Vaso ou Barro, o que eu sou?

Entendendo o período do Barro

Doutorado Diego Do Nascimento Diniz

Jeremias 18. 1 ao 6

palavra do SENHOR, que veio a Jeremias, dizendo:
Levanta-te, e desce à casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras.
E desci à casa do oleiro, e eis que ele estava fazendo a sua obra sobre as rodas,
Como o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer.
Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o Senhor. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel.

Um pouco sobre este autor:

Jeremias do hebraico – Javé estabelece, seu pai era Hilquias. Jeremias foi o autor do livro que leva o seu nome e também foi o primeiro livro bíblico que os críticos não duvidaram de sua autoria, temos também o livro de lamentações que foi escrito por esse servo de Deus.

Jeremias nasceu na cidade de Anatote e estudou muito para ser Sacerdote, mas antes mesmo de seu nascimento Deus o escolhera para ser profeta, vemos nisso a onisciência grandiosa do Senhor de escolher um profeta antes mesmo de seu nascimento.
O chamado deste profeta se deu 70 anos depois da morte de Isaías. Temos como contemporâneos no início de seu ministério os profetas menores Habacuque e Sofonias.

É interessante que em contraste a Isaías que salvou Israel da Assíria, Jeremias tentou salvar Judá da Babilônia, mas não tendo êxito em seu esforço para que isso acontecesse.

Isaías em suas repreensões a Israel escreveu com caneta de fogo, já Jeremias escreveu com lágrimas, por isso também ficou conhecido como “o profeta das lágrimas”.

Seu ministério durou cerca de quatro décadas. Dentre todos os personagens bíblicos especialmente os profetas, sabemos muito mais sobre o caráter de Jeremias do que qualquer outro personagem: Isaías, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amos, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias, Elias, Elizeu, Moisés, Samuel, etc.

Muitas de suas profecias demonstram a sua perseverança na obra do Senhor, seu ministério era bem árduo, suas profecias não eram aceitas pelo reino do Sul, Judá recusava-se a aceitar as suas palavras como mensagem ou advertência de Deus.
Jeremias nunca conseguiu ser popular, tinha um profundo complexo de inferioridade, vivia ansioso para que as suas profecias se cumprissem, tinha combates internos intensos e contínuos, tinha depressão, dúvida sobre seu chamado e falta de esperança.
Jeremias por muitas vezes ficou triste por traição de seus familiares (Jr 11.18 até 12.6).

Jeremias fazia mergulhos introspectivos constantes para análise de qual era o real motivo para o seu chamado ou razão para ele existir, se seu ministério tinha verdadeiramente um significado (Jr 15.10 ate o 21 ), as lutas deste profeta eram constantes contra o desânimo, consequências que refletiam nele pela não aceitação do povo em seu chamado e mensagens de juízo iminente.

Um dos poucos momentos de alívio que este servo de Deus tinha eram os períodos de oração com Deus, em muito das vezes era desanimado e desencorajado em suas responsabilidades na transmissão da profecia, em raras vezes foi encorajado.

Jeremias em muito das vezes nos transmitiu suas preocupações, frustrações e cogitações (Jr 17.12 ao 18). Ao que parece este homem teve apenas três amigos: Aicão.,Gedalias filho de Aicão e Ebede-Meleque além de seu escriba Baruque.

Algumas comparações deste profeta com outros personagens bíblicos:

Da mesma forma a qual este profeta teve um chamado sendo escolhido antes de seu nascimento vemos uma semelhança com o Apóstolo Paulo (Jr 1.5 e Gl 1.15,16 ). Quando Deus toca a boca de Jeremias nos lembramos de Isaías (Jr 1.9 – Is 6.6,7). Já na queixa dele ao não saber falar nos lembramos de Moisés (Jr 1.6 – Ex 4.10).

Alguns ainda comparam a vida de Jeremias com a de Jesus, no sentido de tipo de Cristo no Antigo Testamento. Jeremias foi acusado de traição política, Jesus também, Jeremias foi acusado, aprisionado e julgado além de ser perseguido constantemente, Jesus também (Jr 11.18 ao 23 – 20.1 ao 6 – conferir com Mc 14.53 ao 65).

Além disso, tanto Jeremias e Jesus predisseram a destruição de Jerusalém, e choraram por isso (Jr 25.5 ao 7 – Mt 23.37 ao 39), ambos por incrível que pareça foram rejeitados pelo seu povo (Jr 20.1 ao 3 – 36.32 conferir com João 1.11).

Jeremias foi um dos chamados quatro (4) profetas maiores. Nesse sentido de profeta maior ou menor não esta relacionado a quem foi mais santo ou usado por Deus, não é isso, mas sim devido a extensão de seu livro, quantidade de capítulos e versículos, é nesse sentido que foram cognominados como profetas maiores.

