O papel da fossilização na aquisição do inglês

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Como segunda língua

A fossilização é um fenômeno recorrente no processo de aquisição de uma segunda língua, sendo particularmente notável entre aprendizes que atingem um patamar intermediário de proficiência e, a partir desse ponto, demonstram pouca ou nenhuma evolução significativa. Introduzido por Selinker (1972), o conceito de fossilização se refere à fixação de erros linguísticos que se tornam permanentes, mesmo após anos de exposição à língua-alvo e prática comunicativa.

A presença de traços fossilizados é especialmente comum no aprendizado do inglês por falantes nativos do português. Esses traços podem se manifestar na pronúncia (como a dificuldade persistente com os sons /θ/ e /ð/), na sintaxe (como o uso inadequado de tempos verbais) ou no vocabulário (com falsos cognatos e traduções literais). A fossilização, nesse contexto, não deve ser confundida com simples erro — trata-se de um desvio que resiste ao ensino formal e à correção repetida.

Diversas hipóteses buscam explicar a fossilização. Uma delas está associada à zona de conforto linguístico. Quando o aluno atinge um nível de comunicação funcional, ele pode reduzir sua motivação para aprimorar a precisão e a complexidade de seu discurso. Outra explicação possível está ligada ao input inadequado: quando o aluno tem pouco contato com a variedade linguística nativa, ele tende a consolidar formas erradas sem perceber.

Selinker destacou que cerca de 5% do sistema linguístico de um aprendiz pode tornar-se fossilizado. Essa porcentagem, embora aparentemente pequena, tem impacto considerável na comunicação, especialmente em contextos acadêmicos ou profissionais que exigem domínio avançado da norma-padrão. Além disso, o fenômeno da fossilização traz implicações importantes para o ensino: exige uma abordagem pedagógica mais refinada, que vá além da repetição mecânica ou da exposição genérica à língua.

Autores como Han (2004) defendem que a fossilização deve ser combatida com estratégias metacognitivas, ou seja, levando o aluno a refletir ativamente sobre seus próprios erros, reconhecer padrões recorrentes e monitorar sua produção linguística. Atividades que envolvem noticing — percepção consciente de aspectos gramaticais — também têm se mostrado eficazes.

Outro fator relevante está na idade do aprendiz. Embora a fossilização possa ocorrer em qualquer fase da vida, adultos tendem a ser mais suscetíveis, devido à interferência da L1 e à tendência de transferir estruturas do idioma nativo. Por outro lado, a motivação, o tipo de instrução e o contexto sociocultural podem amenizar ou agravar o processo.

Compreender a fossilização como uma etapa natural — ainda que não desejável — do aprendizado de línguas, permite que professores e alunos tracem rotas de superação mais eficientes. Embora nem todo erro fossilizado seja completamente reversível, é possível reduzir sua frequência e impacto por meio de estratégias específicas, feedbacks precisos e input de qualidade.


Referências
SELINKER, Larry. Interlanguage. International Review of Applied Linguistics, v.10, n.3, 1972.
HAN, ZhaoHong. Fossilization in Adult Second Language Acquisition. Clevedon: Multilingual Matters, 2004.
ELLIS, Rod. The Study of Second Language Acquisition. Oxford: Oxford University Press, 1994.
SCHMIDT, Richard. The role of consciousness in second language learning. Applied Linguistics, v.11, n.2, 1990.

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