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em 03 de Janeiro de 2024
Introdução
Em 1956, os médicos suíços Andrea Prader, Heinrich Willi e Alexis Labhart descreveram uma síndrome genética que dispunha-se como anomalia congênita e multissistêmica, essa síndrome nomeada como Síndrome de Prader-Willi (SPW), insere-se na categoria de doenças raras . A SPW afeta todos os gêneros em um complexo e variado quadro de sintomas. A busca pelo diagnóstico precoce, busca promover a maior qualidade de vida para os pacientes, principalmente em relação a obesidade. Nos casos de diagnóstico tardio, uma série de cuidados devem ser iniciados imediatamente.
Genética e fisiopatologia
Essa síndrome é causada pela ausência de expressão do gene paterno na região cromossômica 15q11.2-q13c. Nessa região, existem genes ativos com expressão exclusivamente paterna, enquanto esses mesmos genes no alelo materno são inativados por mecanismos epigenéticos e não são expressos em indivíduos com SPW. Existem três classes principais de anormalidades cromossômicas que levam à SPW: deleção (ocorre em 65%-75% dos afetados), dissomia uniparental materna (ocorre em 20%-30% dos afetados) e erro de imprinting (ocorre em 1%-3% dos afetados).
Vários genes são afetados nessa síndrome, dentre eles o SNORD 116, que é expresso nos centros hipotalâmicos de controle do apetite. A exclusão desse gene causa deficiência de pró-convertase 1, que, por sua vez, pode explicar as principais alterações hormonais encontradas na SPW:
Portanto, os indivíduos com PWS desenvolvem disfunção hipotalâmica que pode levar a vários distúrbios endócrinos.
Aspectos clínicos
As manifestações clínicas da SPW apresentam grande variabilidade na expressão clínica e variam de acordo com a idade de apresentação.
Diagnóstico
A hipótese diagnóstica pode e deve ser levantada pelo médico não especialista a partir dos aspectos clínicos, observando atentamente as características do paciente de acordo com a sua faixa etária e devendo, a partir da presença de das dismorfias características, informar ao paciente e/ou a sua família sobre a hipótese da SPW e sugerir o encaminhamento ao geneticista para posterior teste genético (análise de metilação do DNA ou FISH) e adesão ao tratamento, a fim de promover o máximo de cuidado e atenção no intuito de fornecer o máximo de qualidade de vida a esses pacientes.
Tratamento
É necessária a ação conjunta de uma equipe multiprofissional para o tratamento da SPW, haja vista a sua ação multissistêmica, sendo importante a ação do médico geneticista, do nutricionista, psicólogo e demais profissionais que possam realizar o devido tratamento mediante problemas que o paciente possua ou desenvolva ao longo da sua vida. Primeiramente, o cuidado volta-se para alimentação eficiente no primeiro ano de vida da criança e mais adiante serão mantidos esforços para controlar a hiperfagia, que leva à obesidade. Em alguns casos há a utilização do hormônio do crescimento para amenizar a baixa estatura. Logo, é importante proferir que cabe à equipe multiprofissional desenvolver um tratamento eficaz e individualizado, de acordo com os sinais, sintomas e resultados dos exames do paciente, na busca pelo melhor prognóstico.
Afinal, qual o papel do médico não-especialista nessa síndrome?
É imprescindível que o médico generalista possua conhecimento e segurança para observar as características fenotípicas da SPW, no intuito de prover uma hipótese diagnóstica o quanto antes. Logo, sabe-se que ao deparar-se com um paciente que possua algumas das características clínicas descritas anteriormente, de acordo com a faixa etária do paciente e evolução do quadro clínico, deve-se comunicar aos pais ou responsáveis como proceder para a realização de consulta com geneticista para confirmação do diagnóstico, além de fornecer o apoio emocional e todas as informações importantes para o momento, na busca por amparar a família e desenvolver o melhor plano de tratamento possível.
O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.