A democracia, segundo a visão clássica, é o governo do povo, de todos os cidadãos. Tendo como protótipo a cidade de Atenas, a democracia é má por excesso de liberdade e pode ser classificada como o regime da liberdade bem desenfreada, liberdade pensada pelos modernos como a liberdade individual em sua relação com o Estado, que se concretiza nas liberdades civis e políticas.
Reafirmou-se a partir daí a ideia de que a única democracia compatível com o Estado liberal é a representativa ou parlamentar. Nessa visão a participação é redefinida como expressão da liberdade de eleger representantes e ser eleito, indo além do direito de emitir a própria opinião, reunir-se e manifestar-se politicamente.
Um conceito bastante discutido atualmente e que está na base da política liberal é a meritocracia. Segundo a meritocracia, dadas as mesmas oportunidades, as pessoas se diferenciam por seu esforço pessoal. Busca-se uma igualdade de condições, não de resultados. Mas são ignoradas as diferenças no ponto de partida. Um resultado ruim pode ser consequência de diferenças sociais, e não de desempenho. Assim, nos sistemas de ingresso em universidades públicas, por exemplo, embora sejam adotadas os mesmos critérios de seleção para os diferentes indivíduos, influi no resultado a educação básica a qual cada indivíduo teve acesso, as condições psicológicas e físicas do indivíduo no momento da avaliação, bem como o conforto nos locais de realização das provas.
O liberalismo enxerga o sufrágio universal como ponto de chegada do processo democrático e faz uma crítica à democracia direta. Uma consequência desse regime é que os cidadãos não formulam diretamente as leis, mas concedem aos seus representantes essa prerrogativa. Assim, políticos podem coligar-se com pessoas, grupos e instituições em busca de interesses comuns, não necessariamente em favor da coletividade. Essa coalizão afeta a educação, em detrimento das propostas dos educadores profissionais. A educação passou a ser vista administrativamente, e suas diretrizes passaram a ser aquelas que cooperam para o maior desempenho político-econômico. Criou-se até um sistema de responsabilização, com recompensas e sanções a alunos, profissionais e instituições. Esses fatores, bem como o aumento do sistema de vouchers (ProUni, bolsas) e desvalorização do ensino público apontam para uma apropriação do ensino pela iniciativa privada, pondo em risco a educação universal e gratuita.