Já no caso se profetas menores esta ligado justamente ao fato de seus escritos serem de menor quantidade em escrita.

No caso de Jeremias ser um profeta maior ele não foi o único, junto a ele também estiveram Isaías, Daniel e Ezequiel. Jeremias tinha um ministério a qual ele pregava para que o povo reconhecesse o seu erro e se convertesse de seus maus caminhos.
Isaías foi o único entre os quatro que não era contemporâneo, ele veio alguns anos antes.

Daniel foi levado como cativo para a babilônia ainda jovem e viveu a sua vida lá desde a sua mocidade até a sua velhice.
Ezequiel alguns anos depois de Daniel ir cativo para a babilônia foi este também levado como escravo, enquanto Deus usava Daniel dentro do palácio de grandes reis, Ezequiel tinha um ministério ativo fora da babilônia.

Jeremias ainda vivia livre já que caiu na graça do Rei Nabucodonosor, pois chegara ao conhecimento deste que Jeremias pregava para o povo não tentar fugir ou se rebelar contra o rei invasor já que esta era a sua missão.

A responsabilidade de Jeremias era apregoar o juízo de Deus pelas mãos dos babilônicos como sendo este povo “O Martelo do Juízo de Deus”.

Jeremias ao início de sua chamada tenta se recusar ao ministério, pois este havia dedicado toda a sua vida aos estudos para se tornar um Sacerdote. Quando Deus o chama ele tem uma dificuldade para aceitar aquilo a qual estava sendo predestinado a fazer, deixaria de ser Sacerdote para ser profeta, um porta voz de Deus a seu povo.

Quando iniciamos o capítulo 18 de Jeremias vemos com clareza que Deus esta, uma vez mais chamando o seu povo ao arrependimento e os compara a barro nas mãos de um oleiro a qual pode fazer o que bem entender com a matéria prima sob sua posse.

Vamos entender coisas significativas nesse capítulo como por exemplo: Vaso ou Barro, o que eu sou?

Para iniciarmos a nossa compreensão substancial, devemos entender que Deus é o Oleiro, o primeiro oleiro do mundo, o primeiro de toda a existência. O mundo, do grego TEBEL, é a sua olaria, Adão é uma prova disso em Gênesis 2.7. Vemos que Deus utiliza da matéria especificamente o barro para modelar Adão do pó da terra.

Gênesis 2.7 - E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.

Formas de Deus Trabalhar

Deus trabalha em conjunto e individual

Igreja do grego Ekklesia significa tirados para fora, ou seja no caso da igreja são pessoas que são tiradas do mundo para se juntar em reunião para adorar a Deus e aprender de sua palavra. Deus tira, salva, resgata pessoas do mundo e as traz para a sua presença, ele tira essas pessoas do mundo individualmente e trabalha com essas pessoas dentro da igreja, como podemos ver nos supramencionados, no mesmo modelo de Adão são todas as pessoas, todos somos barro, e nas mãos do oleiro, podemos ser trabalhados.

Existem 200 tipos de barro no mundo, 8 da para fazer vasos de barro, mas 192 não dá. O mundo é vasto desse material, existe o barro magro (os de maior facilidade para se trabalhar, são pessoas com maior flexibilidade) e o gordo (pessoas mais difíceis de lapidar são pessoas que em muito das vezes já tem uma opinião formada e não aceita outra ou que possa existir a possibilidade de que elas estão erradas).

Esses materiais estão espalhados em todo o mundo, até mesmo em cavernas subterrâneas, (piores lugares a qual o ser humano pode estar no caso de aprofundamentos em pecados mais difíceis de se desligar do tipo drogas, alcoolismo entre outros).

Os barros magros se quebram fácil (fragilidade em sua estrutura), já os gordos é mais fácil de trabalhar (pela quantidade de matéria existente nele, matéria condensada). O barro deve ser macio e maleável. O barro magro vem sem liga (devido a sua grande fraqueza são pessoas que se machucam fácil palavras ficam enterradas em seus corações por muito tempo – é surpreendente como seres humanos conseguem se machucar e ficar feridos por anos mas quando se trata da recusa da palavra, tem-se uma grande facilidade de recusar, diga-se de passagem).

O oleiro tem muito trabalho e poucas ferramentas para concluir a sua obra com perfeição. São muitos desafios a serem conquistados desde o princípio do trabalho até seu término.

Primeiro, o barro tem que ser separado, quando falamos de barro devemos ter em mente que este se encontra em toda a parte do mundo.

O oleiro sai de sua casa e vai até um lugar determinado aonde se encontra tal produto.

