saber o que é um "X-ray CT" quando for à uma "skip level" com o diretor regional dos EUA e for pedido para preencher um "memo file".

Entretanto, saber o verbo "to be" evita gafes gramáticas terríveis, como o turista dizer "you is fantastic" para o ator que representa o Mickey ou o empresário dizer para o seu superior que "she were very nice at the airport" em relação à secretária que o esperava no aeroporto. Pequenos erros como esses são até aceitáveis no Brasil, podendo ser corrigidos por alguém de forma delicada, mas e quanto aos nativos? Imagine-se na situação deles se algum americano lhe falasse que "eu é muito fã do Brasil". Você poderia entender que ele está tentando dizer que é um grande fã do nosso país, mas usar "é" (terceira pessoa do singular) com eu (primeira pesoal do singular) é no minímo uma dor no coração de quem fala Português fluentemente e de forma correta.

Nesse cenário, eu questiono: o verbo "to be" é um mocinho ou um bandido? Temos um contraponto: de um lado, aqueles que desistiram de estudar Inglês na escola por que só aprenderam o verbo "to be" e aqueles que, por ter aprendido o verbo "to be", sabem dizer para o Mickey que "you ARE fantastic" na sua viagem para a Disney. Realmente, um impasse, que por ter um lado ruim e um lado ruim, precisa acentuar as suas qualidades e reduzir os seus defeitos à zero. 

Assim, proponho: abandonemos o modelo gramática-gramática-gramática em qualquer instância. Vamos ensinar e aprender Inglês de forma gradual, partindo do zero, do "a, b, c" (ei, bi, ci), do "one, two, three", do "mother and father", passando pelo "Hello, my name is...", chegando então ao "I am a very smart student" e terminando no "Now, I can speak English fluently thanks to my beloved teacher, that made me believe I would get here".

Claudio S.
Claudio S.
Curitiba / PR
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Graduação: Direito (Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR))
Tradução em Inglês, Inglês Avançado, Inglês Básico
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