O papel da arte na independência angolana
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Por: Bruno F.
07 de Fevereiro de 2019

O papel da arte na independência angolana

Antropologia Geral

O papel da arte no processo de independência angolana

 

Bruno Farias da Silva

 

O presente trabalho visa aproveitar o referencial teórico fornecido pela disciplina, para explorar algumas perspectivas a partir de certos autores que debatem no cenário do pós-colonialismo, para entender um pouco do contexto angolano no referido período.

Em um primeiro momento eu procuro apresentar a relação da proposta de trabalho da disciplina com a minha pesquisa, tendo em vista que algumas das leituras que abordaram o pós-colonial e a pós-modernidade possuem relação com o meu ambiente de investigação, que trata-se de Angola no referido período em relação à colonialidade

A partir de então procuro apresentar brevemente o espaço geográfico da análise embasado nos autores da disciplina, tal como Kwame Anthony Appiah e seu debate sobre Identidades africanas e a relação entre o pós-colonial e o pós-moderno em “A casa de meu Pai”, bem como as contribuições de Stuart Hall em “Da Diáspora – identidades e mediações culturais” onde algumas questões que o autor aborda, contribuem também para meus questionamentos, como por exemplo estar atento às transformações denominativas que acompanham o processo de independência e descolonização, mas que em nada alteram as relações de dependência econômica dos países conhecidos como subdesenvolvidos na economia mundial

Estes autores compõem um arcabouço que pretende-se integrar com a contribuição de referências à produção artística do período, seja na literatura ou na música, dada as relações que as representações criativas podem ter com o contexto sócio-político do momento. No decorrer do texto, pretendo aproximar o debate teórico, propiciado pelos autores já citados, através de outros (cf. Agualusa, Ondjack, Pepetela, Ribas) que, em sua produção literária ajudaram a compor um projeto de identidade para a nação, almejada pelo partido no poder (MPLA – Movimento pela Libertação de Angola) em um país que não faltavam identidades étnicas.

Esse referencial empírico propiciado pela produção artística no pós-colonial que procura retratar a vida cotidiana, tem presença marcante e com grande legado em muitos países do continente africano. Proponho aqui um recorte geográfico em Angola e, mais especificamente, na sua capital Luanda que, além de todo o seu caráter ímpar, é o mais antigo núcleo de presença europeia na África Subsaariana e, ao longo de séculos, centro dinamizador das relações entre a Europa, a África e o Novo Mundo constituindo-se, como lembra Luiz Felipe de Alencastro, como um espaço indispensável para a compreensão do tráfico negreiro, da escravidão e da formação do Brasil (Alencastro, 2000) trata-se também de um retrato da sociedade de Angola após a independência.

A partir do ferramental teórico fornecido nas leituras pela disciplina de Teorias Antropológicas II, bem como os enriquecedores debates com os colegas, este ensaio aparece como a tentativa de propor um diálogo entre algumas leituras do curso que tratam mais especificamente sobre o pós-colonialismo, para amparar um esboço de uma perspectiva da sociedade angolana, que particularmente me provoca curiosidade e questionamentos, os quais pretendo me dedicar com maior afinco e aprofundar para a composição da minha dissertação de mestrado posteriormente.

Inicialmente a minha proposta de pesquisa no curso de pós-graduação objetivava investigar as relações de poder na sociedade angolana, especificamente na capital Luanda, no período correspondente ao fim do período colonial, ou seja, no final dos anos de 1960 até os meados de 1970[1], entre alguns atores específicos da sociedade luandense, tal como a relação entre os representantes de uma manifestação mágico-religiosa que nesse contexto se configuraria representada na figura dos mestres quimbandeiros, e curandeiros de maneira mais abrangente, e de outro lado os representantes do poder institucional, num primeiro momento representado pelo estado colonial e em um segundo momento pelo governo do MPLA. Tais relações tornavam-se peculiarmente notáveis em certos espaços geográficos onde as populações que compunham as massas concentravam residência nos bairros periféricos e de infraestruturas precárias na cidade, comumente conhecidos de musseques[2].

