História do Cristianismo
em 13 de Novembro de 2019
QUALIDADE MUSICAL NA IGREJA ATUAL
C.F. Assumpção
Diferente dos dias atuais as discussões na igreja primitiva não eram relacionadas a que tipos de instrumentos ou ritmos poderiam ser usados na adoração, pois todos, pode-se dizer eram proibidos devido ao fato de que utilizando-os passariam a ter semelhança com os cultos pagãos.
Avançando-se um pouco na linha histórica chega-se ao período da Idade Média ou Idade das trevas. Neste período surge o canto gregoriano que era cantado em latim, sem acompanhamento de instrumentos musicais e apenas com vozes masculinas. Apesar de ser bonito e dar uma atmosfera de reverência, era impossível que o povo cantasse. Somente após séculos, quando ocorreu a Reforma Protestante, vieram as mudanças na forma de culto e música. Os hinos passaram a ser na língua do povo, com um estilo musical mais popular e com acompanhamento instrumental.
Atualmente, muitas igrejas se enganam buscando freneticamente qualidade musical através de ritmos, vários instrumentos musicais, boa sonorização e emoção. Enfim, as igrejas estão se preocupando em agradar os membros, mas estão se esquecendo de dirigir o louvor a Deus.
Segundo João Alexandre e Luciano Garruti Filho, a música é destinada a vários propósitos. Ela é um meio através do qual se pode expressar sentimentos e pensamentos. Não existe um padrão para o que se deve ouvir ou tocar. Em relação a música, todo estilo musical é válido, ou seja, não existe estilo sagrado ou profano. O louvor a Deus pode ser efetuado com variedade de ritmos e instrumentos, pois o que realmente importa é o verdadeiro louvor que vem de um coração sincero e cheio de amor. Um dos grandes desafios da igreja em matéria de louvor é precisamente praticar o que se canta, e cantar o que se pratica.[1]
No âmbito musical existe outro problema, este não esta relacionado a questão rítmica, instrumental ou sonora, mas a questão emocional. Neste ponto a problemática esta em deixar que as emoções venham a reger o louvor e a adoração. Contudo, quando não é bem manejada a emoção pode levar a histeria na hora da adoração. As emoções servem para enriquecer e não para controlar.[2]
O louvor de uma igreja pode ser prejudicado pelo excesso de sentimentalismo. Músicos dirigidos pela emoção cometem falhas inevitáveis, como por exemplo, a instabilidade no ministério. O sentimentalismo leva as pessoas a optarem apenas por aquilo que lhes agrada, seja na escolha de cânticos, hinos ou estilo musical. Agradar-se a si mesmo passa a ser mais importante do que louvar a Deus. Sentimentalismo não é um erro que apenas músicos cometem, toda a igreja pode cair nele. Muitas pessoas ao ouvirem uma música a consideram maravilhosa não pelo que ela diz, mas sim por sua beleza melódica, instrumental e harmônica. Tais pessoas são levadas pela emoção e são incapazes de perceber os erros doutrinários de algumas canções, ou seja, lhes falta razão. [3]
A qualidade musical na igreja não se resume a bons cânticos, mas ao louvor verdadeiro, de corpo, alma e entendimento. Não adianta uma igreja ter bons músicos, quando estes querem estar na frente da cruz e não atrás dela. Uma igreja onde o louvor é regido somente pela emoção, não pode compreender o que canta e consequentemente não canta o que vive. Uma igreja onde o louvor é regido apenas pela razão, possui corações cauterizados incapazes de sentir o mover de Deus. O cristão precisa ter em mente que apesar de razão e emoção serem coisas distintas precisam estar equilibradas. Pois quando uma música relata a grandeza de Deus e o homem a compreende é impossível a ele conter suas emoções. Deus quer que seu povo o louve com todo o coração independente de ritmos ou instrumentos, pois todas as coisas foram criadas por Ele e para a glória Dele.
Referências Bibliográficas
ALEXANDRE, João e GARRUTI, Luciano. Músico: profissão ou ministério?. São Paulo: VPC Produções e Distribuições, 2007. 79 p.
TESSMANN, Ramon. Louvor e Adoração: um desafio para a igreja de Cristo. Rio de Janeiro: Juerp, 2002. 143 p.
WITT, Marcos. Adoremos. Belo Horizonte: Betânia, 2001. 192 p.
[1] ALEXANDRE, João e GARRUTI, Luciano. Músico: profissão ou ministério?, p. 19.
[2] WITT, Marcos. Adoremos, p. 177.
[3] TESSMANN, Ramon. Louvor e Adoração: um desafio para a igreja de Cristo, p. 109, 110.