MICROBIOLOGIA ORAL E IMUNOLOGIA
Por: Leonardo S.
24 de Janeiro de 2022

MICROBIOLOGIA ORAL E IMUNOLOGIA

O BÁSICO QUE TODO ESTUDANTE DE ODONTOLOGIA DEVE SABER!

Odontologia Imunologia Patologia Microbiologia

Escopo da microbiologia: 


- Áreas: básica ou aplicada (Aplicada → odontologia → tratamentos e testes diagnósticos) 

- As duas principais categorias de microrganismos são denominadas microrganismos acelulares (também denominados partículas infecciosas) e microrganismos celulares. Os microrganismos acelulares incluem os vírus e os príons. Os microrganismos celulares incluem todas as bactérias, todas as arqueanas, algumas algas, todos os protozoários e alguns fungos.

- Os microrganismos que causam doença são conhecidos como microrganismos patogênicos. Aqueles que não causam doença são chamados não patogênicos.

- Os microrganismos individualizados só podem ser observados por meio de vários tipos de microscópios.

 

Relações ecológicas: 


- Simbiose é definida como a vida conjunta ou íntima associação entre dois organismos diferentes (normalmente duas espécies diferentes).

- Comensalismo é a relação simbiótica benéfica a um dos simbiontes e sem consequência (isto é, nem benéfica ou danosa) ao outro.

- Mutualismo é uma relação simbiótica benéfica a ambos os simbiontes (isto é, a relação é mutuamente benéfica).

- Áreas do corpo em que reside a maioria da flora endógena: pele, boca, ouvidos, olhos, trato respiratório superior, trato gastrointestinal e trato geniturinário.

 

Microbioma oral: 


- A anatomia da cavidade oral (boca) permite o abrigo de numerosas bactérias anaeróbicas e aeróbicas. Os microrganismos anaeróbios crescem nas margens da gengiva, no sulco gengival e nas dobras profundas (criptas) na superfície das tonsilas. As bactérias prosperam especialmente bem nas partículas de alimentos e nos resíduos de células epiteliais mortas ao redor dos dentes. Os resquícios de alimentos na superfície e entre os dentes proporcionam um rico meio nutriente para o crescimento de muitas bactérias da cavidade oral. A falta de cuidado na higiene bucal permite o crescimento dessas bactérias, levando ao desenvolvimento de cárie dentária, gengivite (doença da gengiva) e doenças periodontais mais graves.


- Várias espécies de estreptococos α-hemolíticos constituem os microrganismos mais comuns na flora endógena da boca.


- A lista de microrganismos isolados da boca de pessoas saudáveis inclui bactérias gram-positivas e gram-negativas (cocos e bacilos), espiroquetas e, algumas vezes, leveduras, organismos semelhantes a fungos, protozoários e vírus. As bactérias incluem espécies de Actinomyces, Bacteroides, Borrelia, Corynebacterium, Fusobacterium, Haemophilus, Lactobacillus, Neisseria, Porphyromonas, Prevotella, Propionibacterium, Staphylococcus, Streptococcus, Treponema e Veillonella. Os microrganismos mais comuns da flora oral consistem em várias espécies de estreptococos α-hemolíticos. A bactéria mais frequentemente implicada na formação de placa é o Streptococcus mutans.

 

Antagonismo microbiano:


A expressão antagonismo microbiano significa “microrganismos versus microrganismos” ou “microrganismos contra microrganismos”. Muitos microrganismos de nossa flora endógena são benéficos, impedindo que outros microrganismos colonizem um local anatômico específico ou se estabeleçam nele. Evidências indicam que a flora endógena proporciona fonte constante de irritantes e antígenos que estimulam o sistema imunológico. Este fato acarreta resposta mais rápida do sistema imunológico, produzindo anticorpos contra invasores e substâncias estranhas, o que, por sua vez, aumenta a proteção do corpo contra patógenos. A simples presença de um grande número de microrganismos em certos locais anatômicos é benéfica, impedindo a colonização por patógenos.

 

Biofilmes: 


Na natureza, os microrganismos são frequentemente organizados em comunidades complexas e persistentes chamadas biofilmes, constituídos por inúmeros microrganismos. Na realidade, é raro encontrar um nicho ecológico onde apenas um tipo de microrganismo esteja presente, ou onde somente um microrganismo cause um efeito particular. Os biofilmes bacterianos estão praticamente em todos os lugares; os exemplos incluem a placa dentária. Os biofilmes foram implicados em doenças, tais como endocardite, fibrose cística, infecções da orelha média, cálculos renais, doença periodontal e infecções da próstata. As bactérias nos biofilmes estão protegidas dos antibióticos e de determinados tipos de mecanismos de defesa do hospedeiro.