Luanda, sede do poder administrativo regional de Angola desde os tempos coloniais destacou-se no cenário de ocupação colonial e assim continuou a acontecer, por uma série de especificidades, desde as suas condições geográficas com seus fatores favoráveis à guarnição militar ou mesmo à sua localização estratégica para rotas de tráfego. Com crescimento urbano extremamente relevante para as dinâmicas das relações sociais, configurando-se como um locus de intermediação, entre os saberes e tradições locais – e de Angola como um todo, tendo em vista os contingentes populacionais que Luanda recebe dos planaltos interiores de Angola e de diversos países vizinhos (cf. Bender, 1980).

A cidade de Luanda, apesar de ter funcionado também como base estratégica da conquista territorial, foi como cidade-porto que nasceu e se desenvolveu. A integração na dinâmica atlântica através do tráfico de escravos não só a fez crescer em número de habitantes como diversificou a sua composição étnico-cultural e matizou a sua matriz africana, tornando-a verdadeiramente uma cidade crioula, uma cidade afro-atlântica.

Refletindo sobre algumas questões relevantes ao debate no meio acadêmico na contemporaneidade e que contribuem para as teorizações acerca da modernidade, temos a Globalização e a Divisão Internacional do Trabalho que nos permitem inferir à Luanda um papel de “centro tradutor de informações” – tomando-se cuidado com as devidas proporções e especificidades das mais diversas categorias de análise – segundo Mônica Arroyo que investiga tal relação de redes de informação no caso da cidade de São Paulo e a hierarquia urbana com o território nacional.

É interessante observar o contexto e as especificidades do meio em questão, algumas das quais particularmente suscitam em mim alguns questionamentos com relação à identidade étnica, mais especificamente no processo de construção identitária (fortemente influenciada por variáveis externas, seja dos angolanos e membros do MPLA que tiveram sua formação acadêmica e política fora de Angola e seguiram influenciados por vertentes ideológicas que corroboram para a construção do cidadão angolano pós-colonial[3], ou seja pela influência das tradições e costumes que se mantém arraigado no seio do cotidiano da população. Em meio a tantas influências e perspectivas identitárias e dos aspectos relacionados mais diretamente com o conceitos de pós-colonial, tem algumas formas de produção de arte, atrelada à realidade social que merecem destaque, haja visto o caso da produção artística, como poesia, prosa e música.

Particularmente me interessa o desenvolvimento de conteúdo literário ficcional no período pós-colonial e na contemporaneidade em contextos africanos, em especial angolano, bem como a produção musical, ambas que contenham uma tentativa de esboçar o cidadão da forma mais pura e autêntica possível, mas que também seja uma forma de atuação política/ativismo ou de instrução/informação.

Na literatura temos expressões artísticas no período que procuram retratar o viver angolano em seu cotidiano, mencionando e esboçando lugares de seu convívio diário, tal como as feiras, os bares nas ruas de chão batido em meio aos seus bairros de lata que reúnem as mais variadas etnias, do norte de Cabinda ao sul de Cunene.

A literatura angolana é repleta de influências externas, dos mares do caribe e todo o apoio dos cubanos em suas guerras de independência e na guerra civil que assolou o país durante décadas, a influências soviéticas e até chinesas, ambas como um retrato do apoio geopolítico, estratégico e militar que marcaram presença na história angolana. Na literatura as narrativas são recorrentemente apanhadas por uma espécie de nostalgia, uma espécie de saudade de estar em meio ao povo angolano e em terras angolanas, que irá acompanhar a escrita mesmo pretérita de tal processo de construção identitária fomentado pelo MPLA (cf. Ribas, 1952, 1964, 1964a, 1958, 1981; Redinha; 1962, 1962a, 1972), bem como a posteriori, onde já no século XXI, obras como “Bom dia camaradas” (Ondjaki, 2001) ou “Estação das Chuvas” (Agualusa, 2000), procuram retratar momentos históricos diferentes, mas em que percebemos certas similaridades em algumas nuances de sua linha narrativa, como o já mencionado enaltecimento de um sentimento de identificação nostálgica com o lugar e as pessoas, que assemelha-se ao que podemos identificar em um primeiro momento como saudade, mas que percebemos que é construído a partir de uma identificação que está para além de uma questão étnica, mas muito arraigado nas questões políticas, cada qual com as devidas ressalvas cronológicas temporais e sociais.

