Porque estudar humanidades?
Por: Edison M.
30 de Maio de 2015

Porque estudar humanidades?

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Porque estudar humanidades?

 

Essa é uma pergunta instrutiva que volta e meia passa pela cabeça de alunos, professores, pais, pedagogos... Porque colocar na grade curricular umas matérias “chatas”, “decorebas”, que os alunos logo esquecem, e os educadores adoram torturar seus alunos?

Mas porque concordamos sem pensar, e logo relegamos as humanidades ao papel de “matérias complementares”? Até mesmo no material didático essa mentalidade se perpetua: Ciências humanas e suas tecnologias lê-se na apresentação de muito material didático, como que a dizer que existe “vida inteligente” nas ciências humanas. Há sim, e muita! Não precisamos lembrar as “ciências exatas e biológicas” de sua cientificidade, mas das humanas precisamos lembrar o tempo todo. Aqui pra mim já se descobre um ranço de “irracionalidade” a cobrir as ciências humanas.

O que existe sim é um pensamento discriminatório, preconceituoso mesmo. Todo estudante de humanidades é “comunista ou socialista; cabeludo, bigodudo e barbudo; radical nos seus modos e costumes...” em resumo um “outsider”, ou desajustado a nos lembrar o tempo todo do alto de nossas torres de cristal de felicidade que o mundo nem sempre é tão róseo e sorridente como nós, “burgueses alienados” ousamos pensar.

E muitos intelectuais reproduzem esse modus vivendi até a exaustão...

Mas, porque estudar essas matérias “politicamente perigosas?”.

Jorge Pimentel Cintra no seu opúsculo “Deus e os cientistas” nos lembra que os problemas tecnológicos sempre parecerão insuperáveis frente aos desafios humanísticos, mas que os problemas humanísticos (por ex.: erradicar a fome, a desigualdade social, a criminalidade, etc.) parecerão sempre a mão. Um exemplo de como as coisas não saem do jeito que concebemos, mas que o futuro é uma projeção mental do nosso presente, são essas ilustrações sobre “O ano 2000”, de autoria de uma artista francês: http://noticias.uol.com.br/tabloide/album/2012/09/05/futurologia-sem-nocao-artistas-de-1900-imaginam-como-seria-o-mundo-no-ano-2000.htm#fotoNav=24

Problemas técnicos de fato são mais fáceis de resolver pois não necessariamente dependem de cooperação, reflexão e honestidade humanas. Mas daí dizer que as ciências exatas e humanas por si só trarão a felicidade humana é um exagero, que o digam as vitimas dos cientistas nazistas em Auschwitz ou os moradores mortos de Hiroshima e Nagasaki pelas bombas atômicas. Se não houver uma “cabeça intelectual” a guiar as pesquisas cientificas, até mesmo a mais inocente das pesquisas pode ser convertida em um mal.

Infelizmente há sim muita ideologização no trabalho do intelectual mas daí arrastar para a lata do lixo toda a reflexão humanística é demais, pelo menos pra mim.

 

O que precisamos é repensar o papel do intelectual de humanidades no Brasil.

 

Mesmo na Academia humanidades é interpretada como sinônimo de militante esquerdista, pró aborto, pró união homoafetiva... Deveria ser muito mais que isso, muito mais que agitar a bandeira de um partido. Deveria ser o local de reflexão das verdades últimas do homem (filosofia), da vida em sociedade (sociologia), das transformações e da vida humanas ao longo do tempo (historia). Mas como vemos o intelectual de humanas parece se amoldar a uma ideologia política, a um modo de pensar politicamente correto, a uma metodologia da moda (academicamente falando) e a agarrá-la como se fosse um dogma religioso, sendo que nem mesmo as verdades de fé recebem tratamento tão literal!

As ciências humanas devem enobrecer o homem, e não avilta-lo, prende-lo a um modo X, Y ou Z de pensar. Devem levar o homem a se auto-realizar como ser humano, e não abrir as portas para um modo tacanho e mesquinho de pensar, condicionado a um grupo, ideologia, ou partido político, como infelizmente parece ser moda em nosso pais.

Aqui precisamos reconhecer que a enorme fragmentação do saber em boa parte é culpa nossa de não querer entender o saber humano como uma unidade, parte de um todo. Nos preocupamos apenas em arrastar a verdade, cada um puxando-a para o seu “quintal”, sua turma, sua panelinha, e esquecemos que o saber humano não pode se contradizer.

Os pensadores antigos assim entendiam. No caminho esquecemos isso. Hoje temos a “cara de pau” de admitir que duas afirmações opostas podem estar certas... Um absurdo filosófico... Sócrates deve ter rodado na tumba nessa hora... Platão e Aristóteles também...

 

Revigorar o saber atual com o pensamento consagrado dos antigos, mas provocando-os com as perguntas de hoje, esse é o desafio dos que amam estudar humanidades neste doloroso séc. XXI!

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