O aprendizado de vocabulário é um dos pilares do domínio de uma língua estrangeira. No caso do inglês, uma das maiores dificuldades enfrentadas por estudantes é manter uma quantidade significativa de palavras ativas na memória de longo prazo. Nesse cenário, a repetição espaçada (em inglês, spaced repetition) se apresenta como uma das estratégias mais eficazes para a retenção vocabular.
A teoria da repetição espaçada foi desenvolvida com base nas descobertas do psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus, que investigou a curva do esquecimento. Seus estudos mostraram que tendemos a esquecer rapidamente o que aprendemos, a menos que revisemos o conteúdo em intervalos crescentes de tempo. A repetição espaçada, portanto, é um método que prevê o reaparecimento de uma palavra no momento ideal para que ela seja relembrada — antes que seja esquecida.
Essa técnica tem sido amplamente aplicada no ensino de inglês por meio de aplicativos como Anki, Quizlet e Memrise, que utilizam algoritmos para calcular automaticamente os melhores intervalos de revisão para cada palavra. O uso desses recursos tem demonstrado ser eficaz não apenas para aumentar a retenção de vocabulário, mas também para consolidar estruturas gramaticais e expressões idiomáticas.
Segundo Paul Nation (2001), um dos maiores estudiosos do ensino de vocabulário, para que uma palavra seja internalizada, é necessário encontrá-la em diferentes contextos e revê-la em vários momentos. A repetição espaçada permite que esse processo aconteça com mais eficiência, criando condições cognitivas ideais para a fixação dos itens linguísticos.
Além disso, o método favorece a autonomia do aprendiz. O estudante pode adaptar o conteúdo das revisões às suas necessidades, focando no vocabulário mais relevante para sua realidade. Isso torna o processo mais personalizado e, consequentemente, mais eficaz.
Contudo, é importante ressaltar que a repetição, por si só, não garante compreensão. Para que o vocabulário se torne verdadeiramente ativo, ele precisa ser utilizado em contextos comunicativos. A repetição espaçada deve ser, portanto, combinada com leitura, escuta e produção em inglês, de forma que o aluno veja a palavra funcionando em situações reais e significativas.
Em resumo, a repetição espaçada é uma estratégia cientificamente embasada e altamente eficiente para a memorização de vocabulário no aprendizado do inglês. Sua aplicação sistemática, aliada a contextos comunicativos autênticos, pode acelerar significativamente o domínio do léxico da língua inglesa.
Referências
EBBINGHAUS, Hermann. Memory: A Contribution to Experimental Psychology. New York: Teachers College, Columbia University, 1913.
NATION, Paul. Learning Vocabulary in Another Language. Cambridge University Press, 2001.
BROWNE, Charles; CULLIGAN, Brent; PHILLIPS, Joseph. The New General Service List. 2013.