O romance de Ondjaki mencionado acima, passa logo nos anos subsequentes à independência e sob a perspectiva de uma criança luandense, aparentemente pertencente à um estrato social de classe média e com ligações de parentesco internacional e, portanto, cotidianamente atenta às impressões da opinião internacional. O jovem personagem nos transmite algumas situações de seu ambiente escolar e familiar, bem como esperanças e apreensões pós-independência – pós-colonial – com ajuda direta dos cubanos que estão presentes desde as escolas, hospitais e na vida social dos angolanos em diversas esferas e setores.

No campo teórico, esse período pós-colonial nos é muito bem apresentado por Appiah, que não apenas procura retratar tal contexto, mas ainda relacioná-lo com a ideia de pós-moderno, que seria a necessidade de produzir um discurso com algum tipo de ruptura com o discurso anterior.

Porém que ruptura seria essa? Seria apenas teórica? No meio econômico, definitivamente não ocorrera. Angola, assim como a maioria dos países em processo de descolonização no continente africano passou por uma série de problemas de ordem social e econômica. Muitos conquistaram sua independência em meio à Guerra Fria – ou como consequência (in)direta dela – e, desta forma, susceptíveis aos mandos e desmandos das potências hegemônicas. Assim também foi com Angola, que apesar de procurar alinhar-se ao bloco socialista, onde ficou em meio ao jogo de influências entre chineses, cubanos e soviéticos, viram-se gradativamente anexar-se ao bloco de países do terceiro mundo e que até a década de 1990 viram-se engolidos pelo mercado neoliberal. Assim, a partir desta perspectiva econômica, temos o que Appiah postula,

 

“O pós-modernismo pode ser visto, portanto, como um novo modo de compreender a multiplicação de distinções decorrente da necessidade de abrir um espaço para si – a necessidade que impulsiona a dinâmica subjacente da modernidade cultural. O modernismo assistiu à economização do mundo como a vitória da razão; o pós-modernismo rejeita essa afirmação, permitindo, no âmbito da teoria, a mesma multiplicidade de distinções que vemos nas culturas que ele procura entender.”(Appiah, p. 204, 1997).

 

De tal modo é a mudança de perspectivas e de pontos de vista sobre um contexto em que na prática, pouco de fato muda para a população mais carente que compreende a grande maioria das pessoas no mundo e que compõem o chamado mundo subdesenvolvido, ou podemos dizer que trata-se de uma notável evidência de que o momento que se configurou chamar de pós-colonialismo nada mais é que uma nova roupagem para semelhantes lógicas de poder no cenário da geopolítica, ou nas palavras de Mani e Frankenberg, “[...] o ‘colonialismo’, assim como o ‘pós-colonialismo’, diz respeito às formas distintas de ‘encenar os encontros’ entre as sociedades colonizadoras e seus ‘outros’ – ‘embora nem sempre da mesma forma ou no mesmo grau’” (Mani e Frankenberg, 1993, p. 301, apud in, Hall, Stuart, 2003, p. 109).

            Desta forma, esse momento pós colonial configura-se ao mesmo tempo como uma pluralidade universalizante pois, se em um sentido parece ser a abertura para as mais diversas possibilidades de ser e existir agora em uma economia globalizante e sem as amarras do colonialismo, por outro, Angola e os demais países pós-coloniais passam a integrar um homogêneo bloco de países com relação à sua dependência econômica e fragilidades político-comerciais.

