O papel da música no aprendizado do inglês

Conversação Básico Gramática Intermediário Ensino Fundamental Avançado Reforço Escolar Tradução Ensino Médio Adolescentes Vestibular TOEFL Negócios Viagens e Turismo IELTS aprendizado de inglês música e linguagem ritmo linguístico parser entoacional listening prosódia Entonação Compreensão auditiva input Vocabulário

Limites e possibilidades

Resumo

Este artigo investiga a eficácia do uso da música como ferramenta para o aprendizado da língua inglesa. Embora o uso de canções seja amplamente difundido em contextos educacionais informais, argumenta-se que seu impacto direto na aquisição da fluência é limitado. A análise destaca a importância do ritmo natural da fala no desenvolvimento da competência comunicativa e sugere que a musicalidade das canções, ao distorcer a entonação natural da língua, pode comprometer o desenvolvimento de habilidades essenciais como listening e speaking.


A utilização da música no processo de aprendizagem de línguas estrangeiras é um recurso frequentemente recomendado por professores e plataformas de ensino. De fato, é possível afirmar que canções em inglês proporcionam ganhos pontuais no que se refere à aquisição de vocabulário, à familiarização com certas estruturas gramaticais e à internalização de padrões de pronúncia. Contudo, é preciso observar que o impacto real desse tipo de exposição na progressão rumo à fluência costuma ser superestimado por estudantes e educadores.

Estudos em linguística aplicada e aquisição de segunda língua (L2) apontam que o domínio da fluência requer não apenas a memorização de palavras e frases isoladas, mas o desenvolvimento de uma sensibilidade aguçada ao ritmo, à entonação e à prosódia da língua-alvo (Field, 2008). Tais elementos — especialmente o ritmo — são indispensáveis para a compreensão oral e a produção espontânea da linguagem. No entanto, o que caracteriza a música, enquanto manifestação artística, é justamente a sua liberdade estética para alterar o ritmo e a melodia natural das línguas. Isso implica que a exposição a músicas, por mais prazerosa que seja, não necessariamente contribui para o desenvolvimento de habilidades comunicativas reais (Murphey, 1990).

A título de analogia, é possível mencionar uma experiência comum no Brasil: a mudança do número de dígitos nos telefones celulares. Quando os números passaram de oito para nove dígitos, alguns falantes optaram por manter a cadência antiga ao dizer os números (por exemplo, dizendo "9" separado, como nove – 9999 – 8888), enquanto outros incorporaram o novo dígito à cadência, falando os números em grupos de três. Essa pequena mudança de ritmo foi o suficiente para causar estranhamento e dificuldades de reconhecimento entre os interlocutores. A comparação evidencia como alterações no ritmo podem comprometer a compreensão, mesmo em contextos de domínio total da língua.

Essa questão do ritmo está diretamente relacionada à atuação do parser entoacional — um dos mecanismos cerebrais responsáveis por processar a prosódia de uma língua, funcionando em conjunto com os parsers sintático e semântico (Cutler, Dahan & van Donselaar, 1997). O parser entoacional exige uma exposição intensa e consistente ao ritmo natural da língua para ser calibrado corretamente. Quando a exposição ocorre por meio de músicas que distorcem esse ritmo, o desenvolvimento desse mecanismo pode ser prejudicado.

Portanto, embora o uso de músicas possa ser um complemento agradável ao estudo da língua inglesa, ele não deve ocupar um papel central na rotina de aprendizagem de quem deseja alcançar a fluência. O aprendizado eficaz demanda a escuta de materiais que reproduzam o ritmo e a entonação naturais da língua, como textos com áudio, diálogos autênticos, podcasts voltados para nativos e materiais de séries cuidadosamente selecionados.


Considerações finais

A música pode funcionar como um elemento motivador, tornando o contato com a língua mais prazeroso e emocionalmente significativo. No entanto, para o desenvolvimento da fluência e da compreensão auditiva profunda, é necessário priorizar recursos que reproduzam fielmente a melodia natural da língua inglesa. Assim, o estudo por meio da música deve ser visto como uma estratégia auxiliar, e não como eixo central de uma metodologia de aprendizado eficaz.


Referências bibliográficas

  • Cutler, A., Dahan, D., & van Donselaar, W. (1997). Prosody in the comprehension of spoken language: A literature review. Language and Speech, 40(2), 141–201.

  • Field, J. (2008). Listening in the Language Classroom. Cambridge University Press.

  • Murphey, T. (1990). Song and Music in Language Learning: An Analysis of Pop Song Lyrics and the Use of Songs and Music in Teaching English to Speakers of Other Languages. Peter Lang Publishing.

  • Nation, I. S. P. (2001). Learning Vocabulary in Another Language. Cambridge University Press.

Encontre o professor particular perfeito

Tutoria com Inteligência Artificial

Tecnologia do ChatGPT. Use texto, áudio, fotos, imagens e arquivos.

Artigos similares