Hatshepsut, a rainha-faraó do antigo Egito
Por: André O.
10 de Março de 2015

Hatshepsut, a rainha-faraó do antigo Egito

Artes Plásticas

Como bem sabemos, a civilização egípcia se desenvolveu ao longo do Rio Nilo desde aproximadamente 3.200 a.C. e nos deixou fragmentos de uma arte profundamente ligada à sua religião, onde artistas seguiam modelos rígidos, também conhecidos por cânones, e se baseavam na forte ideologia da monarquia divina, representada pela figura do faraó. Nesta civilização não se tinha a ideia de arte como nos dias de hoje, pois os escultores e pintores eram simples artesãos que precisavam se enquadrar dentro do sistema canônico e fazer a vontade de seus clientes, não havendo espaço para a sua subjetividade. A possibilidade do artesão obter um status maior e uma melhor remuneração dependia exclusivamente da realização de seu trabalho de maneira adequada. Esta arte oficial porém, não impediu que paralelamente se estabelecesse uma arte popular menos conhecida por nós devido a pouca durabilidade dos materiais desta modalidade.

No Egito faraônico, outro forte aspecto tido como artístico são as construções monumentais: obeliscos, pirâmides e até mesmo as esfinges que nos mostram as avançadas técnicas de arquitetura desta civilização. O Templo de Deir el-Bahari, por exemplo, é um dos mais belos do antigo Egito e sua peculiaridade se torna ainda mais significativa quando conhecemos a responsável por sua construção, a rainha-faraó Hatshepsut da XVIII dinastia, que quase teve sua história apagada por seus sucessores. A história desta governante está repleta de elementos melodramáticos, desde a expulsão dos hicsos por seu avô Amósis I, passando pelos incestos para garantir uma linhagem real (a qual já não foi garantida desde que esta se casou com seu meio-irmão Tutmés II) até as pitadas de evidências que a tornam a possível mãe do herói bíblico Moisés.

As representações desta soberana na arte egípcia geralmente retratam-na com vestes masculinas, portando inclusive a barba real em suas aparições públicas. Porém também são encontradas representações de Hatshepsut com características de gênero feminino e sua gradual transferência para imagens masculinizadas ainda não foi datada com precisão. O que imaginamos a partir daí, é a contradição que se apresentava na ascensão de uma mulher como faraó, numa sociedade que conectava a imagem do soberano a de deuses masculinos.

A investigação desta dinastia como pano de fundo do livro de Êxodo, é defendida por estudiosos do Antigo Testamento que se contrapõem à hipótese de que Ramessés II tenha sido o faraó que perseguiu os hebreus em sua saída do Egito por falta de evidências cronológicas. Assim, ao contrário do que muitos pensam, a ciência e mais especificamente a arqueologia tem apresentado evidências que provam veracidades dos registros bíblicos: desde a descoberta de Babilônia, à eventual aceitação do antigo Egito como nação poderosa e aos achados que evidenciam que Tutmés III é o faraó que incansavelmente impediu a saída dos Hebreus das terras egípcias. Este faraó, filho do marido de Hatshepsut com uma concubina foi um dos responsáveis pela depredação de parte das imagens da rainha-faraó no templo de Deir el-Bahari e possivelmente morreu nas águas do Mar Vermelho como descrito no livro de Êxodo, já que a múmia que se encontra em seu sarcófago não corresponde com a idade que o governante tinha ao ser sepultado. 

 

Referências:

Aline Fernandes de Sousa. A MULHER-FARAÓ: REPRESENTAÇÕES DA RAINHA HATSHEPSUT COMO INSTRUMENTO DE LEGITIMAÇÃO (EGITO ANTIGO - SÉCULO XV A.C.). Niterói, 2010. (Dissertação de Mestrado).

Stantley A. Ellisen. ENTENDENDO MELHOR O ANTIGO TESTAMENTO. Deerfield, 1984. (Estudo bíblico).

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