Outro autor apresentado ao longo da disciplina e que nos auxilia a pensar nas problemáticas levantadas é Stuart Hall, que nos apresenta alguns posicionamentos e autores que parecem alinhar-se com esta forma de pensar pois o pós-colonialismo se caracteriza por uma ambiguidade teórica e política e sua multiplicidade vertiginosa de posições, ou ainda,

 

“Segundo Shohat, o pós-colonial é politicamente ambivalente porque obscurece as distinções nítidas entre colonizadores e colonizados [...] Como os outros ‘pós’ com os quais se alinha, o pós-colonial funde histórias, temporalidades e formações raciais distintas em uma mesma categoria universalizante.” (Hall, Stuart, p. 109, 2003).

 

Partindo-se do pressuposto que Appiah nos esclarece sobre a relação da pós-modernidade e seu emaranhamento social, onde ele afirma que “a cultura pós-moderna é global – embora isso não signifique, de maneira alguma, que ela seja a cultura de todas as pessoas do mundo” (Appiah, p. 201, 1997). Tal afirmação ajuda a entendermos, pelo menos um pouco as discrepâncias que marcam o período pós-colonial em África, pois apesar de a grande maioria dos países africanos encararem problemas étnico-identitários paralelamente à constituição dos governos, enxergo que cada caso é permeado por uma grande gama de variáveis (revoltas e guerras envolvidas, fatores geográficos, diversidade cultural do colonizador e do colonizado, etc.). Assim é para mim enxergar o contexto angolano em seu momento pós-colonial e suas especificidades étnico-políticas daquele momento da história.

Considero que uma análise que busque pincelar sobre o momento que se convencionou chamar de pós-colonial, em Angola, com conflitos internos demandados por diferenças étnico-identitárias e por divergências políticas entre os partidos mais expoentes, o que acarretou em uma duradoura guerra civil, além da inserção de Angola no mercado internacional num contexto de Guerra Fria, faz qualquer temática que daqui surgir ser passível de grande confusão, ou minimamente necessária de mais detalhamento e especificações.

Acredito que em períodos de conturbada vida política, onde os desejos e saberes da população em todos os seu estratos podem ser representativos para as consequências do devir, são momentos em que um cuidadoso debruçamento sobre a produção artística pode favorecer o entendimento das complexidades sociais. Assim é Angola no pós-colonialismo, onde acredito que uma observação cuidadosa da produção artística – não apenas literária, mas musical também – pode fornecer um material precioso de descobertas.

Interesso-me especialmente pela produção musical de alguns nomes nos primeiros anos da independência política de Angola. Particularmente por David Zé, Artur Nunes e Urbano de Castro, que além de produzirem uma obra carregada de bela e rica musicalidade, possui uma obra impregnada de informações que podem facilmente categorizar suas músicas enquanto manuais políticos de formação de guerrilheiros além de representarem uma importante fonte de informação histórica sobre o desenvolvimento do capitalismo e as lutas de independência. No mais, vale ressaltar que suas letras são recheadas de expressões em kimbundo[4] o que lhes proporcionava uma permeabilidade social mais abrangente.

David Gabriel José Ferreira era um dos músicos míticos da revolução angolana. As suas letras habitualmente eram muito politizadas, defendendo a política do MPLA. Era coordenador do conjunto musical Aliança Fapla-Povo, que acompanhava o Agostinho Neto em todas as suas digressões, fosse no interior ou no estrangeiro, uma espécie de embaixada itinerante da cultura angolana. Foi enviado por Agostinho Neto para assistir aos festejos das independências de Moçambique, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau, onde interpretou, em cada uma delas, a canção "Quem matou Amílcar Cabral"

Conforme relato do senhor Carmoto[5] presente no livro de Lara Pawson, que nos diz sobre a concentração das reuniões dos nitistas[6], bairro de nascimento de Artur Nunes, justamente onde começaram com a repreção aos acontecimentos do 27 de maio de 1977. Além disso, o Fraccionismo estava associado aos jovens e Artur Nunes era o mais jovem dos três populares cantores que desapareceram na altura. “[...]a popularidade dos músicos era tal, em especial nos musseques, que eram vistos como ameaças pela elite governante”, explica o Sr. Carmoto.

