Calvino, Lutero e a Música
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Por: Camila A.
13 de Novembro de 2019

Calvino, Lutero e a Música

Teologando - Música na Igreja

Teologia Geral História da Igreja Reforma Protestante

APRESENTAÇÃO? NÃO. APENAS VERDADEIRA DEVOÇÃO

C.F. Assumpção

Antes de concordar ou discordar a respeito das características dos reformadores em relação a música é importante lembrar que tanto Calvino como Lutero tiveram ideias que transformaram completamente a forma de cultuar a Deus. Em um período onde se afirmava que “a Igreja Romana nunca errou, nem nunca, pelo testemunho das Escrituras, errará por toda a eternidade”[1], a revolta no coração de ambos deu inicio a Reforma.

No âmbito musical Calvino e Lutero tinham características bem peculiares. Em sua forma de culto Calvino foi muito influenciado por Martin Bucer, durante o período em que esteve em Estrasburgo, pastoreando os franceses banidos. O que mais chamava a atenção em Calvino era o modo entusiástico que os franceses ali exilados cantavam salmos quando se dirigiam ao culto.[2] Para os reformadores os cânticos tinham um forte apelo didático, objetivando a fixação das escrituras, sendo assim Calvino não ignorava o poder da música. Para ele apenas a palavra de Deus era digna de ser cantada. O canto congregacional , assim como todo o mais, deveria ser efetuado com verdadeira devoção. Apesar de ser um apreciador da harpa, em sua forma de culto não havia nenhum instrumento musical, as orações eram sugeridas, mas não deveriam ser lidas, ou seja, eram espontâneas. A Palavra de Deus era o elemento central do culto calvinista.[3] Calvino não condenava a voz e o canto, ao contrário até os recomendava desde que acompanhassem o afeto da alma, para ele era importante que os ouvidos não estivessem mais atentos a melodia que a mente ao sentido espiritual das palavras.[4]

Diferente de Calvino, que tirou o uso da música instrumental, harmônica e parafraseada. Lutero concedeu a música, ao lado da teologia, o mais alto patamar. Para ele a música tinha um excepcional poder de mexer com o coração e a mente da pessoa. A intenção de Lutero no que diz respeito a música era fomentar na vida cristão e no culto a Deus uma interação recíproca entre a sofisticação das formas musicais e a simplicidade dos cantos congregacionais.[5] O interesse de Lutero pela música o levou a escrever hinos, canções e em menor escala peças polifônicas. O objetivo dele era seguir o exemplo dos pais da igreja primitiva e compor salmos para o povo em sua própria língua, ou seja, cânticos espirituais, para que a Palavra de Deus estivesse entre as pessoas também na forma de música.[6] Para Lutero a música é criação e dádiva de Deus, que foi dada a humanidade com o propósito especifico de louvor e glorificação do Criador, especialmente por meio da proclamação da sua palavra. Ao unir palavra e música o objetivo de Lutero era que Deus fosse louvado e sua palavra proclamada a todo mundo.[7]

Atualmente o conceito de música nas igrejas visando o louvor a Deus é muito pequeno ou simplesmente não existe. Ao invés de glorificar o criador a criatura prefere ser glorificada. As transformações decorrentes no período da Reforma tiveram como objetivo levar o povo a cultuar a Deus, as composições não focavam bênçãos para a humanidade, mas eram incutidas de profunda devoção a Deus. O mais importante não eram os ritmos e melodias, mas o conteúdo. Contudo, atualmente basta qualquer melodia bem feita para levar multidões a chorar, eles escutam sons, mas ignoram completamente a palavra. Assim como no período dos reformadores, muitas músicas contêm textos bíblicos, a grande diferença está em como eles são usados e para que fins. Hoje, normalmente os fins são para requerimento de bênçãos. A música foi criada por Deus para o louvor, glória, adoração e honra Dele. A Palavra da Verdade tem o poder de convencer o homem de seus pecados e revelar a Ele a grandeza e soberania de Deus, a música é apenas um instrumento pelo qual a palavra pode ser proclamada. Sendo assim, com melodias ou sem melodias, com modéstia ou embelezamento, o que mais importa é um coração quebrantado e disposto a louvar verdadeiramente ao Senhor.

 

Referências Bibliográficas

LEMBO, Cláudio. O pensamento de João Calvino. São Paulo: Mackenzie, 2000. 147 p.

SCHALK, F. Carl. Lutero e a música: paradigmas de louvor. São Leopoldo: Sinodal, 2006. 75 p.

WACHHOLZ, Wilhelm. História e Teologia da Reforma. São Leopoldo: Sinodal, 2010. 176 p.

 

[1] WACHHOLZ, Wilhelm. História e Teologia da Reforma, p.23

[2] LEMBO, Cláudio. O pensamento de João Calvino, p. 51

[3] LEMBO, Cláudio. O pensamento de João Calvino, p. 56,57

[4] LEMBO, Cláudio. O pensamento de João Calvino, p. 60

[5] SCHALK, F. Carl. Lutero e a música: paradigmas de louvor, p. 8,9

[6] SCHALK, F. Carl. Lutero e a música: paradigmas de louvor, p. 31

[7] SCHALK, F. Carl. Lutero e a música: paradigmas de louvor, p. 47

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