
A zona de desenvolvimento proximal no ensino de inglês

em 23 de Julho de 2025
A escuta ativa é um componente essencial na aquisição de qualquer língua estrangeira. No caso do inglês, cuja presença no cotidiano dos estudantes brasileiros se dá em músicas, filmes, podcasts e redes sociais, ouvir de forma ativa e intencional torna-se um recurso pedagógico valioso para o desenvolvimento da fluência, da pronúncia e da compreensão oral.
A escuta ativa vai além da simples exposição ao idioma. Trata-se de ouvir com atenção, intenção e propósito. O ouvinte ativo busca entender não apenas as palavras isoladas, mas o significado geral do discurso, os elementos do contexto, as emoções implícitas e as estruturas gramaticais em uso. Dessa forma, ativa regiões cognitivas fundamentais para a internalização da língua, promovendo uma aprendizagem mais profunda e duradoura.
Autores como Stephen Krashen (1982), com sua teoria do input compreensível, defendem que a aquisição de uma segunda língua ocorre de maneira mais eficaz quando o aluno é exposto a um conteúdo que está ligeiramente acima do seu nível atual, mas que ainda pode ser compreendido com base no contexto. O input auditivo, nesse caso, assume um papel central. Ao ouvir com atenção e regularidade, o aprendiz começa a reconhecer padrões linguísticos, captar novas palavras e se familiarizar com a musicalidade da língua.
Além disso, a escuta ativa está diretamente ligada ao desenvolvimento da pronúncia e da entonação. Ao ouvir com atenção nativos do idioma em contextos variados, o estudante adquire noções de ritmo, pausa, ênfase e entonação emocional — aspectos que são frequentemente negligenciados em métodos mais tradicionalistas.
Ferramentas como transcrições, audiolivros, vídeos com legendas em inglês e até o uso de softwares que desaceleram o áudio são estratégias eficientes para intensificar a prática da escuta ativa. Outro recurso poderoso é a repetição espaçada: ao ouvir várias vezes o mesmo conteúdo, o cérebro reforça as conexões sinápticas, facilitando a memorização e a compreensão.
A escuta ativa também favorece a autonomia do estudante. Por meio dela, o aluno não depende exclusivamente do professor para adquirir vocabulário, frases e expressões idiomáticas. Ele se torna capaz de identificar, por conta própria, os elementos linguísticos que aparecem com frequência, percebendo a língua como um organismo vivo, em constante uso e transformação.
Conclui-se que a escuta ativa é uma prática indispensável para quem deseja alcançar a fluência em inglês. Mais do que uma técnica, ela representa uma mudança de postura: ouvir com atenção, refletir sobre o que foi escutado e utilizar esse conteúdo como base para a produção oral e escrita.
Referências
KRASHEN, Stephen. Principles and Practice in Second Language Acquisition. Oxford: Pergamon, 1982.
FIELD, John. Listening in the Language Classroom. Cambridge: Cambridge University Press, 2008.
VANDERGRIFT, Larry; GOH, Christine. Teaching and Learning Second Language Listening: Metacognition in Action. New York: Routledge, 2012.