Como estudar Inglês por conta própria
em 22 de Abril de 2016
Boa tarde de inverno a todos(as)!
Inverno uma ova, visto que aqui no sudeste paulista as temperaturas oscilam entre 17 e 23ºC. Que absurdo de inverno é esse onde não se pode nem mesmo acender uma lareira e esquiar na neve, kkk. Da mesma forma que não há razão para temer o inverno brasileiro, os motivos alegados pelos estudantes (em sua grande maioria, do Ensino Médio) para justificar sua aversão à Física são completamente infundados e equivocados. Foi por isso que no título do artigo, chamei-os de "desculpas", ao invés de motivos. A aversão pelo estudo da Física como disciplina curricular sentado em um banco de escola às 13.45h das segundas-feiras não é recente. Aristóteles (aquele que falava que tudo era composto por terra, água, fogo e ar...mais um pouco e seria o Capitão Planeta) foi um precursor do estudo da Física ao ar livre, fundando a Escola Peripatética (περιπατητικός em grego significa ambulante ou transeunte), um círculo filosófico de pessoas que discutiam as questões que lhes intrigavam caminhando por espaços abertos, sob a sombra de árvores, cercados de amigos e conhecidos.
Em um dos trechos da biografia de William Rowan Hamilton (ah, você nunca ouviu falar dele? Não se preocupe...basta se matricular em uma graduação em Física e dois anos depois suas noites serão cheias de pesa...sonhos com ele), é possível perceber que o hábito aristotélico de pensar em problemas científicos durante uma caminhada ao ar livre é clássico entre as atividades dos(as) cientistas. Em uma tarde de outono de Outubro no Royal Canal de Dublin (Irlanda), uma luz para o problema dos quatérnions de repente apareceu em sua mente.
Eis aí o primeiro ponto de confluência para meus argumentos neste texto.
Qual é o melhor lugar para se estudar Física? Seria sentado à sombra de uma árvore acompanhado de uma água de coco bem fresca ou nas salas apertadas de uma escola com a cobrança constante de provas e resultados? Depende. Cada ser humano se adapta de forma diferente à um certo ambiente e tem gente que produz melhor estando exposto à barulhos altos, gente conversando, o pensamento fixo de ter que tirar notas altas, enquanto outras pessoas nem tanto. Faz parte da trajetória de estudos de uma pessoa descobrir se você é uma pessoa que prefere lugares de estudo mais calmos e organizados, sem tanta conversa ou pressões psicológicas externas ou se você é um monge budista que consegue se concentrar até nos ambientes mais adversos ao estudo.
Quando decidi ser físico (carreira da qual não me arrependo ou lastimo um instante sequer), meus professores de Física do Ensino Médio disseram-me com "sangue nos olhos":
- Não faça isso da sua vida! Tem tanta coisa boa pra escolher e você vai logo nisso?
A visão turva e limitada de alguns professores pode ser a causa da aversão que boa parte de seus alunos possuem em relação aos conteúdos de Física. O escopo de atuação de um físico e as possibilidades de inserção no meio científico, social e político por meio dessa carreira são incontáveis. Pode até ser que no Brasil boa parte das pessoas que se formam em Física acabem dando aula em um dos níveis de ensino, mas isso não constitui uma relação biunívoca em que cada físico formado tem destinado para si uma posição como professor. É possível trabalhar na indústria, na polícia federal, prestando consultoria para empresas financeiras ou mesmo abrir sua própria empresa no ramo que mais lhe interesse.
Portanto, se você já usou alguma vez a desculpa: "Ah, eu odeio Física porque meu professor é um mala", seria o mesmo que dizer que eu odeio música porque a voz da Rihanna é horrivelmente atordoante. Bons mestres lhe mostram caminhos a seguir. Se seus professores de Física não são assim, busque contato com outros. Redes sociais estão aí pra isso!
A profissão do cientista é estereotipada como sendo extremamente solitária e alienante. O cientista não participa de decisões políticas, não come, não dorme, não namora, não viaja. Apenas faz contas, gera resultados, analiza gráficos. Sinto muito, mas essa visão da Ciência e dos cientistas é irreal e falaciosa.
O cientista não pode e não deve ser produto das decisões políticas tomadas por senadores e deputados. É necessário que novos jovens físicos estejam dispostos a lutar por uma maior representação científica nas Câmaras e no Senado.
O cientista não pode e não deve deixar somente a cargo dos jornalistas a função de divulgar a Ciência que faz. É preciso visitar escolas levando palestras sobre temas científicos e convidar os estudantes para que visitem as Universidades, organizar exibições públicas de filmes científicos com temas diversos como a adoção da energia nuclear, o aquecimento global, as viagens espaciais e o desenvolvimento de novas tecnologias.
Einstein não colocou a língua pra fora naquela fotografia famosa com o objetivo de se tornar popstar, mas tentando mostrar à mídia que a Ciência é feita por seres humanos e não deuses de mármore trancados em porões cheios de equipamentos.
Quando a juventude estudantil passa da fase do "2+2=4" para a fase do "sen(x+y)=sen(x)cos(y)-sen(y)cos(x)" e depois para "d²y/dx² + 3x dy/dx - 7 =0", a coisa fica tensa! Vamos pensar no seguinte...Qual foi a diferença entre nossas primeiras palavras (tipo baba, mama, guah e outras coisas estranhas que dizíamos quando crianças) e o trecho do poema logo abaixo?
" Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo,
mas estou cheio de escravos,
minhas lembranças escorrem e o corpo transige
na confluência do amor."
O trecho de "Sentimento do Mundo" de Drummond revela que de seu nascimento até o ponto em que escreveu tal poema, o autor teve de aprender muito sobre a Língua Portuguesa para combinar as palavras tão bem e gerar o resultado esperado, que é a descarga emocional no leitor que compreende o código escrito. O mesmo se dá com a Física e a Matemática. Os símbolos matemáticos compõem uma linguagem que permite aos cientistas do mundo todo se comunicarem e exporem seus resultados. No entanto, a essência da Física não está contida na Matemática e vice-versa. Por isso, uma das piores desculpas dadas pelos estudantes é: "Ah, eu odeio Física porque tem muita conta..."
Aprender Matemática é descobrir um novo idioma. Usá-lo para estudar Física é começar a se comunicar com uma nova sociedade, aprendendo sua cultura, seus costumes, seus rituais e sua forma diferente de ver o mundo.
Quando se estuda algo, inerentemente possuímos algo que nos move a aprender. Seja a satisfação que queremos dar a nossos pais mostrando a aprovação em alguns vestibulares, a conquista do diploma que proporcionará o aumento de salário tão desejado ou a simples curiosidade que não exige recompensa material. Seja lá o que for, quando você não possui algo que te move a aprender e estudar, o impulso inicial é fatalmente dissipado pelo atrito dos compromissos diários e você acaba estudando menos, e menos, e menos, até que para de vez.
Então, se você quer mesmo ser um(a) físico(a) digno do título que porta (ou que portará, caso ainda esteja estudando para tal), o estudo diário é fundamental. Se você quiser, você alcançará maravilhas e terá tantas chances de conhecer os mistérios do universo como Galileu, Newton, Einstein, Tesla, Higgs, Feynman, Marie Curie e tantos(as) outros(as) tiveram. Mas se você simplesmente não quiser, admita isso logo e vá tentar fazer algo mais útil do próprio tempo. :)
Espero que o texto tenha sido útil para você que leu até o fim.
Para os que não leram, nunca terão a chance de ficar sabendo do "Até a próxima" que está logo abaixo.
Até a próxima!