Ele leva consigo um carrinho e algumas ferramentas, começa a cavar em busca do barro que ele precisa para fazer seu serviço. Quando ele encontra o barro desejado, coloca-o no carrinho e o traz até a sua olaria. Ao chegar no ambiente de trabalho, ele coloca esse barro em um canto aonde não vai lhe atrapalhar por um período de seis meses. Em toda oportunidade de espaço de tempo que o oleiro ter entre uma obra e outra ele vai até o barro e o pisa e amassa para tirar as impurezas que estão no barro, este material vem cheio de galhos de árvores, gases, pedras, areia e outros resíduos que atrapalham o oleiro.

Assim são os seres humanos quando chegam a presença de Deus cheios de complexos, não me toque, com transtornos obsessivos compulsivos que não querem largar, então é necessário esse tempo de ”seis meses” no canto para serem trabalhados, as pregações e os aconselhamentos servem como lapidações para mudanças necessárias para o próprio bem estar individual da pessoa e para uma melhor convivência social.

Nesse período o Eu da pessoa é transformado, mudado, aqui entendemos como Deus age individualmente na vida das pessoas, nesse processo Deus trabalha de forma totalmente particular nisso vemos que as imundícias que contaminaram essas pessoas são tiradas aos poucos (não no sentido de perdão de pecados porque sabemos que isso é definitivo sobre o ser humano que aceita a Jesus Cristo, mas me refiro ao comportamento que é moldado nessas pessoas).

O barro deve ser molhado para amolecê-lo, para desfazer os torrões através da amassadura das mãos e pés, isso dará liga ao barro.

Um dos cinco (5) símbolos do Espírito Santo é a água, o ser humano como barro e o Espírito Santo como água. Aqui entendemos que devemos ser molhados por ele para ficarmos mais flexíveis e sensíveis a orientação de Deus e aceitação da sua vontade. Ao ficarmos molhados por essa água que é o Espírito Santo temos um amadurecimento espiritual e uma modificação nas atitudes de comportamento, não vamos agir como antes, mas agora com uma consciência limpa de servos de Deus.

Dentro deste processo entendemos o período do tempo a qual Deus trabalha na vida de seus servos individualmente e para o aperfeiçoamento de sua obra, a melhora da igreja tanto local como espiritual.

Nesse período de tempo a qual o oleiro vai trabalhando no barro ele é fortificado, o caráter cristão é formado nos indivíduos durante toda a sua vida, mas esses primeiros momentos vemos uma necessidade particular do tratar de Deus com cada um (aqui compreendemos por exemplo um espaço de tempo a qual a pessoa é um novo convertido, não tem um conhecimento de Deus e há uma lacuna para preenchimento para ser orientado, são os cristãos novos na fé que precisam receber cuidados a base de leite como disse o apóstolo Paulo por mais que esse tempo possa variar, ele existe e é preciso a compreensão e aceitação desse tempo pois é o KAIROS o tempo de Deus e não o CHRONOS tempo do homem o quanto antes haver a aceitação desse tempo melhor será o desenvolvimento do caráter cristão nessa pessoa e será uma arma valiosa para o reino de Deus e a proclamação do evangelho de Jesus Cristo na terra).

Quando o barro vem para as mãos do oleiro ele é posto sobre as rodas e o oleiro tem poucas ferramentas para fazer um trabalho tão árduo e demorado.

Aqui o oleiro trabalha tanto por fora como por dentro do vaso, até que se tenha forma, pois servos de Deus não tem qualquer forma, mas sim uma correta ante a sociedade e a igreja de Deus.

Quando se toma a forma desejada do oleiro (Deus) o vaso é levado ao formo por oito horas seguidas com uma temperatura variada que começa com 200 graus até 900 graus.

Essa é chamada de primeira queima, serve para que o vaso não fique úmido e que não se empene e nem exploda ao sair do forno, isso também ajudara para que o vaso não quebre com facilidade após a primeira queima. Após essa queima o vaso recebe um esmalte que pode ser feita de três formas:

imergindo, pulverizando com pistola ou derramando sobre ele alguma tinta. É interessante que quando pegamos a palavra batismo em grego que seria BAPTISMO ela também tem três significados: imergir, derramar ou aspergir.
Vemos aqui que a grande questão não é a forma que o batismo é feito, mas sim qual é o seu real, o propósito, que é a confissão de fé pública.
 
Após receber o esmalte o vaso volta ao forno com temperatura de 900 graus até 1200 graus por 8 horas seguidas. Depois dessas oito horas o forno é aberto por uma hora para que este esfrie e possa ser retirado o vaso, isso é necessário para que o vaso não receba um choque térmico.

Bibliografia:

http://blog.kleinerschein.com.br/26/passo-a-passo-producao-e-pintura-de-pecas-de-ceramica/
Bíblia de estudos Plenitude