Resumo
Este artigo discute o desequilíbrio comum na rotina de estudos de estudantes de inglês em nível intermediário, que tendem a dedicar tempo excessivo ao estudo de regras gramaticais em detrimento da exposição contínua ao idioma. Com base em teorias contemporâneas sobre aquisição de segunda língua, argumenta-se que, após certo ponto, é mais produtivo consolidar estruturas já conhecidas por meio do input significativo do que continuar ampliando o repertório gramatical com tópicos avançados e raros.
Um dos equívocos mais frequentes entre estudantes de inglês de nível intermediário é insistir em aprender gramáticas cada vez mais específicas e raras, como se essas fossem o caminho mais rápido para a fluência. O que ocorre, na prática, é que esses alunos acabam investindo a maior parte de seu tempo em explicações técnicas e exercícios descontextualizados, negligenciando aquilo que realmente promove a fluência: o contato intenso e constante com o idioma em uso.
Stephen Krashen (1985), com sua Teoria da Aquisição da Linguagem, afirma que a verdadeira aquisição de um idioma acontece quando o aprendiz é exposto a input compreensível — ou seja, conteúdos ligeiramente acima de seu nível atual de compreensão. Filmes, séries, livros, podcasts e vídeos em inglês, quando usados de forma ativa e estratégica, são fontes riquíssimas desse tipo de input. Além disso, como reforça Nation (2007), a frequência e a repetição de estruturas e vocabulário em contextos reais é o que permite que a linguagem se consolide no cérebro de forma duradoura.
Isso não quer dizer que a gramática deva ser abandonada. Pelo contrário, entender as estruturas da língua pode ajudar na organização mental e no reconhecimento de padrões. O ponto central é o equilíbrio: no nível intermediário, estudar gramática deve ocupar no máximo 20% da rotina de estudos. O restante do tempo deve ser voltado ao consumo significativo de inglês real. Afinal, é nessa exposição cotidiana que as regras se revelam naturalmente, em contextos diversos, com entonações, intenções comunicativas e variações autênticas.
O foco, portanto, precisa mudar. Em vez de buscar sempre a próxima regra gramatical, o estudante intermediário precisa se perguntar: "O que eu já sei e ainda não consolidei?" A resposta a essa pergunta aponta diretamente para o que deve ser priorizado. Como argumenta Thornbury (2006), a fluência vem mais da automatização do que da análise. Consolidar o que já foi aprendido — ouvindo, lendo, repetindo, falando — é o que realmente transforma conhecimento passivo em habilidade ativa.
Referências bibliográficas
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Krashen, S. D. (1985). The Input Hypothesis: Issues and Implications. Longman.
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Nation, I. S. P. (2007). The Four Strands. Innovation in Language Learning and Teaching, 1(1), 1–12.
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Thornbury, S. (2006). An A-Z of ELT: A Dictionary of Terms and Concepts. Macmillan.