 

Diagnóstico


As amostras clínicas usadas para se diagnosticar as doenças infecciosas devem ser da melhor qualidade possível. Os métodos imunológicos são úteis no diagnóstico microbiológico para identificar micro-organismos e detectar anticorpos em fluidos corporais do paciente (p. ex., soro, saliva), especialmente quando o micro-organismo não pode ser cultivado em meios laboratoriais.

 

Mecanismos de defesa do hospedeiro 


Definição: maneiras pelas quais o organismo se protege dos patógenos – podem ser imaginados como um exército entrincheirado, com três linhas de defesa. As duas primeiras linhas de defesa são inespecíficas; isto é, elas são direcionadas contra qualquer substância estranha que penetre no nosso organismo. Por outro lado, a terceira linha de defesa é específica. Na terceira linha de defesa (ou mecanismos específicos de defesa do hospedeiro), proteínas especiais denominadas anticorpos são geralmente produzidas pelo organismo em resposta à presença de substâncias estranhas. Essas substâncias estranhas são denominadas antígenos, porque estimulam a produção de anticorpos específicos; eles são substâncias “geradoras de anticorpos”. Os anticorpos produzidos são bastante específicos, de modo que eles somente reconhecem e se ligam ao antígeno que estimulou sua produção.

 

1ª | A pele e a mucosa intactas servem como mecanismos inespecíficos de defesa do hospedeiro, funcionando como barreiras físicas ou mecânicas contra patógenos. A secura, a acidez e a temperatura da pele inibem a colonização e o crescimento de patógenos; a transpiração os elimina. A viscosidade da mucosa serve como um mecanismo inespecífico de defesa do hospedeiro, aprisionando os patógenos. Ela também contém substâncias tóxicas, tais como lisozima, lactoferrina e lactoperoxidase. O revestimento mucociliado das células epiteliais no trato respiratório direciona a poeira e os microrganismos aprisionados para a nasofaringe, onde eles são engolidos ou eliminados.

 

2ª |  Transferrina, febre, interferons, sistema complemento, inflamação e fagocitose são todos parte da segunda linha de defesa. A transferrina serve como um mecanismo de defesa do hospedeiro ao privar os patógenos do ferro. As substâncias que estimulam a produção de febre são chamadas de pirógenos ou substâncias pirogênicas. A febre pode diminuir a velocidade de crescimento de certos patógenos e pode até matar alguns, especialmente os fastidiosos. Os interferons são pequenas proteínas antivirais produzidas pelas células infectadas pelos vírus. Eles interferem com a replicação viral. As proteínas do sistema complemento (coletivamente denominadas componentes do complemento) interagem entre si de maneira ordenada, conhecida como cascata do complemento – um mecanismo inespecífico de defesa do hospedeiro que participa da destruição de diferentes patógenos. Opsonização é o processo pelo qual a fagocitose é facilitada pela deposição de opsoninas (p. ex., anticorpos ou certos componentes do complemento) na superfície de partículas ou células. As proteínas de fase aguda, ou citocinas, são mediadores químicos liberados de muitos tipos celulares diferentes no corpo humano. Elas atuam como mensageiros químicos, permitindo que as células se comuniquem umas com as outras. Os três principais acontecimentos na inflamação aguda são a vasodilatação, o aumento da permeabilidade dos capilares e o escape dos leucócitos dos capilares.

 

3ª | O sistema imunológico é considerado um mecanismo específico de defesa do hospedeiro e a terceira linha de defesa. Antígenos são moléculas que estimulam o sistema imunológico a produzir anticorpos. Anticorpos são proteínas produzidas pelo sistema imunológico em resposta aos antígenos. As principais funções do sistema imunológico são diferenciar entre “próprio” e “não próprio” (algo estranho) e destruir aquilo que é não próprio.

A imunidade que resulta da produção ativa ou do recebimento de anticorpos protetores durante a vida é chamada de imunidade adquirida. A imunidade adquirida pode ser resultado de um acontecimento natural ou artificial. Os anticorpos que nos protegem de uma infecção ou reinfecção são chamados anticorpos protetores. A imunidade que resulta do recebimento de uma vacina é chamada de imunidade artificial ativa.

 

Os dois principais tipos de células T são as células T auxiliares e as células T citotóxicas. As respostas imunológicas ocorrem em muitos locais no corpo, incluindo baço, linfonodos, tonsilas e adenoides. O processamento dos antígenos T dependentes requer a participação de células T auxiliares, assim como macrófagos e células B. As células T auxiliares não estão envolvidas no processamento de antígenos T-independentes; somente as células B são necessárias. As células que secretam anticorpos são chamadas plasmócitos; elas são derivadas das células B. A resposta inicial a um antígeno é chamada resposta primária, enquanto uma resposta subsequente ao mesmo antígeno é referida como resposta secundária, anamnéstica ou de memória.

