
O papel da fossilização na aquisição do inglês

em 05 de Agosto de 2025
A fluência oral em uma segunda língua tem sido amplamente estudada sob diferentes enfoques, mas poucas abordagens têm demonstrado tanta relevância quanto a proposta por Stephen Krashen com sua teoria do input compreensível (comprehensible input). De acordo com Krashen (1982), os aprendizes de uma língua progridem em sua competência linguística quando são expostos a mensagens ligeiramente acima de seu nível atual de compreensão — conceito representado pela fórmula i+1. Essa ideia fundamenta boa parte dos métodos contemporâneos de ensino voltados para a comunicação, especialmente no desenvolvimento da fluência.
O input compreensível é qualquer exposição à língua-alvo que, mesmo apresentando novos elementos gramaticais ou lexicais, é inteligível graças ao apoio do contexto, do gesto, da entonação ou do conhecimento prévio. É, portanto, um tipo de exposição acessível e estimulante, que favorece a aquisição natural da linguagem, sem a necessidade de foco explícito em regras formais.
Para o desenvolvimento da fluência oral, o contato contínuo com esse tipo de input é essencial. Ao ouvir ou ler conteúdos levemente desafiadores, o aprendiz internaliza estruturas gramaticais, amplia seu vocabulário e melhora sua sensibilidade ao uso adequado da linguagem em contextos reais. Essa aquisição inconsciente reduz a ansiedade e favorece a espontaneidade da fala, promovendo um uso mais natural da língua.
Estudos empíricos reforçam a eficácia dessa abordagem. Swain (1985), ao propor a hipótese da output hypothesis, complementa Krashen ao sugerir que o input por si só não é suficiente — é preciso haver também espaço para produção oral. No entanto, para que essa produção ocorra com qualidade, é necessário que o aluno já tenha recebido input abundante, compreensível e contextualizado. Assim, o input torna-se o alicerce sobre o qual a fluência se constrói.
Em contextos pedagógicos, o uso de comprehensible input pode se dar por meio de histórias graduadas, vídeos autênticos com apoio visual, conversações com nativos em ritmo controlado, leitura de textos adaptados ou mesmo interações com recursos tecnológicos baseados em inteligência artificial. O papel do professor é curar e adaptar esses materiais para garantir que se mantenham dentro da zona ideal de aquisição do aluno.
Além disso, é importante considerar os aspectos afetivos envolvidos. A segurança emocional do aprendiz diante do input impacta diretamente sua disposição para interagir e experimentar com a língua. A criação de um ambiente acolhedor e livre de julgamentos é um dos pilares para que o input leve à fluência com naturalidade.
Dessa forma, compreender a relação entre input compreensível e fluência oral é essencial para desenhar experiências de aprendizagem mais eficazes. Não se trata de eliminar o ensino explícito, mas de reconhecer que, para muitos aprendizes, especialmente em níveis iniciais e intermediários, a exposição compreensível, frequente e contextualizada é o principal motor da fala espontânea e fluente.
Referências
KRASHEN, Stephen D. Principles and Practice in Second Language Acquisition. Oxford: Pergamon, 1982.
SWAIN, Merrill. Communicative competence: Some roles of comprehensible input and comprehensible output in its development. In: GASS, Susan; MADEN, Carolyn. Input in Second Language Acquisition. Rowley: Newbury House, 1985.
ELLIS, Rod. Second Language Acquisition. Oxford: Oxford University Press, 1997.
LIGHTBOWN, Patsy M.; SPADA, Nina. How Languages Are Learned. Oxford: Oxford University Press, 2013.