Mais uma peculiaridade sobre a vida e obra desses músicos é a forma como eles tiveram suas vidas interrompidas juntamente com a de milhares, se não dezenas de milhares, após o 27 de maio de 1977 – como Lara Pawson nos diz, facilmente comparável aos massacres ordenados por Robert Mugabe e aos assassinatos em massa de Pinochet. As músicas de David Zé e Artur Nunes, por se configurarem como um importante instrumento de formação política, conforme já mencionado anteriormente, apresentaram-se com um posicionamento de extrema esquerda, em um momento que o MPLA era duramente atingido por um fraccionismo que tinha na questão racial parte de seu gérmen. Suas músicas foram tocadas por toda a Luanda logo após a tomada da Rádio Nacional quando esta fora tomada pelos Nitistas/fraccionistas[7], o que obviamente desagradou o bureau do MPLA, somado com os seus declarados posicionamentos políticos e participações nos encontros no bairro Sambizanga, levaram à execução de seus autores nos momentos posteriores à purga[8].

Urbano de Castro teria dedicado grande empenho de sua vida na independência de Angola. Foi preso pela PIDE[9] em 1970. Depois de uma primeira tentativa falhada, conseguiu evadir-se para se juntar à guerrilha do MPLA. A canção “Angola liberté”, editada em single, é desta época, e teve um enorme efeito mobilizador nas bases das FAPLA. Após a independência, integrou, como um dos principais vocalistas, o conjunto musical Aliança FAPLA-POVO. Devido às suas ligações com alas mais radicais ao governo de situação , especula-se que também tenha sido fuzilado depois do 27 de maio de 1977.

Em um primeiro momento, esses e inúmeros outros músicos tiveram suas composições favoráveis ao MPLA, à luta armada pela independência e também ao projeto de construção da identidade do cidadão angolano onde era de interesse dos dirigentes políticos que as diferenças étnico-identitárias e os conflitos cotidianos ligados à confiança dela podem emergir, como foi tão bem retratado no romance Mayombe de Pepetela, onde durante um retrato da luta armada no norte de Angola, em meio à uma série de embates contra os “tugas[10]” e em relações de interesses políticos e também amorosas, o autor demonstra algo que parece ser traduzido nas palavras de Stuart Hall, “[...] a identidade grupal só parece funcionar – ou, pelo menos, funcionar melhor – quando é vista por seus membros como natural, como ‘real’” (Appiah, p. 244, 1997). Tenho para mim que, em grande parte, foi na construção do inimigo “real”, no caso o colonizador português, é que temos em grande medida a construção da identificação com o ser angolano através do MPLA, das guerras de independência que levaram ao pós-colonialismo e, até certo ponto, uma superação de conflitos étnico-identitários.

 

 

 

 

Bibliografia

 

AGUALUSA, José Eduardo. A Estação das Chuvas. Lisboa: Dom Quixote, 1996.

 

ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos Viventes. Formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Cia das Letras, 2000.

 

Appiah, Kwame Anthony. Na casa do meu pai: uma África na filosofia da cultura . Contraponto, 1997.

 

BENDER, Gerald J. Angola sob o domínio português: mito e realidade. Lisboa: Editora Sá da Costa, 1980.

 

MARQUES, Diego Ferreira. O carvalho e a mulemba - Angola na narrativa colonial portuguesa. Tese de Doutoramento - Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social - IFCH - Unicamp, 2012.

 

Mateus, Dalila Cabrita, and Álvaro Mateus. "Purga em Angola. Nito Alves, Sita Valles, Zé Van Dunem. O 27 de Maio de 1977." Porto: Edições Asa (2007).

 

MOURÃO, Fernando Augusto Albuquerque. Continuidades e Descontinuidades de um Processo Colonial Através de uma Leitura de Luanda. Tese de Livre-Docência em Sociologia. IV volumes. FFLCH - USP, 1988.

 

ONDJAKI. Bom dia camaradas. Lisboa: Editorial Caminho, 2003.

 

PAWSON, Lara. Em nome do povo: o massacre que Angola silenciou. Lisboa: Tinta-da-China, 2014.