 

Normalmente, os anticorpos são muito específicos, ligando-se somente ao determinante antigênico que estimulou a sua produção. Um anticorpo é uma imunoglobulina que possui determinada especificidade para um antígeno.

Um monômero se assemelha à letra Y. Ele consiste em duas cadeias pesadas, duas cadeias leves, dois locais de ligação ao antígeno e uma região FC. A combinação de um anticorpo e um antígeno é chamada de complexo antígeno-anticorpo, complexo Ag-Ac ou complexo imunológico.

As cinco classes de imunoglobulinas são: 

 

IgA: A classe predominante de imunoglobulina na saliva, lágrimas, fluido seminal, colostro, leite materno e secreções da mucosa do nariz, pulmões e trato gastrintestinal. Nas secreções, a IgA está principalmente presente como IgA secretora (sIgA), um dímero que contém uma proteína adicional chamada componente secretor. Aparentemente, o componente secretor facilita o transporte da sIgA pelas secreções e pode proteger a molécula de IgA de danos enzimáticos no interior do trato gastrintestinal. Protege aberturas externas e mucosas da ligação, colonização e invasão de patógenos. A IgA no colostro e no leite materno ajuda a proteger os recém-nascidos. No intestino, a IgA se liga aos vírus, às bactérias e aos protozoários, como a Entamoeba histolytica, e impede que os patógenos se fixem à superfície da mucosa, impedindo assim a invasão.

 

IgD: Encontrada em grandes quantidades na superfície das células B. Sua função é desconhecida, mas é possível que as moléculas de IgD, na superfície da célula B, atuem como receptores de antígenos e determinem a qual antígeno a célula B é capaz de responder.

 

IgE: Em indivíduos atópicos, a IgE é produzida em resposta aos alergênios. Encontrada na superfície de basófilos e mastócitos. Desempenha papel importante nas respostas alérgicas. (Basófilos são granulócitos que circulam no sangue. Os mastócitos são morfologicamente semelhantes aos basófilos, mas eles são encontrados nos tecidos – especialmente nos tecidos que circundam os olhos, nariz, tratos respiratório e gastrintestinal.)

 

IgG: A única classe de imunoglobulina que pode atravessar a placenta. Os anticorpos IgG maternos que atravessam a placenta ajudam a proteger o recém-nascido durante seus primeiros meses de vida. IgG ligada ao antígeno pode se ligar e ativar o complemento, processo conhecido como “fixação do complemento”. As moléculas de IgG podem se ligar a uma grande variedade de receptores celulares para promover fagocitose e citotoxicidade dependente de anticorpos. Como resultado das células de memória, altos níveis de IgG são produzidos muito rapidamente (dentro de um a três dias), durante a resposta secundária aos antígenos (descrito anteriormente). Os anticorpos IgG são duradouros; às vezes, persistem por toda a vida do indivíduo.

 

IgM: omo um pentâmero possui 10 locais de ligação ao antígeno, potencialmente, a IgM pode se ligar a 10 determinantes antigênicos idênticos. Teoricamente, uma molécula de IgM pode se ligar a 10 partículas virais separadas, impedindo assim os vírus de se ligarem às células-alvo. Os anticorpos IgM são os primeiros anticorpos a se formarem na resposta primária contra antígenos (incluindo patógenos), embora posteriormente os anticorpos IgG se tornem a classe mais prevalente. Os anticorpos IgM são relativamente de curta duração, permanecendo na circulação sanguínea por apenas alguns meses. Em razão de seu grande tamanho, a IgM não atravessa a placenta. Proporciona proteção nos estágios iniciais da infecção. Bactericida contra bactérias gram-negativas. A IgM é a imunoglobulina mais eficaz na fixação do complemento (ligação ao complemento).

 

As respostas imunológicas mediadas por células envolvem muitos tipos celulares e citocinas; os anticorpos estão raramente envolvidos. As células T citotóxicas e NK destroem células estranhas, células do hospedeiro infectadas por vírus ou bactérias e células tumorais. 

 

As técnicas de imunodiagnóstico são procedimentos laboratoriais que usam os princípios da imunologia para diagnosticar doenças.

Detectar anticorpos contra um determinado patógeno em um espécime clínico pode representar infecção presente, infecção passada ou vacinação prévia contra o patógeno. O valor das técnicas de detecção de anticorpo pode ser melhorado pela detecção específica de anticorpos IgM ou pelo uso de soros pareados (i. e., soro agudo e convalescente). O reagente usado para detectar antígenos contém anticorpos e é chamado de antissoro. O reagente usado para detectar anticorpos contém antígenos. Testes usados para se determinar que uma reação antígeno-anticorpo ocorreu incluem técnicas de aglutinação, precipitação, imunofluorescência e ensaios de imunossorvente ligado à enzima.







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