Pâncreas endócrino: insulina e diabetes mellitus
em 01 de Janeiro de 2022
A hipertensão arterial (HA) é uma condição crônica definida por valores persistentemente elevados de pressão arterial (PA) que, se não devidamente controlada, gera repercussões sistêmicas causadas por lesões estruturais e/ou funcionais a órgãos-alvo (LOA). É o principal fator de risco modificável para eventos cardiovasculares (IAM) e cerebrovasculares (AVE).
Classificação da PA (em consultório) de acordo com Diretriz Nacional de Hipertensão Arterial:
PAS/ PAD Classificação
< 120 e < 80 Ótima
120-129 e 80-84 Normal
130-139 e/ou 85-89 Pré-HA
140-159 e/ou 90-99 HA estágio I
160-179 e/ou 100-109 HA estágio II
≥ 180 e/ou ≥ 110 HA estágio III
≥ 140 e ≤ 90 Sistólica isolada
Prevalência: a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2013 revelou que 21,4% dos brasileiros adultos relataram ser hipertensos, mas, ao usar medidas aferidas de PA e uso de medicação anti-hipertensiva, essa prevalência chegou a 32,3%. Sabe-se que o gênero masculino é mais suscetível que o feminino e, para toda a população, quanto maior a idade maior a prevalência, chegando a 71,7% para maiores de 70 anos. Segundo as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão de 2020, das mortes de 2017 (1.312.663), 27,3% foram por DCV. As DCV representam 22,6% das mortes prematuras (entre 30-69 anos) do país, e no período de 2008-2017 foram estimadas 667.184 mortes atribuíveis a HAS.
Fatores de risco: gênero masculino, dieta inadequada, tabagismo, sedentarismo, consumo de bebidas alcoólicas, uso de medicações e drogas que podem elevar a pressão, como inibidores de monoaminoxidase, simpaticomiméticos (descongestionantes nasais), antidepressivos tricíclicos, hormônios tireoidianos, anti-inflamatórios não esteroidais, glicocorticoides, ciclosporina. Drogas ilícitas como MDMA, cocaína, anfetamina e maconha. Por fim, existe grande correlação entre hipertensão e outros fatores de risco modificáveis para DCV, a saber: DM e DLP.
HAS primária e secundária: a forma primária de hipertensão, a mais comum, possui etiologia multifatorial, como por exemplo, a interação entre fatores genéticos e hábitos de vida inadequados. Entretanto, cerca de 5-10% apresentam a forma secundária, na qual é possível identificar o fator gerador ou agravante da pressão arterial (PA) elevada, que será passível ou não de tratamento. Dentre as causas mais comuns de hipertensão secundária, destacam-se a doença renal parenquimatosa, a hipertensão renovascular, o hiperaldosteronismo primário e a apneia obstrutiva do sono, entre outras. Quando esse fator é corrigido, a HA pode ser curada ou amenizada na dependência da presença de componente primário da hipertensão ou grau de comprometimento de órgãos-alvo.
O tratamento da HAS visa reduzir os riscos cardiovasculares, a mortalidade, reduzindo ou prevenindo as LOA, além do controle de outros fatores de risco e comorbidades. Objetivo: a meta pressórica é manter a pressão abaixo de 140 x 90 mmHg e, em pacientes com muitos fatores de risco CV, lesões em órgãos-alvo ou múltiplas comorbidades (principalmente diabete melito), a meta deve ser mais radical, de 130 x 80 mmHg.
Não farmacológico: perda de peso, dieta DASH, dieta pobre em sódio (idealmente < 1,5 g/dia), rica em potássio, atividades físicas e redução da ingestão de álcool (máximo 1 dose/dia para mulheres e 2 doses/dia para homens).
Farmacológico: em pacientes com hipertensão arterial (HA) estágio I, o tratamento poderá ser iniciado com monoterapia ou combinação de fármacos. Em HA estágios II e III, dar preferência à combinação de medicamentos.
- 1ª linha: bloqueadores de receptores de angiotensina (BRA), inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA), antagonistas de canal de cálcio (ACC) e diuréticos (DIU).
- Quando necessário, o quarto fármaco: espironolactona.
- Betabloqueadores (BB) geralmente reservados a situações especiais (doença arterial coronariana ou insuficiência cardíaca congestiva associadas).
Exames fundamentais para avaliação inicial dos pacientes com HAS:
Urina 1, potássio plasmático, Cr plasmática, TFG, GJ, perfil lipídico, ácido úrico e ECG.
Exames de rotina em pacientes com HAS: Hemograma, GJ, perfil lipídico, Na, K, ácido úrico, Cr, urina 1 e ECG.