 

  1.  Mayombe: romance. São Paulo, SP: LeYa, 2013. 

 

REDINHA, José. Distribuição Étnica de Angola. Luanda: CITA, 1962a.

 

REDINHA, José. Quem são os Ambundos. Mensário Administrativo, 183/185, 1962, 37-47.

 

REDINHA, José: Romarias e festividades dos Luandas e Kimbundos. Boletim Cultural da C.M.L., 36, 1972, 19-21

 

RIBAS, Óscar. Ecos da Minha Terra. Luanda: Lello & Ca., Lda, 1952.

 

RIBAS, Óscar. Ilundo: divindades e ritos angolanos. Luanda: Museu de Angola, 1958.

 

RIBAS, Óscar. Religiosidade angolana. Mensário Administrativo, 4/6, 1964, 51-67

 

RIBAS, Óscar. Uanga (Feitiço). Luanda: União dos Escritores Angolanos, 1981.

 

RIBAS, Óscar. Usos e costumes angolanos. Mensário Administrativo, 7/9, 1964a.

 

VIEIRA, José Luandino. Luuanda: estórias. Vol. 10. Lisboa: Edições 70, 1982.

 

WHEELER, Douglas L., et al. História de Angola. Lisboa: Tinta-da-china, 2009.

 

 

[1] A independência de Angola é declarada em 11 de novembro de 1975

[2] Segundo Óscar Ribas (2009, v.2, p. 254), o nome musseque refere-se ao “terreno arenoso, mas agricultável, situado fora da orla marítima, em planície de altitude (este termo não se aplica mais. Para áreas rebaixadas encontradas em altitude elevada, convenciona-se chamar de depressão). De ‘mu’ (lugar) + ‘seke’ (areia). Logo, região de areia”. Segundo Muraro, “O espaço do musseque é a principal zona de habitação da população de baixa renda em Luanda, e também em outras cidades maiores de Angola, como Benguela ou Lobito. Para o leitor brasileiro, enforma as características da favela, sem saneamento básico e energia elétrica com ligações clandestinas. Ao longo do tempo, os musseques mudam-se conforme a especulação imobiliária, podem ocupar um espaço por quilômetros, mas também estar entre condomínios, entre prédios em pequenas brechas de espaço. Hoje em Luanda predominam inúmeros quilômetros quadrados de bairros onde a conformação é a da pequena casa com teto de zinco e paredes com blocos de cimento, ou ainda a parede caiada com a areia vermelha e sustentada por paus. os materiais variam muito, de acordo com a localidade e disponibilidade.

[3] Encarnando aqui um sentido mais de devir, ou seja, de uma posição em uma linha cronológica que situa-se após o colonialismo.

[4] Em Luanda e no baixo vale do Cuanza predominavam originalmente os povos Ambundo, de língua quimbundo, Numericamente um dos grupos mais representativos com cerca de 119 722 indivíduos na década de 1960 (Mourão, 1988, p. 405b).

 

[5] Sobrevivente dos trágicos acontecimentos do 27 de Maio de 1977

[6] Seguidores de Nito Alves

[7] Movimento liderado por Nito Alves que articulou-se como dissidência do pensamento vigente no MPLA, após a independência. Existem versões diferentes que merecem melhor apuração ainda, desde a ideia de que compunham de fato uma oposição política à Agostinho Neto até serem apenas tentativas de alcançarem visibilidade para suas propostas que estavam sendo engolidas por alguns membros do bureau central político, conhecidos como intelectuais urbanos mestiços,  tal como Lúcio Lara e Iko Carreira, por exemplo.

[8]  Uma das formas pela qual são conhecidos os acontecimentos  de 27 de Maio de 1977 no seio do MPLA.

[9] A Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) foi a polícia política portuguesa, responsável pela repressão de todas as formas de oposição ao regime político vigente. Para além das funções de polícia política, a sua atividade abrangia igualmente o serviço de estrangeiros e de fronteiras.

[10] Termo depreciativo para designar o(s) portugues(es), comumente utilizado em muitos lugares das ex-colônias africanas.

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