
A zona de desenvolvimento proximal no ensino de inglês

em 23 de Julho de 2025
Desde os anos 1980, Stephen Krashen tem sido uma das vozes mais influentes na área da aquisição de línguas. Um de seus conceitos mais discutidos é o do filtro afetivo (affective filter), que postula que fatores emocionais — como ansiedade, autoestima e motivação — podem atuar como barreiras ou facilitadores no processo de aquisição de uma segunda língua. No contexto do ensino e aprendizagem do inglês, compreender e aplicar essa teoria é essencial para criar ambientes de aprendizagem mais eficazes e acolhedores.
O filtro afetivo é, segundo Krashen (1982), um dos cinco pilares de sua teoria da aquisição de segunda língua. Trata-se de uma metáfora que representa a forma como os estados emocionais de um aluno podem “bloquear” ou “abrir caminho” para que o input linguístico seja efetivamente processado e internalizado. Quando o filtro está “alto” — por causa do medo de errar, da vergonha, da desmotivação ou da tensão — mesmo um input adequado e abundante pode não ser adquirido de forma significativa. Já quando o filtro está “baixo”, o aluno está emocionalmente receptivo e pronto para absorver a nova língua.
No ensino do inglês, essa teoria tem implicações práticas relevantes. Em muitos casos, alunos que apresentam desempenho aquém do esperado não têm dificuldades cognitivas ou falta de exposição ao idioma, mas sim bloqueios emocionais que limitam sua participação e engajamento. Isso é comum, por exemplo, entre adultos que carregam traumas escolares, ou entre adolescentes que temem o julgamento dos colegas ao falar em voz alta.
Outros estudiosos seguiram explorando e aprofundando a importância dos fatores afetivos na aprendizagem de línguas. Horwitz, Horwitz e Cope (1986), ao desenvolverem o conceito de “ansiedade específica em sala de aula de línguas estrangeiras” (foreign language classroom anxiety), mostraram como esse tipo particular de ansiedade pode comprometer a fluência e a compreensão oral. Gardner (1985), com sua teoria da motivação integrativa, também trouxe à tona a importância de atitudes positivas em relação ao idioma e à cultura-alvo para o sucesso da aprendizagem.
A aplicação pedagógica da teoria do filtro afetivo passa, portanto, por estratégias como: criar um ambiente livre de julgamentos, valorizar os pequenos progressos, diversificar os estímulos sensoriais e tornar o processo de aprendizagem mais prazeroso e pessoal. Professores atentos à dimensão emocional de seus alunos são mais eficazes em manter o filtro afetivo em níveis baixos, favorecendo uma aprendizagem mais natural e profunda.
Em síntese, a contribuição de Krashen e de autores posteriores nos ajuda a reconhecer que aprender inglês vai além de gramática e vocabulário: envolve também o cuidado com o universo emocional do aprendiz. Sem acolhimento, motivação e segurança, o input simplesmente não alcança sua potência formadora.
Referências
GARDNER, Robert C. Social Psychology and Second Language Learning: The Role of Attitudes and Motivation. London: Edward Arnold, 1985.
HORWITZ, Elaine K.; HORWITZ, Michael B.; COPE, Joann. Foreign language classroom anxiety. Modern Language Journal, v. 70, n. 2, p. 125–132, 1986.
KRASHEN, Stephen D. Principles and Practice in Second Language Acquisition. Oxford: Pergamon, 1982.